Alana Maldonado leva ouro inédito, e Meg Emmerich é bronze no judô das Paralimpíadas
Alana Maldonado se tornou a primeira brasileira campeã paralímpica de judô neste domingo. Prata na Rio 2016, a atleta de 26 anos confirmou o favoritismo de ser a atual campeã mundial e conquistou o ouro da categoria até 70kg em Tóquio. Foram duas vitórias por ippon até o triunfo por waza-ari na final contra Ina Kaldani, da Geórgia. O judô das Paralimpíadas é disputado entre pessoas com deficiência visual.
– Não caiu a ficha ainda. Eu queria fazer história, conquistar o primeiro ouro do judô feminino, como foi no Mundial, ser a primeira atleta paralímpica campeã mundial… Eu só tenho a agradecer a Deus, a minha família, meus amigos e a toda comissão técnica que estiveram junto comigo para realizar esse sonho. É único. Primeiro o Rio, em casa, e agora ser campeã paralímpica na terra do judô realizando meu sonho aqui. Não tenho palavras para explorar o que estou sentindo agora – disse Alana.
E o Brasil voltou ao pódio do Budokan com o bronze de Meg Emmerich na categoria acima de 70kg. A brasileira de 34 anos havia sido bronze também no Mundial de 2018 e agora se torna também medalhista paralímpica. Lenda da modalidade, Antônio Tenório ficou perto do sétimo pódio na carreira, mas tomou uma virada e perdeu a disputa do bronze no golden score.
Aos 14 anos, Alana descobriu a Doença de Stargardt, que causa perda progressiva da visão. Judoca desde os quatro anos, ela então entrou para o judô paralímpico quando entrou para a faculdade. Conquistou uma prata inédita nos Jogos do Rio, foi a primeira brasileira campeã mundial em 2018 e agora se tornou também a pioneira de ouros paralímpicos.
Líder do ranking mundial e por isso cabeça de chave número 1, Alana precisou de apenas sete segundos para encaixar um ippon na italiana Matilde Lauria na estreia, já nas quartas de final. Ela teve mais dificuldade contra a turca Raziye Ulucam, mas também venceu por ippon na semifinal.
Na decisão, Alana dominou a luta contra Kaldani. As duas fizeram um primeiro minuto de luta muito estudado e acabaram tomando punição por falta de combatividade. A brasileira então foi ao ataque, mas foi em um contra-ataque que conseguiu o waza-ari aos dois minutos do confronto. Com a vantagem no placar, Alana soube administrar bem a reta final da luta, não deu espaço para golpes da georgiana e festejou o ouro inédito.
– Eu sabia que não seria uma luta fácil, é uma atleta que reverte muito bem e estava esperando para me reverter. Quando eu consegui o waza-ari faltava um 1min45, eu estava com um shidô, poderia tomar mais um, então a atenção depois do waza-ari dobrou para conseguir manter o volume para aguentar até o final – contou Alana.
Meg Emmerich fatura o bronze
O ouro de Alana foi a segunda medalha do Brasil no judô das Paralimpíadas. No sábado, Lúcia Araújo foi bronze na categoria até 57kg. Ainda teve mais um bronze brasileiro no Budokan neste domingo. Meg Emmerich venceu por ippon na estreia a japonesa Minako Tsuchiya na estreia nas quartas de final. Acabou superada na semi pela azeri Dursadaf Karimova, mas se recuperou na disputa pelo bronze vencendo por ippon Altantsetseg Nyamaa, da Mongólia.
– Estou muito feliz. A equipe feminina mandou bem na competição. Três medalhas para o Brasil. Isso mostra que nossa equipe está muito boa, muito forte. Escutar o hino nacional (para a Alana) é uma inspiração. Naquela hora pensei: “O ouro para mim hoje não foi, mas com certeza vou buscar minha medalha” – disse a judoca.
Meg nasceu com atrofia no nervo óptico e tem baixa visão. Ela iniciou no judô aos 15 anos, mas só no ciclo dos Jogos de Tóquio entrou para a elite paralímpica. Foi bronze no Mundial de 2018, ouro nos Jogos Parapan-Americanos de 2019 e agora se tornou também medalhista paralímpica.
Tenório fica a três segundos do bronze
Também neste domingo, dois brasileiros ficaram muito perto do pódio. Antônio Tenório e Arthur Cavalcante perderam na disputa do bronze. Dono de seis medalhas em Paralimpíadas, o tetracampeão Tenório chegou a ter um waza-ari de vantagem na luta pela medalha, mas tomou um golpe de empate a três segundos para o fim contra o uzbeque Sharif e Khalilov. Aos 50 anos e depois de ter superado 17 dias de internação por covid-19, Antônio não conseguiu manter o ritmo e acabou tomando um segundo waza-ari no golden score. Ele já havia perdido a semifinal por imobilização diante do americano Ben Goodrich em um longo golden score.
Do GE