O Poderoso Chefão (1972-2022)
A cerimônia da entrega do Oscar deste ano, realizada no último domingo e transmitida para boa parte do planeta Terra, terá como marca o tapa de Will Smith no comediante Chis Rock. Justo ou não, pela ofensa recebida pela esposa, a também atriz, Jada Pinkett, uma curva fora da reta, de alguma forma tirou o foco de alguns importantes acontecimento daquela noite, tais como: o Oscar de melhor ator para o próprio Smith (muito justo, por sinal, sobretudo pelo conjunto da obra); o Oscar de melhor canção de Billie Eilish, trilha sonora do mais recente filme de 007; e a presença encantadora, no encerramento da cerimônia, de Liza Minelli, em cadeira de rodas, que ao lado de Lady Gaga, anunciou o prêmio de melhor filme para “Coda – No ritmo do coração”.
O tapa de Will Smith, também, por pouco não ofuscou um dos momentos mais enigmáticos da solenidade. Refiro-me à homenagem aos 50 anos da primeira exibição da trilogia “, contando no palco com a presença de três grandes nomes do cinema mundial: Francis Ford Coppola (diretor da série), Al Pacino e Robert De Niro. Só faltou mesmo, e não poderia ser diferente, Marlon Brando (1924-2004). Eu estava deitado na rede, mas confesso que quando eles entraram em cena, por muito pouco eu também levantei com o público e os aplaudi de pé.
Originalmente publicado em 1969, pelo escritor Mario Puzo (1920-1998), “O poderoso chefão”, o romance gira em torno da história de uma família mafiosa siciliana, enraizada nos Estados Unidos na América. Nascido em Nova Iorque, mas descendente de imigrantes italianos, Puzo, baseou a obra na vida real, retratando a saga dos Corleone, entre os anos 1945 e 1955. O livro até hoje está entre os mais lidos no mundo e chamou a atenção de Hollywood.
Em 1972, Francis Ford Coppola adaptou o livro para o cinema. Com duas sequências: 1974 e 1990. Todos, com grande repercussão e sucesso até a presente data. Lembro de ter visto o primeiro ainda adolescente e depois os dois outros, tornando a revê-los na fase adulta, mais maduro e ciente da importância cultural da história, mesmo sabendo que uma parte dos críticos encaram os filmes como apologia à violência, típica dos norte-americanos.
Há quem diga também que o melhor dos três foi o primeiro, este que hoje celebramos os 50 anos de estreia. A começar pelo grande elenco, destacando as atuações de Don Corleone (Marlon Brando) e Michael (Al Pacino), só para dar uma ideia do que representou o filme para aquela época e sua atemporalidade. Marlon Brando esteve impecável, encarnando como ninguém um impiedoso chefão da máfia e ao mesmo tempo um pai de família e avô amoroso.
Com a morte natural do personagem Don Corleone, e saída de cena de Marlon Brando, Al Pacino não deixou por menos, se destacando à altura nas sequências. Entretanto, os grandes prêmios ficaram mesmo com primeiro da série (1972), com 9 Oscar, 1 BAFTA (Reino Unido), 6 Globos de Ouro, 1 Grammy e Prêmio David di Donatello (Itália).
Entretanto, esta matéria não estaria completa se não desse o devido destaque à trilha sonora, de modo particular à clássica canção de Nino Rota (1911-1979), Oscar em 1973. O tema de “O poderoso chefão” reúne graça, força e melancolia, a meu ver, as três grandes características do filme, em todas as suas edições. Até hoje, me pego assobiando a música.