Mesmo com pico de internações, Governo decide afrouxar horário do toque de recolher

Da redação, AJN1

O governador Belivaldo Chagas decidiu manter, durante reunião com o Comitê Técnico-Científico e de Atividades Especiais (Ctcae) nesta quinta-feira (15), a prorrogação das medidas restritivas dos últimos decretos estaduais até o dia 22 de abril. Fica mantido o toque de recolher em todos os dias da semana, mas a novidade é o afrouxamento do horário que agora abrange o período das 22h até às 5h do dia seguinte, e não mais das 20h às 5h.

Ao encurtar o horário do toque de recolher, o governador cai em contrassenso com os critérios escolhidos anteriormente, além de não observar, de forma pormenorizada, o atual cenário pandêmico em Sergipe. Isso porque nos últimos dias, conforme o Boletim da Secretaria de Estado da Saúde, houve um aumento vertiginoso no número de novos casos de contaminações e óbitos. Nessa quarta-feira (14), por exemplo, foi o dia de maior pico em internações, segundo a secretária de Estado da Saúde, Mércia Feitosa.

Conforme o decreto, que entra em vigor nesta sexta-feira (16), os estabelecimentos deverão encerrar suas atividades às 21h para garantir o deslocamento dos seus colaboradores às suas residências. As medidas serão válidas até o dia 22 de abril, data prevista para a próxima reunião do Comitê Técnico-Científico.

Em entrevista à uma TV local, Mércia Feitosa disse que reconhece o número exacerbado de novos casos e mortes, inclusive o pico de internações registrado ontem, mas mesmo assim defendeu o afrouxamento do toque de recolher porque, segundo análise do Comitê, está havendo redução na velocidade de novas contaminações semana a semana.

“Fizemos a mesma metodologia com a apresentação dos dados, seja de internação de uma forma geral, leitos SUS, leitos rede privada, internação em UTI e enfermaria, o número de casos novos, o índice de transmissão do vírus dessa semana e os óbitos. No diálogo dessa apresentação, nesse cenário vemos que ainda está com alta na transmissibilidade e aumento de casos, inclusive na última semana e também ontem tivemos o pico de internações. Após toda essa análise epidemiológica, que vem balizando as decisões do Comitê, a gente chega à conclusão de que não tem como modificar as regras restritivas nesse momento. As regras estão na tentativa de conter essa transmissibilidade. Percebemos também que, a cada semana, a velocidade de ocorrências de casos vem reduzindo. Em algumas semanas, tínhamos aumento de casos em torno de 15%, em outra semana baixou para 10% e 6%. Apesar de estarmos com um número elevado de casos, entendemos que essa redução da velocidade e da ocorrência de novos casos começam a sinalizar, pode não estar na perspectiva que nós queríamos, mas começam a dar um retorno. Se temos retorno, entendemos que não há como fazer grandes mudanças. O que a gente teve de mudança foi ampliar somente o horário do toque de recolher”, avaliou a gestora.

Ocupação de leitos

Até às 15h desta quinta-feira, a taxa de ocupação dos leitos de UTI na rede pública estava em 91,4%, totalizando 210 pacientes. Há 14 dias, portanto, no dia 1º de abril, essa mesma taxa estava em 90,7%. Já a rede privada, atualmente se encontra em pleno colapso: 104,6% de ocupação, com 183 pessoas, há 14 dias eram 109,6%. Vale frisar que a rede pública e o sistema privado aumentaram o número de leitos de UTI nesse período: o governo passou de de 227 para 229; a rede particular de 167 para 192.

Demais medidas

Permanece vigente a vedação ao funcionamento de atividades não essenciais no fim de semana (sábado e domingo), englobando todas as atividades e lojas, ainda que instaladas em supermercados ou outros estabelecimentos essenciais, bem como as academias de ginásticas, de qualquer modalidade, e atividades físicas coletivas em geral.

Continua mantida, também, a autorização para funcionamento dos serviços de entrega em domicílio (“delivery”) e retirada (“takeaway”) de bares, restaurantes e estabelecimentos similares durante todos os dias da semana (incluindo sábado e domingo), admitidos, no período do toque de recolher, somente os serviços de entrega em domicílio.

Boletim

Até essa quarta-feira, foram registrados 965 novos casos e 28 mortes que estavam em investigação e foram confirmadas. Em Sergipe, 186.983 pessoas já testaram positivo para a Covid-19 e 3.849 morreram. Até o momento, 170.788 pacientes foram curados.

Vacina

A SES já distribuiu o total de 268.415 doses da primeira remessa aos municípios, destas foram aplicadas 260.630. Referente à segunda dose, foram distribuídas 160.251, sendo aplicadas 78.497 doses.

 

Texto atualizado às 15h54 para acréscimo de informações.