‘Em busca da liberdade’ tema de novo livro da Edise
‘Em busca da liberdade: memória do Movimento Feminino pela Anistia em Sergipe (1975-1979)’, de Maria Aline Matos de Oliveira é a nova publicação da Editora Diário Oficial de Sergipe – Edise, que será lançada na quinta-feira (21), a partir das 17h30, no Museu da Gente Sergipana Gov. Marcelo Déda, em Aracaju. Além do lançamento, no auditório do Museu haverá uma mesa redonda ‘Vozes da Liberdade’, com a professora doutora Célia Costa (Prohis – UFS).
O livro, produto da dissertação de Mestrado da escritora, foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Sergipe (UFS), tendo como orientadora doutora Célia Costa Cardoso, tem o objetivo de discutir a Campanha da Anistia em Sergipe na década de 1970 – o Movimento Feminino pela Anistia em Sergipe (MFPA) -, a partir de uma contextualização mais ampla da luta nacional.
De acordo com Maria Aline, a obra conta com três capítulos, sendo o capítulo um – a voz feminina em ação no quadro repressivo da ditadura; o dois – o sol da liberdade, memória do Movimento Feminino pela Anistia em Sergipe e o capítulo três – do MFPA ao Conselho da Condição Feminina: “feminismo x feminista” no Movimento de Mulheres. “No processo de pesquisa entrevistei para compor a publicação, ex-militantes do MFPA, Ana Soares de Sousa, Zelita Correia, Maria Elisa Cruz, Tereza Cristina Graça, Jackson Barreto, Ana Maria Côrtes e Enaide Azevedo (filha de Núbia Marques)”, relata.
A orientadora, professora doutora Célia Costa Cardoso, do departamento de História, da UFS, destaca a principal contribuição da pesquisa para a historiografia brasileira “a produção de testemunhos orais, pois Maria Aline manteve contato com algumas mulheres atuantes do Movimento Feminino pela Anistia em Sergipe e conseguiu convencê-las da necessidade de trazer ao público as suas trajetórias de vida. Nesse sentido, o ineditismo do seu trabalho para a historiografia sergipana advém da produção e análise desses testemunhos orais de mulheres, inclusive tendo alguns já falecido”.
O jornalista, assistente social e diretor Industrial da Segrase Mílton Alves, viveu intensamente a ditadura civil-militar instalada no Brasil de 1964 a 1985. Foi convidado a fazer a apresentação do livro de Maria Aline, trabalho que aceitou com entusiasmo, pois teve a oportunidade de relembrar fatos vividos. “Este livro traduz o sentimento de luta das mulheres por liberdade, elas que, de forma mais sistemática, lideraram o movimento pró-anistia dos presos políticos, enfrentando perseguições centradas nos subsolos da ditadura civil-militar que se instalou no Brasil em 1964. Na caminhada, essas mulheres quebraram o preconceito de que liderança de movimentos políticos se restringia aos homens. Maria Aline dá clareza a esses momentos históricos, como estímulo para fortalecer sonhos em busca da vida e da liberdade”.
Maria Aline Matos de Oliveira
Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Sergipe. Graduada em História pela mesma instituição. Atuou como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Atuou como professora da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. É integrante do grupo de pesquisa: Poder, Cultura e Relações Sociais na História (CNPq-UFS) e desenvolve estudos nos seguintes temas: história das mulheres, história e memória e ditadura civil-militar no Brasil. É fundadora e CEO da Humanas Instituto de Assessoria Educacional, atuando como professora de metodologia em Programas de Mentoria Acadêmica em diversos estados no Brasil.
Entenda o Movimento Feminino pela Anistia
Desde o golpe civil-militar de 1964 que as perseguições políticas se instalaram no país, supostamente para evitar a propagação dos perigos da “subversão”, corrupção e comunismo. O poder militar se institucionalizava amparado em Leis repressivas como atos institucionais, Constituição de 1967, Lei da Imprensa e Lei de Segurança Nacional, entre outras. Em decorrência desse controle ocorreram exílios, prisões, assassinatos e desaparecimento de pessoas, provocando novas sensibilidades políticas em alguns grupos sociais como o das mulheres paulistas, comandadas por Therezinha de Godoy Zerbini, que a partir de 1975 começou a defender a paz, os direitos das mulheres e direcionou as propostas humanistas, para a criação do Movimento Feminino da Anistia, que lutava por uma “Anistia, ampla, geral e irrestrita”. Essas reivindicações foram propagadas através dos diversos comitês espalhados pelos centros urbanos do país. Entre eles o Comitê Feminino pela Anistia de Sergipe.
Fonte: Ascom Segrase