‘Homem-Aranha: Sem volta para casa’ supera expectativas com equilíbrio de nostalgia e emoção
“Homem-Aranha: Sem volta para casa” é o “Vingadores: Ultimato” (2019) dos filmes do herói. Afinal, consegue, ao mesmo tempo:
- ser uma conclusão grandiosa de anos de histórias;
- amarrar muitas pontas soltas deixadas até por versões anteriores do personagem;
- superar expectativas – altas ou baixas – ao entregar tudo o que fãs queriam, abusando da nostalgia de filmes e de HQs;
- e ainda guardar algumas surpresas emocionantes.
A grande estreia desta quinta-feira (16) joga para a torcida do começo ao fim e poderia se contentar com sua vitória antes mesmo do início, já que bateu recordes de números em sua pré-venda.
Mas o terceiro filme protagonizado por Tom Holland e dirigido por Jon Watts de alguma forma vai além, ao mostrar a presença de um plano maior no arco construído pela trilogia com momentos decisivos e verdadeiramente comoventes.
Tem dimensões paralelas, magia e muita coisa que, misturada, não deveria nem funcionar. E se o ritmo sofre um pouco em alguns momentos, “Sem volta para casa” ganha mesmo ao completar um ciclo que ajuda o herói a crescer e evoluir, enquanto – quase que paradoxalmente – o aproxima de suas origens.
Fim do mistério
A história começa onde a anterior, “Longe de casa” (2019) terminou. Após ter sua identidade revelada pelo vilão Mystério (Jake Gyllenhaal), pouco antes de sua morte, o jovem Peter Parker tem a vida virada do avesso.
Quando a nova fama prejudica o amigo e a namorada, ele busca um dos maiores magos do mundo (em um mundo onde magia é real), o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), na tentativa de reverter a situação.
O feitiço no entanto dá errado (em uma das cenas mais irritantes do filme) e afeta a barreira entre dimensões paralelas. O resultado é o aparecimento de antigos vilões que sabiam que o Homem-Aranha é na verdade Peter Parker – mas não exatamente esse Peter Parker.
Pois é. Quem dá as caras são antagonistas das duas versões cinematográficas anteriores do cabeça de teia, vividas por Tobey Maguire (entre 2002 e 2007) e Andrew Garfield (2012 e 2014).
O número mágico
Com cinco ameaças para enfrentar, Peter se vê obrigado a crescer como herói e decidir se enviá-los de volta é o suficiente ou se suas responsabilidades vão além. Mas, com a complexidade da missão, ele pelo menos pode contar com alguns amigos.
Se há algo que filmes anteriores do personagem ensinaram é que tramas com muitos inimigos ao mesmo tempo são má ideia – né, “Homem-Aranha 3” (2007)?
No entanto, “Sem volta para casa” tem a grande vantagem de não precisar de apresentações ou construções de personalidades.
Claro, o roteiro depende muito de um conhecimento prévio do público, mas, considerando a popularidade da trilogia original dirigida por Sam Raimi, fãs do gênero dificilmente sofrerão – enquanto se deleitam na nostalgia em relação a alguns dos melhores filmes do herói.
Ajuda demais também a qualidade dos atores. Alfred Molina dá ao Doutor Octopus, vilão de “Homem-Aranha 2” (2004), seu charme característico e injeta um pouco do humor Marvel de forma natural.