Ex-aluna da UFS conquista prêmio internacional
Na adolescência, Fernanda Fontenele sempre percebeu a afinidade com a área de exatas, mas ainda não tinha noção de como a engenharia mecânica seria peça fundamental na sua vida. Agora aos 27 anos, a egressa da Universidade Federal de Sergipe (UFS) acaba de conquistar o prêmio 2021-22 Women in Technology Scholarship (Bolsa Mulheres na Tecnologia) da Cadence Design Systems.
Com isso, ela recebe o valor de 5 mil dólares como forma de reconhecimento pelo seu esforço no desenvolvimento da área. O programa seleciona mulheres estudantes de nível superior nos Estados Unidos ou Canadá com atuação de destaque no meio da tecnologia. Toda a trajetória profissional da candidata é avaliada, já que a bolsa leva em consideração não só uma pesquisa específica, mas todo o desempenho acadêmico.
Fernanda concluiu a graduação em Engenharia Mecânica na UFS em 2018 e no mesmo ano já ingressou no PhD na Escola Sibley de Engenharia Mecânica e Aeroespacial da Universidade de Cornell (EUA), onde desenvolve pesquisa voltada à combinação de materiais para a formação de um superior, tendo como base de análise o material humano em uma das aplicações.
“Estou estudando materiais que são aplicados, por exemplo, na carcaça de avião e navios, mas o que me inspira é estudar o material humano, o tendão humano em específico. Analisar como esses materiais estão falhando ou dando problema. Principalmente em atletas e pessoas que fazem muitos movimentos repetitivos, esse material tem falhado. Minha mãe, por exemplo, tem tendinite e o modo de tratar essa doença ainda não é muito claro, então tenho estudado esses materiais porque geralmente materiais humanos são muito superiores e servem de inspiração para a gente desenvolver materiais sintéticos”, afirma Fernanda.
Ela explica ainda que são duas as principais razões para esse foco na pesquisa. “Tem várias aplicações da pesquisa, uma das grandes inspirações é o material humano por duas principais razões: primeiro a gente quer ajudar os médicos a encontrarem soluções para doenças como a tendinite; e a segunda razão é a gente se inspirar no material humano para desenvolver melhores na área de engenharia. A gente olha na natureza e no nosso corpo para poder desenvolver materiais sintéticos de engenharia melhores ainda”.
Por ano, são selecionadas cerca de 15 pesquisadoras nessa premiação específica para mulheres, fomentando a participação dessas estudantes na área de tecnologia. “Pra mim, o prêmio é a confirmação de que a gente tem capacidade e que a tecnologia é uma área que tem que ter a participação de todo mundo, além de ser esperança de motivar outras mulheres porque eu acredito que uma das maiores barreiras é a falta de representatividade. Se outras meninas sergipanas ou nordestinas veem que eu escolhi esse caminho e que estou sendo reconhecida, elas podem se sentir mais motivadas a escolher essa carreira”, explica Fernanda.
“Hoje eu vejo que adoro ser pesquisadora da área da tecnologia, mas o caminho é muito desafiador. Sabemos que a tecnologia está mudando o futuro e temos que ter mulheres participando na decisão de quais tecnologias queremos desenvolver para ter uma sociedade mais igualitária”, completa a pesquisadora.
Influência da UFS
A Universidade Federal de Sergipe proporcionou o primeiro contato entre Fernanda e o campo da engenharia mecânica. O desafio inicial, ainda na graduação foi desenvolver um carro de corrida para participar de uma competição de uma instituição internacional junto com outros dois colegas.
No entanto, a relação com a universidade transita também entre a família dela, trazendo uma proximidade mesmo antes da engenheira ingressar na instituição. “Foi na UFS que eu tive a oportunidade de ser desafiada em um projeto complexo pela primeira vez e foi onde eu desenvolvi minhas primeiras habilidades de engenharia mesmo, mas a minha relação com a universidade não começou só aí, já que minha mãe se formou, fez mestrado e quando eu estava na graduação ela estava no doutorado. Então a UFS tem formado as mulheres da minha família, que me inspiram a continuar estudando e seguir uma carreira acadêmica e de tecnologia”.
Após o PhD, a vontade dela é poder orientar alunos dessa área. Aos poucos, Fernanda já tem conversado com outras pessoas que querem seguir o mesmo caminho e a perspectiva é voltar para a instituição que a fez realizar os primeiros sonhos na educação superior.
“Já fui procurada e tenho tido contato com outras pessoas, inclusive da UFS, que têm interesse em seguir área parecida e tento orientá-las. A minha perspectiva é que no futuro eu possa ensinar e quem sabe um dia voltar para a UFS e ser professora”.
Programa
O programa de bolsas de estudo para Mulheres na Tecnologia é ofertado pela Cadence Design Systems, com o objetivo de construir uma cultura que promove a inclusão e abrange diversas origens, experiências e ideias no propósito de aumentar e apoiar a diversidade. O valor do prêmio pode ser usado de forma irrestrita, sendo que essa é uma bolsa de estudos única.
Fonte: Ascom UFS