Gilberto Gil é eleito para a Academia Brasileira de Letras

 

O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil foi eleito para a Academia Brasileira de Letras nesta quinta-feira (11). Ele passará a ocupar a cadeira 20, que ficou vaga após a morte do advogado, escritor e jornalista Murilo Melo Filho, em maio de 2020. Gil concorreu com os escritores Salgado Maranhão e Ricardo Daunt.

No Instagram, o artista celebrou a notícia: “Muito feliz em ser eleito para a cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras. Obrigado a todos pela torcida e obrigado aos agora colegas de Academia pela escolha”. Recentemente a atriz a Fernanda Montenegro também foi eleita para a ABL como a sétima ocupante da cadeira 17, vaga desde a morte do escritor e diplomata Affonso Arinos de Mello Franco, em 15 de março de 2020.

O soteropolitano Gilberto Gil passou a infância em Ituaçu, no interior da Bahia, onde o pai exercia a medicina, mas começou de fato sua carreira artística em Salvador. Lá, ele se apresentava em escolas e clubes, chegou a compor jingles e escrevendo músicas para outros grupos.

O sucesso que se seguiria ainda não era certo para o jovem, então ele dividia seu tempo entre os estudos e a música. Em 1965, formou-se em administração na UFBA e chegou a participar de um programa de trainee na multinacional Gessy Lever, atualmente conhecida como Unilever.

Na época, porém, Gil já conhecia parceiros que levaria para o resto da vida, como Caetano Veloso, Vinicius de Morais, Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Nana Caymmi e Elis Regina. Ainda nos anos 1960, ele abandonaria a carreira de administrador de empresas e lançaria seu Procissão, seu primeiro single oficial.

A partir daí, sua trajetória artística apenas ascenderia: Gilfoi um dos criadores do movimento tropicalista, tornou-se uma das vozes mais marcantes da música popular brasileira, virou símbolo de resistência contra a ditadura militar, exilou-se do Brasil, fez um retorno triunfal e ganhou prêmios como o Grammy e o Grammy Latino.

Entre álbuns de estúdio, discos gravados ao vivo e compilações, Gil soma mais de 50 CDs lançados, com grandes clássicos da MPB como ‘Tropicalia’ ou ‘Panis et Circensis’, ‘Refazenda’, ‘Expresso 2222’, ‘Refavela e Realce’. Seu mais recente trabalho de inéditas é OK OK OK, de 2018.

Fora dos palcos, Gil também se notabilizou na política. Foi vereador de Salvador entre 1989 e 1992 pelo então PMDB e ministro da Cultura do governo Lula entre 2003 e 2008 pelo PV, partido ao qual é filiado até hoje. Em 1999, foi nomeado pela Unesco como Artista pela Paz. No âmbito da ONU, foi embaixador para agricultura e alimentação. Além de ter sido um dos principais defensores da livre circulação de informação na internet.

Gil foi eleito para a ABLpouco tempo depois da atriz Fernanda Montenegro e, assim como ela, não tem a escrita literária como sua principal atividade. No entanto, é coautor de alguns livros, como ‘Gilberto Bem Perto’, com Regina Zappa, ‘Cultura pela Palavra’, com Juca Ferreira, ‘Disposições Amoráveis’, com Ana de Oliveira, e ‘O Poético’ e o ‘Político e Outros Escritos’, com Antonio Risério. Além disso, ele tem poemas e letras reunidas em outros livros.

Os demais candidatos para a vaga agora ocupada por Gil eram o poeta maranhense Salgado Maranhão, autor de 12 livros e compositor de músicas de nomes como Ney Matogrosso, Paulinho da Viola e Elba Ramalho; e o escritor e crítico literário Ricardo Daunt.

Fonte: Terra