Foi uma decisão política, afirma Ângela Melo sobre sentença do TJ
17/06/2015
16h50
Por Joângelo Custódio
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da Rede Oficial do Estado de Sergipe (Sintese) Ângela Melo, disse na manhã desta quarta-feira (17), que a sentença do pleno do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ/SE) “foi uma decisão política”.
A sindicalista refere-se à derrota sofrida pela categoria, após o julgamento do TJSE, que negou, por sete votos a três, a ação impetrada pelo Sintese que pedia a suspensão da liminar deferida pelo desembargador José dos Anjos, o qual redecretou a ilegalidade da greve.
Para Ângela, a greve dos professores é justa e a sensação é de frustação. “Os professores estão indignados e revoltados. Está claro que foi uma decisão política tomada pelo Tribunal de Justiça. Entendemos que nossa greve é justa e legal”.
A presidente do Sintese disse que, após sentença desfavorável, a categoria vai se reunir em assembleia nesta quinta-feira (18), em frente ao Palácio dos Despachos, e decidir se a greve continua. Eles estão acampados na recepção do Palácio de Governo há 21 dias, como forma de sensibilizar o governador Jackson Barreto. Segundo a diretoria, a ocupação da sede do Governo é um “ato histórico”.
“Nos reuniremos nesta quinta e vamos decidir se continuaremos ou não em greve. É importante nosso movimento com o apoio do movimento estudantil. A nossa greve é conjunta e de fundamental importância. O Sindicato tem a mesma opinião do desembargador Cesário, que votou a favor da greve. Como estipular um contingente mínimo na educação? Como deliberar quem fica ou quem não fica com aula? No nosso entendimento, esse contingente mínimo vai de encontro com o direito constitucional de greve dos servidores”.
R$300 mil de multa
Esta quinta-feira, 18, completam 30 dias de greve dos professores. Mas a Justiça já havia determinado pagamento de multa diária no valor de R$10 mil. Somando os dias em greve, já são R$300 mil de multa. Segundo o Sintese, essa dinheirama vai sair dos cofres da categoria, denominado “fundo de greve”.
“Os recursos são oriundos do Imposto Sindical. São recursos que compõem o fundo de greve. Se a Justiça disse que vamos ter que pagar, nós, a princípio, vamos negociar, senão, vamos pagar”, sinaliza Ângela.
Corte do ponto
Durante a greve, o governo do Estado informou que vai cortar o ponto dos professores e descontar no contracheque por dia faltoso. Essa atitude, segundo Ângela Melo, “é uma estratégia do Governo de intimidar e aterrorizar os professores”.
“Nós temos o nosso compromisso com os estudantes de repor os dias parados. Agora, o corte do ponto não nos obriga a pagar os dias parados”, rebate a sindicalista.
30 dias em greve
Em greve desde o último dia 18 de maio, os professores cobram do Governo do Estado reajuste de 13,01% para todas as classes, melhorias em infraestrutura de escolas, dignas condições de trabalho, merenda escolar de qualidade, segurança nas unidades de ensino, dentre outras reivindicações.
O governo de Sergipe disse veementemente que o Estado não tem condições de dar o reajuste neste momento, alegando falta de recursos e déficit previdenciário. Dessa forma, pediu a Justiça no último dia 21 maio a ilegalidade da greve, sendo atendido pelo desembargador José dos Anjos no dia 22.
Cerca de 170 mil alunos estão sem aula nesse momento. A preocupação imediata do Governo é com 8 mil estudantes que irão prestar o Exame Nacional de Ensino Médio.
Foto: Ascom/Sintese