Segundo relatos de Miriam Leitão, durante a ditadura militar ela foi presa e torturada com tapas, chutes e golpes que abriram sua cabeça. Além disso, teve de ficar nua em frente a dez soldados e três agentes de repressão e passar horas trancada em uma sala com uma jiboia. Ontem, reagindo a uma postagem da jornalista nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro disse ter “pena da cobra”.
Eduardo é criticado por debochar de tortura sofrida por Miriam Leitão
Políticos condenaram o comentário feito pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em tom de deboche, a respeito das práticas de tortura sofridas pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura militar. A maioria das reações veio do campo da esquerda, mas também houve comentários de nomes mais ligados à direita, como do presidente do partido Novo, Eduardo Ribeiro. O assunto foi um dos mais comentados nas redes sociais durante o fim de semana.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou solidariedade à jornalista e disse que a tortura é “indefensável”. Ele e Miriam Leitão já demonstraram divergências no passado, sobretudo quanto à política econômica do PT. “Seres humanos não precisam concordar entre si, mas comemorar o sofrimento alheio é perder de vez a humanidade”, escreveu o petista.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede) classificou o tuíte de Eduardo como “nojento, covarde e asqueroso”, o que, segundo ele, reflete as características da família do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Está chegando a hora de mandar esses bichos escrotos de volta para o esgoto”, publicou ele.
Ex-pré-candidato à Presidência, o senador Alessandro Vieira (PSDB) afirmou que o “deboche” feito pelo deputado é uma estratégia do bolsonarismo para redirecionar a atenção dos eleitores. Ele descreveu Miriam Leitão como uma “profissional com histórico impecável”. ” A estratégia dos Bolsonaro é clara: usar falas polêmicas para desviar a atenção da fome, da miséria e dos casos de corrupção que vêm surgindo no noticiário”, escreveu.
A deputada Natália Bonavides (PT-RN) pediu que a Câmara dos Deputados tome providências contra o filho do presidente. “A solidariedade a Miriam Leitão, torturada aos 19 anos e grávida, precisa ser a punição de Eduardo Bolsonaro. Apresentaremos denúncia ao Conselho de Ética!”, disse.