Inaugurada em Sergipe a maior termoelétrica a gás da América Latina, com capacidade instalada de 1.551 MW
Da redação, Joangelo Custódio
O Complexo Termoelétrico Porto de Sergipe I, com capacidade instalada de 1.551 MW, a maior termoelétrica a gás da América Latina, situada no município de Barra dos Coqueiros, foi oficialmente inaugurada no início da tarde desta segunda-feira (17), com a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro, do diretor-presidente das Centrais Elétricas de Sergipe, Pedro Litsek, do governador do Estado, Belivaldo Chagas, além de ministros, deputados e senadores.
O investimento no Complexo Termoelétrico Porto de Sergipe I é o maior já realizado pela iniciativa privada no Estado. Os recursos aportados, da ordem de R$ 6 bilhões, são oriundos dos acionistas Ebrasil e Golar Power e de instituições financeiras internacionais, ou seja, não foram ocupadas as linhas de crédito brasileiras.
De acordo com o presidente Bolsonaro, um empreendimento desse porte representa a confiabilidade do setor privado internacional na economia brasileira. “Israel é um Estado menor do que Sergipe, mas o Brasil é uma enormidade e sempre me falavam: ‘olha o que eles têm e nós não temos’, ‘olha o que nós temos e nós não somos’, é um exemplo da minha vida pública o Estado de Israel. E vejo aqui, em parte, no nosso querido Estado de Sergipe, uma semelhança muito grande. Vem investimento de fora, mas para isso, você tem que fazer com que eles confiem na gente, caso contrário, os investimentos não virão para cá. Nós sabemos que o nosso orçamento é carimbado, comprometido com despesas obrigatórias, sobra muito pouco para que cada ministro consiga puxar um pouco mais desse orçamento para que se consiga fazer alguma coisa, e a iniciativa privada tem sido a nossa grande aliada nessa questão. Temos feito o possível para fazer muito mais. O Brasil tem tudo para ser uma grande nação”, destacou o presidente.
De forma sucinta, Belivaldo lembrou do empenho das lideranças políticas sergipanas para trazer o empreendimento para Sergipe. “Quero fazer um agradecimento especial a todos que fazem a Celse e dizer ao presidente da Celse da minha satisfação de ter participado desde as primeiras discussões, afinal de contas, eu estive vice-governador do então governador Marcelo Déda, estive vice-governador do então governador Jackson Barreto e agora, na condição de governador, participei desse processo desde o primeiro momento e vi o entusiasmo de Marcelo Déda e o entusiasmo de Jackson Barreto para que pudesse chegar a este momento que estamos hoje, momento extremamente importante para Sergipe, para o Nordeste para o Brasil. Ter um empreendimento em terras sergipanas no valor de seis bilhões é engrandecedor, é de se fazer com que a gente aumente cada vez mais a nossa autoestima. Quero agradecer também ao governo federal a todos os eventos realizados quando o assunto é gás. O governo tem nos ajudado”, disse.
Mais eficiente do planeta
O diretor-presidente das Centrais Elétricas de Sergipe, Pedro Litsek, que gerencia o Complexo Termoelétrico, disse que a usina é a mais eficiente do planeta.
“Estamos na maior usina termoelétrica da América Latina. Foram três anos de obras, fruto de trabalho de dezenas de empresas, mais de oito mil colaboradores que passaram por essa obra. Desses, quase 70% oriundos de Sergipe. Em nome da diretoria e dos acionistas da Celse, registro agradecimento a essas pessoas. Essa usina é uma das mais eficientes do planeta. Sergipe nos recebeu de braços abertos, apoiando e contribuindo para o sucesso que alcançamos”, sublinhou Litsek, durante o discurso.
De acordo com ele, foram investidos R$ 6 bilhões numa usina com capacidade de 1551 MW, capaz de atender 15% da demanda de energia do Nordeste. “As turbinas a gás consomem 6,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia, dos 21 milhões que podem ser regaseificados em nosso navio regaseificador. A eficiência global é de 62%, um recorde. A usina é um marco importante para o mercado elétrico e para o setor de gás brasileiro, por se tratar do primeiro terminal GNL privado no modelo de negócio LNG. O aumento da participação das energias renováveis nas matrizes elétricas é uma tendência mundial e o Brasil está numa posição de vanguarda, graças a sua matriz elétrica 83% renovável”.
Litsek foi categórico ao afirmar que as energias intermitentes precisam do suporte de uma fonte segura, flexível e disponível para o setor elétrico. O gás natural, diz ele, chamado de combustível de transição, se encaixa como combustível relevante tanto pelo seu menor impacto ao meio ambiente, como pela sua flexibilidade. “É um complemento perfeito para matrizes elétricas com inserção crescente de renováveis. O fato dessa usina estar localizada no Nordeste, região que conta com 15 mil MW de geração de energia eólica, aumenta a sua importância estratégica. As cargas de GNL recebidas pela Celse são as primeiras importações desse energéticos por uma empresa privada, um passo importantíssimo na direção do novo mercado de gás”.
O executivo também destacou que o terminal da Celse, quando conectado à rede de gasodutos, vai fornecer gás natural para a indústria, impulsionar o desenvolvimento regional, gerar emprego e renda para a população. “Através deste terminal, será possível retirar gás natural liquefeito e transportá-lo para outros locais, fomentando o movimento de interiorização do gás no Brasil. O desenvolvimento de uma frota de caminhões a gás natural liquefeito proporcionará a abertura de um novo mercado com potencial único de viabilizar a monetização das reservas do gás do pré-sal. A substituição do diesel pelo GNL faz todo o sentido. É um combustível mais barato, menos poluente e, com a produção do pré-sal, contribuirá para reduzir a importação de energéticos automotivos. Sergipe tem ocupado uma posição de vanguarda na revisão do arcabouço regulatório do gás natural, um energético mais barato e acessível”.
A estrutura
Ainda de acordo com Pedro Litsek, o empreendimento conta com três turbinas a gás 7HA e uma turbina a vapor, de fabricação da General Electric (GE), além dos demais sistemas usuais em uma usina de ciclo combinado: caldeiras de recuperação de vapor, condensadores, torre de resfriamento, sistemas e tratamento de água e efluentes e subestação. Este é o primeiro projeto no Brasil a receber o modelo de turbina 7HA, considerado hoje o mais eficiente disponível no mercado.
Com 33 km de extensão, a Linha de Transmissão de 500 kV levará a energia gerada na Usina Termoelétrica Porto de Sergipe I até a Subestação Jardim, em Nossa Senhora do Socorro (SE), de onde se conectará ao SIN (Sistema Interligado Nacional).
As instalações marítimas incluem o navio Unidade de Armazenamento e Regaseificação do Gás Natural Liquefeito (GNL), que ficará ancorado a 6,5 km da costa, o sistema de ancoragem e o gasoduto para transporte do gás até a usina, além das adutoras de captação de água e descarte de efluentes.