Anticoncepcionais e gestação: quais os mitos e verdades relacionados às varizes?
Quando o assunto é varizes, são as mulheres que mais sofrem com o problema, representando 45% dos casos contra 30% dos homens, segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV). Em meio ao número alarmante muitas dúvidas surgem, principalmente entre as que usam anticoncepcionais e as gestantes. Em entrevista, o cirurgião vascular Fellipe Menezes, atuante em Aracaju, falou sobre os mitos e verdades relacionados ao tema.
Uma das dúvidas mais comuns no consultório é se o uso de anticoncepcional causa varizes. “Eu costumo dizer que isoladamente não. O que acontece é que os anticoncepcionais podem ser considerados fatores de risco devido à quantidade de hormônio inserida nesses remédios. Eles são compostos por hormônios femininos em baixas doses que podem proporcionar dilatação e outras alterações interferindo no fluxo sanguíneo. Isso não significa que o anticoncepcional cause varizes, mas pode ser determinante para a piora do quadro em algumas situações, como em mulheres com predisposição genética para desenvolver a doença”, explica o cirurgião.
A principal dica é utilizar o anticoncepcional de forma adequada. “É preciso que a medicação seja prescrita e acompanhada por um ginecologista ou obstetra de confiança. Por exemplo, algumas condições clínicas como trombofilias (predisposição genética a tromboses) não podem ser submetidas a hormônios, como, por exemplo, os anticoncepcionais”, afirma Fellipe Menezes.
Quando o assunto é a saúde vascular das gestantes é a prevenção o fator mais importante. “Na minha experiência, aprendemos que o melhor tratamento será sempre prevenir, ou seja, é recomendado o ganho de peso adequado, uso de meia elástica, atividade física, alimentação saudável e hidratação que sempre serão ótimos aliados nesse período. Além disso, o acompanhamento por profissional especializado em casos de inchaços, dores intensas, câimbras, entre outros”, detalha o cirurgião.
Em casos mais graves, a gestante pode desenvolver a trombose venosa profunda (TVP). “A gestante faz parte do grupo de risco para trombose, principalmente, devido a fatores hormonais, aumento do útero materno, aumento do peso, aumento das varizes, etc. É necessário um nível baixo de suspeição clínica, já que muitos casos são assintomáticos”, alerta Fellipe Menezes.
O risco da TVP se intensifica de acordo com o aumento de gestações anteriores. “Múltiplas gestações estão associadas a um agravamento acumulativo da circulação. Além disso, aquela gestante que já apresentou trombose, possui maior risco de novos episódios”, relata o especialista.
A partir do sexto mês de gestação, com o crescimento do bebê e da extensão abdominal, o retorno venoso da gestante é prejudicado. “Algumas veias importantes da drenagem venosa, como, por exemplo, a veia cava, são comprimidas pelo útero materno aumentado. É um fator anatômico que pode ser melhorado com uma dica simples como deitar de lado esquerdo”, orienta.
O acompanhamento do cirurgião vascular é muito importante durante a gravidez. “O profissional especializado é o maior aliado nesse período, no nosso dia-a-dia, estamos acostumados ao cuidado dessa população. Nossos objetivos são: prevenir complicações, aliviar sintomas, diagnosticar doenças e propor tratamentos precocemente, visando os melhores desfechos clínicos”, finaliza Fellipe Menezes.
Fonte: Assessoria de Imprensa