Bolsonaro demite presidente da Petrobras e indica Adriano Pires para cargo

 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) demitiu, nesta segunda-feira (28), o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna. Em nota divulgada pelo Ministério de Minas e Energia, o governo atualizou a lista dos indicados para o conselho da empresa, apresentada no começo do mês, e incluiu o economista Adriano Pires, apontado para a presidência.

A lista tem ainda Luiz Rodolfo Landim Machado, atual presidente do Flamengo, como concorrente ao cargo de presidente do Conselho de Administração. Para ter efeito prático, os nomes precisam passar por uma eleição dos acionistas, que será realizada na Assembleia Geral Ordinária no dia 13 de abril.

A Petrobras, desde 2015, registra forte participação de acionistas minoritários na Assembleia e o conselho atual, com 11 membros, possui três representantes indicados por investidores de mercado.

A saída do general Joaquim Silva e Luna ocorre após descontentamento do presidente Bolsonaro com a forte alta dos preços de gasolina e diesel praticados pela estatal no início de março.

O último reajuste feito pela Petrobras nos combustíveis, há duas semanas, elevou o preço da gasolina em 18,7%, e do diesel em 24,9%. Os valores se referem ao que foi alterado nas refinarias. No acumulado dos últimos 12 meses até fevereiro, o IPCA dos combustíveis, principal indicador de inflação do Brasil, teve uma alta de 33%. A gasolina subiu 32%, o etanol, 36%, e o diesel, 40%. Valores muito acima do índice geral, que está em 10,54%.

A demissão de Silva e Luna ocorre em um contexto semelhante ao do presidente anterior da estatal, Roberto Castello Branco. Empossado em janeiro de 2019, no início do governo Bolsonaro, Castello Branco foi demitido em 13 de abril de 2021 após pressão do governo federal em função das sucessivas altas de combustíveis, decorrentes, em boa medida, da valorização do dólar e do aumento da cotação da matéria-prima no mercado global.

Pesquisa EXAME/IDEIA divulgada no dia 22 de março mostra que 60% dos brasileiros culpam a Guerra na Ucrânia e o presidente Bolsonaro como os maiores responsáveis pelos atuais preços da gasolina, do etanol e do diesel. Entre os entrevistados, 20% consideram que a maior responsável pela alta é a Petrobras, e outros 10% entendem ser os governadores dos estados e do Distrito Federal.

O aumento dos combustíveis já provocou mudanças no comportamento dos consumidores brasileiros. De acordo com EXAME/IDEIA, 83% dos entrevistados dizem que diminuíram o uso do carro ou da moto por causa do aumento da gasolina, do diesel e do etanol.

A sondagem ouviu 1.284 pessoas entre os dias 15 a 17 de março. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Fonte: Exame