Prefeitura de Itabaiana corta árvores de avenida e deixa população revoltada

Por Joângelo Custódio, repórter AJN1

 

É cada vez mais raro encontrar uma árvore viçosa em meio à vastidão da selva concreta dos centros urbanos. Em tempos de midiáticas campanhas em prol da preservação ambiental no combate ao efeito estufa, responsável pelo atroz aquecimento global, virou tarefa penosa sair à rua, debaixo de um sol agreste, e não ter a opção de se refugiar à sombra de um tesouro verde chamado árvore. 

Em Itabaiana, município situado no Agreste sergipano e não tão distante de Aracaju, apenas 58 quilômetros, a população ainda se pergunta estarrecida o porquê da Prefeitura da cidade, através da Secretaria de Obras, ter levado ao chão na última terça-feira (25), cinco árvores quase centenárias da avenida Otoniel Dórea, no Centro Comercial, conhecidas pelo garboso sombreamento. 

O ato gerou grande alarido nas redes sociais e chegou até o Ministério Público Estadual, através de ação movida por populares. Um verdadeiro bombardeio de críticas lançadas ao vento com direção certeira ao prefeito Valmir de Francisquinho (PR) e seu secretário de Obras, Moacir Santana.

O morador Ricardo Otaviano, que presenciou a derrubada das árvores, disse que é contrário à ação. Para ele, falta diálogo da Prefeitura com o povo itabaianense quando o assunto é meio ambiente. “Isso é um crime que não pode, jamais, acontecer. Certamente o prefeito fez isso para se mostrar, para dizer que está fazendo um bom trabalho, mas que trabalho?”, questiona, com ar de insatisfação.

Fabiana Carla também ficou estupefata e cobrou explicações do prefeito. “Acho que a prefeitura deveria esclarecer à população sobre a real necessidade de exterminar essas árvores. A ideia que se divulga boca a boca é de que estão retirando-as para replantar outras ornamentais. Mas acredito que se não há uma necessidade real da retirada, isso se configura como crime ambiental, tendo em vista a história que elas carregam. Além disso, há o desequilíbrio ambiental causado. Pois todos sabem que ali é o refúgio de vários pássaros no final da tarde”.

Há também quem seja a favor da derrubada. João dos Santos disse acreditar que as árvores estavam podres e corriam o risco de desabarem e colocar pessoas em perigo. “Veja bem, o prefeito fez isso, acredito eu, porque elas estão meio que podres. Se for por isso, o corte está correto, senão a árvore pode cair em cima da gente”, defendeu ele.

Sem respostas

A equipe da AJN1 tentou entrar em contato na quarta-feira (26) e quinta-feira (27) com a Prefeitura e a Secretaria de Obras para esclarecer os fatos, mas ninguém atendeu às ligações. Procurado pela reportagem, Valmir de Francisquinho não estava com o número de celular acessível.

 

Fotos: Divulgação