Pesquisadora da UFS lança livro sobre a Aracaju da 2ª Guerra Mundial e os cinemas da época

 

Uma viagem à Aracaju de 1942 para conhecer os costumes e o cotidiano da população daquela época, tendo como linha condutora a II Guerra Mundial e os torpedeamentos feitos pelos alemães na costa sergipana. E, ainda, saber como os filmes produzidos à época nos Estados Unidos e exibidos nos cinemas Rio Branco, Guarany, Rex, São Francisco e Vitória (na capital sergipana), ajudaram a explicar para os sergipanos o que estava acontecendo no mundo.

Esses são dois temas abordados no livro “De Holywood a Aracaju”, da professora doutora e pesquisadora da UFS, Andreza Maynard, que será lançado na próxima quinta-feira (23), às 10h, pela Funcap, no Corredor Cultural. Fruto da tese de doutoramento da pesquisadora na Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), a obra está dividida em quatro capítulos e analisa: o impacto que a 2ª Guerra Mundial causou à capital sergipana; os cinemas existentes na cidade entre as décadas de 1930 e 1940; a censura e a Segunda Guerra na programação dos cinemas locais; e a narrativa dos principais filmes antinazistas produzidos pelos Estados Unidos.

Esses filmes tiveram o papel pedagógico de explicar os motivos da guerra e como agia Adolf Hitler, o inimigo comum das Nações aliadas: Estados Unidos, França, Inglaterra, União Soviética e, mais tarde, Brasil. O ponto de partida para o estudo foi o torpedeamento de três navios mercantes na costa sergipana pelo submarino alemão U-507, na região de Aracaju, em agosto de 1942. Este fato fora, inclusive, decisivo para que o Brasil aderisse à Guerra. No dia 15 de agosto foram afundados os navios Baependi e Araraquara, com um saldo de 401 mortos. No dia seguinte o alvo foi o navio Aníbal Benévolo, e 150 pessoas morreram.

No mês seguinte ao torpedeamento, em setembro de 1942, os primeiros longas-metragens e filmes comerciais, sobretudo os classificados como antinazistas, começam a ser exibidos nos cinemas aracajuanos, dentre eles “O grande ditador” (lançado em 1941), “Confissões de um espião nazista” (de 1939) e “Nossos mortos serão vingados” (de 1942), películas que, de acordo com a doutora Andreza Maynard, apresentavam detalhes da constituição física e psicológica dos agressores da Pátria.

De acordo com pesquisadora, o comportamento social dos aracajuanos, naquele período, contou com situações que foram registradas somente em Sergipe. “O então governador, Augusto Maynard, autorizou o Estado a pagar ingressos de cinema para os servidores públicos, principalmente os das forças de segurança, para que tivessem ciência do que era a guerra. Nas páginas dos jornais onde as sessões dos filmes eram divulgadas também havia textos/crônicas abordando a situação, o que ajudava a população a entender o confronto, uma prática não realizada em outros Estados”, observa a professora Andreza Maynard.

Escrito em uma linguagem simples, “De Holywood a Aracaju” apresenta ao leitor uma série de imagens como mapas, fotografias dos cinemas e cenas dos filmes analisados. A obra possui pesquisas realizadas em arquivos de jornais, revistas, filmes, relatórios oficiais e depoimentos, bem como o olhar de autores que, de alguma forma, ajudaram a pensar a narrativa apresentada pelo livro, a exemplo do memorialista sergipano Murilo Melins. A publicação do livro “De Holywood a Aracaju” foi possível graças ao apoio financeiro do Edital de Premiação de Artes Visuais e Literatura nº.05/2020, por meio da Lei Aldir Blanc.

Sobre a autora

Andreza Santos Cruz Maynard é Doutora em História e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita, e Pós-doutora em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. É professora de História do Colégio de Aplicação/UFS e integra o quadro permanente de docentes do Mestrado Profissional em Ensino de História da mesma instituição. É membro do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq); do Comitê Editorial dos Cadernos do Tempo Presente (Qualis A3 para História); do Conselho Consultivo do Boletim do Tempo Presente; e editora-chefe da revista Boletim Historiar (Qualis A4 para História).

Fonte: Assessoria de Imprensa