ABRAPE diz que show em desacordo com regras sanitárias prejudica setor

Por Cláudia Lemos

A entrevista especial desta semana do Jornal Correio de Sergipe e do Portal de Notícias AJN1 é com o empresário do setor de eventos André Vilela, que faz parte da diretoria da ABRAPE (Associação Brasileira de Promotores de Evento). André diz que a entidade vê com preocupação a realização de eventos que não atendam as recomendações sanitárias nesse momento de pandemia, como os que ocorreram no final de semana passado em Estância, Campo do Brito, Carira e Ribeirópolis e diz que a ABRAPE já solicitou aos órgãos competentes a realização de campanhas de conscientização junto a população e que seja realizada uma fiscalização mais eficiente para coibir esse tipo de ação, que expõem todos ao risco de contaminação. “Apelo que não façam isso. Só atrapalha e acaba jogando a opinião pública contra o nosso setor”, diz.   Em meio à polêmica da realização ou não de festas de Réveillon, André opina que é possível a realização de eventos na virada do ano, desde que seguindo os protocolos de segurança. Aliás, ele defende a realização de eventos que cumpram todas as normas de segurança e diz acreditar que isso coibirá a realização de eventos clandestinos. Primeiro segmento a parar por causa da pandemia do novo coronavírus, André diz que a retomada do setor está mais lenta do que o esperado e diz que os integrantes da ABRAPE têm se reunido com o governo para traçar estratégias seguras de retorno. Sobre a situação dos trabalhadores do setor diante dessa situação, responde que é crítica, que cada um está se virando como pode e afirma que a ABRAPE tem buscado socorro.  Confira a entrevista a seguir:

 

Correio de Sergipe – No final de semana passado, 05 e 06/12, circularam nas redes sociais várias imagens de aglomerações em shows que ocorreram pelo interior do estado, em Ribeirópolis, Carira, Campo do Brito e Estância. As imagens deixavam claro que não houve obediência a nenhuma norma sanitária estabelecida para evitar a propagação do coronavírus. A ABRAPE teve conhecimento da realização destes eventos? Qual a posição da entidade e quais as providências que estão sendo adotadas?

André Vilela – Nós tivemos conhecimento quando os vídeos vieram a público nas redes sociais.  Claramente os eventos aconteceram sem atender e respeitar as recomendações das autoridades sanitárias. A ABRAPE se posiciona totalmente contra a realização desse tipo de evento. Entendemos sim que o momento é crítico e delicado para todo setor, mas fazer evento de qualquer forma não é a saída e só prejudica toda a cadeia. Estamos solicitando aos órgãos competentes que realizem campanhas de conscientização junto a população e que seja realizada uma fiscalização mais eficiente para coibir esse tipo de ação.

CS – Em relação ao Réveillon, a ABRAPE acha que é possível a realização de eventos? Se sim, de que forma seria?

André V. – Acreditamos que sim. Os eventos seguindo protocolos de segurança podem acontecer de forma segura e responsável. Acreditamos, inclusive, que as liberações para eventos que apresentem um plano de execução acabe coibindo os clandestinos.

 

CS – Qual o papel da ABRAPE e quantos associados tem em Sergipe?

André V. – A ABRAPE é uma associação nacional que tem afiliados em todas as capitais do país e a seccional Sergipe conta com 21 empresas. O papel da entidade é lutar por um reconhecimento e fortalecimento do setor de eventos que tanto movimenta a economia e acaba não recebendo a devida atenção que merece.

 

CS – Qual a orientação da ABRAPE para quem pretende realizar algum evento com público presencial?

André V. – Orientamos que fiquem atentos aos decretos estaduais que regulamentam a realização de eventos, que apresentem os projetos junto a Secretaria Estadual de Saúde e que procurem cumprir todos os protocolos para evitar as aglomerações.

 

CS – Como tem sido o diálogo com o governo para a retomada das atividades do setor de eventos?

André V. – Temos tido reuniões proveitosas e com bons resultados para o setor de eventos. A retomada tem sido mais lenta do que esperávamos, mas desde o começo da pandemia a ABRAPE tem se colocado à disposição das autoridades no sentido de contribuir com a construção de uma retomada segura e das empresas de eventos (associadas ou não) para orientações e suporte no que precisarem.

CS – Nesse momento, o que está liberado para o setor de eventos?

André V. – Atualmente os teatros estão liberados com capacidade limitada, eventos corporativos e sociais para 50% da capacidade do espaço (limitado a 300 pessoas) e  shows no formato drive-in. Eventos acima de 300 pessoas devem ser submetidos a aprovação da Secretaria Estadual de Saúde.

 

CS – Você vê risco de o setor voltar a parar totalmente, por força de novo decreto governamental?

André Vilella – O risco sempre existe. Os números tem crescido e isso preocupa bastante. No entanto, vale ressaltar que todos os setores da economia estão podendo funcionar e não se pode colocar na conta dos eventos o aumento desses números. Muitas famílias dependem do funcionamento do setor de eventos e a situação da grande maioria das pessoas que trabalham no meio é muito crítica.

 

CS – O setor de eventos foi o primeiro a ser afetado e, pelos mesmos motivos, será o último a retomar as atividades de forma plena. Como o setor e todos que fazem parte dele têm conseguido sobreviver? O governo sinalizou algum socorro financeiro ao setor?

André V. – A grande maioria das pessoas está em situação bastante delicada.  Essas pessoas estão se virando como pode. Já vi muitos trabalhando como motorista de aplicativo, fazendo entregas, ajudante de pedreiro e tantos outros sem ter condições de colocar comida dentro de casa. O Governo Federal destinou um recurso através da Lei Aldir Blanc para que municípios e estados pudessem desenvolver editais, subsidiar espaços culturais e distribuir auxílio emergencial. Isso foi muito importante, mas ainda assim não consegue resolver a situação de um setor que já chegou no 9º mês sofrendo os impactos da pandemia. Recentemente a ABRAPE se reuniu com o BANESE e solicitou que fosse disponibilizada  uma linha de crédito para atender o setor de eventos.

CS – Que mensagem você pode deixar para as pessoas ligadas ao setor de eventos e para as pessoas que estão aflitas, querendo o retorno dos shows?

André V. – Aflitos estamos todos nós que vivemos disso. As incertezas de como será o amanhã tem deixado todo mundo muito tenso. Entendemos que a situação é crítica, mas que mais longe já estivemos. Tenham certeza que a ABRAPE está tentando, a nível nacional, que olhem por nós e que os envolvidos nos eventos possam logo voltar a trabalhar. Evitem fazer eventos clandestinos e fora dos padrões estabelecidos, pois isso só atrapalha e acaba jogando a opinião pública contra nosso setor.

CS – E para a sociedade em geral, que mensagem você tem a passar?

André V. – Pedimos a todos que colaborem e tenham mais sensibilidade com um setor que tem sofrido bastante nessa pandemia. Para muitos é visto somente como “farra”, mas existem muitas famílias que dependem das festas para sobreviver. Não adianta um produtor realizar um evento seguindo todos os protocolos e as pessoas que forem, não ajudar. Tem que usar máscara, evitar aglomerações e seguir todas as orientações. Dessa forma, até que se tenha uma vacina, os eventos podem acontecer nesse “normal temporário.

Frase

Eventos seguindo protocolos de segurança podem acontecer de forma segura e responsável. Acreditamos, inclusive, que as liberações para eventos que apresentem um plano de execução acabe coibindo os clandestinos