Migração: Superbactéria KPC é identificada nos hospitais Primavera e Cirurgia
O secretário de Estado da Saúde, José Sobral, reuniu nesta sexta-feira (4), os gestores de todas as unidades hospitalares que possuem Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), públicas, filantrópicas e privadas, para apresentar um plano de enfrentamento à bactéria multirresistente Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC), que tinha apenas se manifestado no hospital João Alves Filho, agora se espalhou às redes privada e filantrópica de saúde.
No Hospital Primavera, a KPC foi detectada há pouco mais de uma semana, confirmando a sua presença em 11 pacientes. Desses, dois morreram. Já no Hospital de Beneficência de Cirurgia, a descoberta da bactéria foi feita há mais de um mês e, nesse período, cinco casos foram contabilizados.
“Queremos passar para a população a sensação de segurança e mostrar o nosso plano de contingência que foi elaborado desde o mês de abril deste ano, quando identificamos que no Hospital de Urgências de Sergipe a existência dessa bactéria super-resistente. Implementamos um trabalho, um sistema de controle que foi eficiente. Nos últimos 70 dias não apresentou novos casos, tivemos identificado apenas um caso colonizado esta semana e temos seis pacientes contingenciados”, disse Sobral.
As redes privadas e filantrópicas, explica o secretário, começaram a apresentar essa bactéria, fato alertado à Vigilância Sanitária do Estado pelos respectivos hospitais e que não há relação entre eles.
“Nós identificamos que não há relação entre os pacientes do Huse com dos hospitais privados. Rastreamos os pacientes para saber se eles haviam entrado no Huse e vice-versa. Essa relação não ocorreu, foram outros meios de contaminação. Partindo desse princípio, reunimos hoje os diretores de todos os hospitais públicos e privados para socializar as práticas adotadas no Hospital de Urgência e as diretrizes da Vigilância Sanitária Estadual como um protocolo a ser seguido para que a gente mantenha sob controle essa bactéria”, expôs.
Hospital Primavera
A diretora do Hospital Primavera, Madeleine Ramos, disse que os dois pacientes que vieram a óbito estavam com a bactéria KPC e outras bactérias resistentes. “Foram dois óbitos de pacientes de longa permanência no hospital, que tinham outras bactérias, então não temos como informar se foi a bactéria que levou os dois a óbito”, afirma ao lembrar que a bactéria KPC vive no intestino dos seres humanos.
“A KPC pode desenvolver a resistência a vários antibióticos em pacientes de longa permanência em UTI. Todos pacientes com KPC positiva tiveram passagem na UTI, são todos pacientes com complexidade maior, que já utilizaram muitos antibióticos, e esses pacientes foram separados para que não aconteça o contágio com os que não tem a bactéria”, explica.
Hospital Cirurgia
O diretor do Cirurgia, Dr. Wagner Andrade, disse que foram cinco casos de pacientes infectados com a KPC, mas até esta sexta, apenas um caso de paciente positivo na UTI geral e dois colonizados na Unidade de Contenção.
“Temos 17 leitos de enfermaria que estão servindo de Unidade de Contenção. Todo paciente proveniente de outro hospital, chega nessa enfermaria, é feita a cultura para verificar se há a presença de bactérias resistentes, não apenas a KPC, e depois de três dias sai o resultado do exame. Todo paciente colonizado e com infecção entra no isolamento de contato”, ressalta ele.
Plano de Contingência
Durante a reunião, foi apresentado um Plano de Contingência para Resistência Microbiana. De acordo com a Infectologista e Coordenadora de Controle de Infecção e Segurança de Pacientes do hospital João Alves, as bactérias resistentes já são uma realidade enfrentada nos hospitais no mundo inteiro e não há como evitá-las, já que são os antibióticos que tornam essas bactérias resistentes. Sergipe é um dos últimos estados do país a registrar a presença da KPC.
O plano de contingência também orienta aos profissionais de saúde a fazer o monitoramento constante dos pacientes e adotar medidas simples de higiene, como lavar bem as mãos, ter cuidado com o contato, desinfetar bem os equipamentos, material e o ambiente são medidas simples que evitam as infecções.
Registros
Os primeiros casos de KPC no HGJAF foram detectados no final de maio. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, foram 38 pacientes com KPC, 10 tiveram infecção e 28 colonizados. Foram seis óbitos de pacientes infectados e nove de pacientes colonizados. Hoje na UTI são seis pacientes colonizados e três na Unidade de Contenção. O Hospital passou cerca de 30 dias sem nenhum caso novo e esta semana uma nova pessoa apresentou exame positivo para KPC.
Ao todo, 20 pacientes com KPC tiveram alta, destes quatro retornaram à unidade de saúde. Por conta disso, estas unidades apresentaram casos de KPC. O Hospital de Itabaiana, Estância, Hospital de Cirurgia e Hospital Universitário (HU) registraram um caso cada, oriundos do hospital João Alves.
O secretário de Estado da Saúde, José Sobral / Foto: Marco Vieira