PIX/WhatsApp: entenda melhor as novas ferramentas de pagamento

Por Wilma Anjos

A chegada de novos sistemas de pagamento como o PIX e WhatsApp Pay tem descomplicado o uso das transações bancárias e os pagamentos online. Sucesso absoluto, somente em seu primeiro dia de operação, em novembro de 2020, o PIX bateu Facebook, Instagram e WhatsApp em números de cadastros. Segundo dados do Banco Central (Bacen), em junho deste ano ele já possuía mais de 92 milhões de pessoas físicas e mais de 6 milhões de empresas cadastradas. Além disso, desde o início do ano, já era o tipo de transação mais realizada no país, maior que TED e DOC somados. Mais recente, os pagamentos pelo WhatsApp Pay, do aplicativo de bate-papo mais usado pelos brasileiros, começou a cair no gosto das pessoas. Porém, é preciso ter cuidado para não ficar no prejuízo. No caso de um pagamento via PIX, diferente do cartão de crédito, não há possibilidade de estorno, salvo se quem recebeu quiser fazer a devolução.  Sobre as vantagens e desvantagens dessas novas ferramentas fomos ouvir o empresário e professor-Mestre Mário Eugênio, coordenador de pós-graduação em cursos na área de Gestão na Universidade Tiradentes (Unit). Sobre o WhatzApp Pay ele acredita que a adesão tende a crescer em breve, devido à facilidade de manuseio e segurança do iniciador de pagamentos. O WhatsApp Pay tem algumas semelhanças com o PIX – como as transferências e pagamentos 24h por dia, sete dias por semana e sem cobrança de taxas. Ele diz que é possível fazer até 20 transações por dia, de até R$ 1 mil em cada operação, com teto de R$ 5 mil por mês. Os bancos devem estar credenciados à ferramenta para que os usuários consigam ativar o serviço. O professor traz mais detalhes sobre essa nova maneira de transação e como enxerga o futuro das agências bancárias físicas. Acompanhe a entrevista:

 

Correio de Sergipe: O que é WhatsApp Pay e como funciona?

Mário Eugênio: O WhatsApp Pagamentos é uma nova forma de transferir dinheiro, ou seja, é mais um recurso para as pessoas fazerem transações (transferências ou pagamentos).

Por enquanto essa transação só está liberada para pessoas físicas, isso quer dizer que funciona apenas de CPF para CPF e não pode enviar para pessoa jurídica (empresas).

Para poder fazer isso, deve-se cadastrar um cartão de débito, ou um cartão múltiplo com função débito ou um cartão pré-pago, emitido por um dos bancos credenciados. As bandeiras aprovadas são Visa e Mastercard.

 

CS: Qual a diferença entre ele e o PIX?
ME: O PIX é basicamente o mesmo serviço, transferência de valores, mas está liberado para todas as instituições e pessoas. O WhatsApp está mais restrito, porém certamente terá a amplitude do PIX.

Por enquanto, quem ganha em uso é o PIX, pois já tem mais tempo no mercado e as pessoas já confiam. Além do mais, a chave do PIX pode ser até seu número de telefone, mas também depende da vinculação de uma instituição financeira. A [vinculação] do WhatsApp depende de um cartão. Tanto PIX quanto WhatsApp Pay o dinheiro transferido ou pago entra na hora.

 

CS: Existe um limite diário de movimentação?

ME: Sim. No WhatsApp é possível fazer até 20 transações por dia, de até R$ 1 mil em cada operação, com teto de R$ 5 mil por mês.
Em relação ao PIX, o Banco Central definiu que os valores de transferência não podem ser inferiores a 50% do limite disponibilizado para a TED ou a 100% do limite de compras para o cartão de débito do cliente. Ou seja, o valor depende de cada cliente.

 

CS: A plataforma de bate-papo virou um banco digital?

ME: Não, ela adicionou mais um serviço e continua com todas as outras funções.

 

CS: Com tanta opção de cartão de crédito, por que aderir à novidade?
ME:
Ela é prática, rápida e segura e não é obrigado estar com o cartão de crédito na carteira.

 

CS: Existe uma média de quantos sergipanos usam o novo recurso? Ele já caiu na graça do brasileiro?

ME: Este serviço é recente e ainda não temos dados sobre esta utilização. Mas acredito que deverá ser bem utilizada pela praticidade e porque, com a pandemia, as pessoas passaram a utilizar mais os recursos tecnológicos e as transações de e-commerce aumentaram consideravelmente.

 

CS: Você acha que o brasileiro é mais conservador em suas transações, mantendo-se fiel às agências físicas?

ME: Acredito que o brasileiro está migrando aos poucos para a virtualização dos serviços. O maior exemplo é que os próprios bancos incentivam isso. Lógico que o serviço presencial ainda será bastante utilizado, mas a tendência é diminuir ainda mais com o tempo.

 

CS: Essa forma de operação não interfere nas vagas de trabalho em agências físicas?

ME: Não, pois o serviço presencial atende a determinadas questões que uma simples transferência não atenderá.

 

CS: São trasações seguras? Casos de clonagem de WhatsApp já foram registrados.

ME: O serviço iniciou há poucos dias e ainda não temos notícias de fraudes. Além disso, o WhatsApp defende que as transferências entre contas bancárias são feitas com segurança. O serviço de pagamentos no WhatsApp é habilitado pelo Facebook Pay e pelo Facebook Pagamentos (entidade autorizada pelo Banco Central), e processado pela Cielo no Brasil.

 

CS: Dá para tirar proveito da ferramenta nos negócios?

ME: Por enquanto terá de esperar, mas certamente é a mesma usabilidade do PIX. Transferência de dinheiro como forma de pagamento.

 

CS: O que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGDP) fala sobre isso?

ME: A LGPD defende a proteção dos dados de qualquer cliente, independente do serviço que está sendo prestado e empresa que está oferecendo. O WhatsApp tem de proteger os dados de quem utiliza ou não o serviço de transferência. Ou seja, quem não utiliza este serviço tem de ter seus dados protegidos da mesma forma. A Lei é genérica e não especifica este serviço, mas ela contempla o mesmo.

 

CS: Qual a maior vantagem de fazer transferências pelo aplicativo?

ME: A praticidade e rapidez.

CS: Não tem nenhuma desvantagem? Qual o grau de risco de golpistas interceptarem as transações no aplicativo?

ME: O risco é o mesmo de qualquer outra transação bancária, com o agravante de mais pessoas terem facilidade de utilizar o WhatsApp.  Mas o risco é o mesmo. No WhatsApp o indicado é as pessoas terem dupla confirmação de acesso. Tem como configurar isso. Antes mesmo de disponibilizar o serviço, o WhatsApp já tinha orientado as pessoas a colocarem dupla confirmação de acesso. Então as pessoas têm que ter atenção de qualquer forma. A partir do momento que você habilita o celular, você pode fazer a dupla confirmação. Quem tiver acesso ao celular já cadastrado nesse serviço, vai ter também essa possibilidade [de confirmação de dois fatores nas configurações]. Os riscos continuam os mesmos. As pessoas precisam ficar atentas e é fato que nem todo mundo fica antenado nessa questão de segurança, quando repetem senha em mais de um local, usam data de nascimento, número de identidade, o que facilita a invasão do aparelho. E se for furtado, então! Facilita tranquilamente.