ÍNDIOS EM SERGIPE, POR ANE MECENAS

 

 

   

    Quando o assunto é indígena, Sergipe tem um destaque todo especial e particular, sobretudo quando nos referimos a estudos realizados e publicados a respeito nos últimos anos. Nesse sentido, ressalto os seguintes trabalhos: O elemento indígena em Sergipe (Felte Bezerra, 1983); A missão indígena do Geru (1973), Índios e brancos em conflito pela posse da terra, (Aldeia de Água Azeda – século XIX, 1976), História dos grupos indígenas e fontes escritas: o caso de Sergipe (1987), A tupimania na historiografia sergipana (1987), Os índios em Sergipe (1991), todos de Beatriz Góis Dantas; também dela, em parceria com Dalmo Dallari, Terra dos índios Xocó: estudos e documentos (1980); Indígenas de Sergipe Colonial: os Cariri (Francisco José Alves, 2003); Aldeamentos indígenas em Sergipe Colonial: subsídios para a investigação de Arqueologia Histórica (2004) e Os índios em Sergipe oitocentista: catequese, civilização e alienação de terras (2015), ambos de Pedro Abelardo de Santana; História e cultura dos povos indígenas na formação de professores em pedagogia na Universidade Federal de Sergipe (Tathiana Santos Soares, 2018). Sem deixar de mencionar, Kléber Rodrigues, Diogo Francisco Cruz Monteiro, com a publicação de alguns artigos em parceria ou em separado.

    Pesquisas valiosas que têm lançado luzes sobre a história e a cultura indígenas em Sergipe, contribuindo para, inclusive, não somente fazer memória a esses povos que desde a conquista do Estado quase que foram dizimados por completo, mas também para desfazer equívocos, estereótipos e mesmo pontar aspectos específicos, a exemplo do processo de evangelização e conversão implementados pela Igreja Católica nos primeiros séculos da história sergipana. Nesse campo, destaco a trajetória e o valoroso trabalho de pesquisa histórica de Ane Luíse Silva Mecenas.

Ane Luíse Silva Mecenas é sergipana, natural da cidade de Aracaju, cujos pais são de São Domingos. É uma das mais bem-sucedidas egressas da Universidade Federal de Sergipe (UFS), ao lado de seu esposo, também professor e historiador, Magno Francisco de Jesus Santos. Ambos, residem atualmente em Natal, Rio Grande do Norte. Ela, atuando no Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Caicó-RN). 

Na UFS, fez o Curso de Licenciatura em História (2005), o Bacharelado em História (2010) e a Pós-graduação em Ciências da Religião (2008). Ainda em Sergipe, na UNIT, fez Especialização em Planejamento e Gestão de Projetos Sociais (2007) e Aperfeiçoamento em Culturas e Histórias dos Povos Indígenas, pelo Programa Universidade Aberta do Brasil / UFS, UAB/ UFS.

Ane Mecenas é Doutora em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2017) e Mestre em História pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal da Paraíba (2011). Além de pesquisadora associada aos seguintes grupos de pesquisa: Jesuítas nas Américas, Arte, Cultura e Sociedade no Mundo Ibérico (séculos XVI ao XIX) e ao Grupo de Pesquisa História da Educação no Nordeste (GPHEN). E sócia do THE RENAISSANCE SOCIETY OF AMERICA (A Sociedade da Renascença da América, fundada em 1954). 

    O interesse pela cultura indígena e sua relação com a Igreja Católica estão entre os principais temas de pesquisa de Ane Mecenas, com inúmeros trabalhos publicados. Destes, quero destacar: Conquistas da fé na gentilidade brasílica: a catequese jesuítica na aldeia do Geru (1683-1758), de 2016; Evocação ao céu: o discurso jesuítico presente nos adornos da Igreja do Geru (2016); Trato da perpétua tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro da América portuguesa (2020). Em todos eles, publicados pelas editoras sergipanas EDISE e CRIAÇÃO, a autora tece um estudo de fôlego, bem fundamentado e com uma linguagem bastante clara e acessível, com especial atenção à necessidade de dar voz e visibilidade aos indígenas, seja a partir dos desdobramentos da missões religiosas, notadamente a partir da catequese dos Kiriri, ampliando, significativamente seu escopo analítico em  “Trato da perpétua tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro da América portuguesa”.

    Por essas e demais razões que o espaço limitado do presente texto não me permite arrolar, que Ane Luíse Silva Mecenas inscreve seu nome, em definitivo, entre as mais importantes historiadoras sergipana de nosso tempo, não somente pelo volume e qualidade da obra, mas também pela aguçada capacidade investigativa e uma vida e trajetória acadêmica voltadas para a maestria em tudo que se propõe a fazer a colaborar.

Autor

Claudefranklin Monteiro Santos

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