PC prende suspeitos de falsificar certidões de nascimento para emissão de RG

Da redação, AJN1

Dois homens, suspeitos de integrar um grupo criminoso especializado na falsificação de certidões de nascimento para a emissão de carteiras de identidade, foram presos na manhã de hoje (11), na operação “Polifemo”. A ação foi deflagrada pela equipe da Delegacia Regional de Capela, com o apoio do 9º Batalhão da Polícia Militar (BPM), do Núcleo de Investigação do Instituto de Identificação e da Divisão de Inteligência e Planejamento Policial (Dipol).

De acordo com o delegado Wanderson Bastos, o Instituto de Identificação verificou um derrame de identidades falsas em cidades do interior de Sergipe, sendo que em Capela havia uma concentração maior. Os levantamentos apontaram que os documentos estavam sendo obtidos através de certidões de nascimento falsas, tendo como beneficiárias pessoas com 60 anos de idade ou mais, que estavam buscando a primeira RG.

“Pessoas que haviam nascido em Itabaiana, nas décadas de 50, 40, e que vinham agora no ano de 2000 para cá tirar a primeira RG com uma certidão de nascimento emitida em Santo Amaro, Comarca da Barra dos Coqueiros, sendo que Santo Amaro não pertence a Comarca da Barra. Ficando evidente a falsificação para a produção de uma nova documentação falsa”, explicou o delegado.

Pelo que foi apurado, cerca de 200 carteiras de identidade foram solicitadas a partir da atuação do grupo criminoso, sendo que a maioria não chegou a ser entregue aos solicitantes. “O Núcleo de Inteligência do Instituto de Identificação constatou um derrame de identidade falsas em algumas cidades do interior de Sergipe, mas de forma concentrada em Capela”, disse Wanderson Bastos, acrescentando que as fraudes indicam que o grupo criminoso estaria tentando obter vantagens tanto na emissão de benefícios financeiros, quanto de viés político na região.

“Tudo que levantamos nos leva a crer que essa avalanche de falsificação tinha como objetivo fraudes previdenciárias e, muito provavelmente, ampliação da base eleitoral de um determinado grupo político local. Mas tudo isso virá à tona de forma mais concreta a partir da análise que será feita pela inteligência em face dos equipamentos eletrônicos que foram apreendidos”, revelou o delegado.

Os suspeitos serão indiciados pelos crimes de organização criminosa, falsificação de documento público, corrupção ativa e corrupção passiva. Já as pessoas que se utilizem desses documentos poderão responder pelo crime de uso de documentação falsa. As investigações prosseguem no sentido de identificar outras pessoas que possam estar envolvidas com o esquema de falsificação de documentação para obtenção de carteiras de
identidade falsas.

Operação

A operação foi batizada de “Polifemo” inspirada em um personagem da mitologia grega. “Um ciclope, enganado por Ulisses, que disse que seu nome era ninguém, foi vítima de um crime, que ficou impune, pois, quando perguntado o que estava acontecendo, ele disse que estava sendo assassinado por ‘ninguém’. Então a ausência de identidade possibilitou a prática de um crime que ficou sem resposta. Nesse caso, o uso de identidade falsa estava possibilitando a prática de diversos crimes”, narrou o delegado.

*Com informações da SSP