Tobias Barreto, o grande jurista

Sergipe é celeiro de grandes gênios, e uma prova irrefutável disso reside na briosa figura de Tobias Barreto de Meneses. Nascido na Vila sergipana de Campos do Rio Real, num dia 07 de junho do ano 1839, foi filho de Seu Pedro Barreto de Menezes, respeitado escrivão de órfãos e ausentes da localidade e de Dona Emerenciana Barreto de Menezes que o instilava a seguir no caminho da imorredoura fé. Seus primeiros estudos foram realizados em sua terra natal, depois acabou mudando-se para Estância, onde lá se dedicou às áreas de latim e música.

O ano de 1861 foi decisivo, pois foi quando se mudou para a Bahia e ingressou no seminário, donde não acabou se adaptando. Estudou então filosofia e disciplinas preparatórias, voltando para Vila de Campos. Em 1862, Tobias Barreto partiu para o Recife e pelos seus esforços ingressou na Faculdade de Direito. Vivenciou nesse tempo num efervescente âmbito intelectualizado, para termos uma ideia dos gloriosos nomes dessa época auferida: Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e Castro Alves só para citar alguns notáveis vultos que dialogavam com Tobias principalmente na área poética.

Tobias Barreto era mestiço e jamais se deixou abater pelos abomináveis preconceitos que o circundava.  De origem humilde, sabia exatamente o valor das pequenas conquistas diárias. Sofreu inúmeras discriminações, tanto é que foi proibido de casar com a refinada Dona Leocádia Cavalcanti. A família aristocrática da moça jamais permitiria. Tudo isso foi superado pela sua dedicação profissional.

Professor, advogado e poeta, Tobias Barreto não esmorecia. Após se formar, passou dez anos morando na pequena cidade de Escada, localizada na região açucareira de Pernambuco. Lá casou com a filha de dono de engenho e grande proprietário de terras. Fez da advocacia o seu maior compromisso, chegando a ser eleito para a Assembleia Provincial de Escada pelos seus serviços prestados junto a comunidade. De volta ao Recife, Tobias passou num concurso para lecionar na Faculdade de Direito, sendo que mais tarde a Faculdade ficou conhecida como “A Casa de Tobias”, consagração merecida a esse grande homem que tanto honrou Sergipe.

Escrevia sem parar para a imprensa, chegou a editar jornal. Publicou livro de poesias de feitio romântico-condoreiro intitulado “Dias e Noites”. Na sociologia histórica, podemos notar que a tônica da vez aí era justamente a preocupação com os problemas sociais do Brasil, e Tobias Barreto estava envolto nisso. Um dos episódios marcantes reside na campanha pela República e pelo final da escravidão.

A sua contribuição nos campos da filosofia e da ciência são infindáveis. Foi mestre em realizar fecundo amálgama entre a ciência jurídica, a filosofia e o campo das humanas em sentido mais geral. Acabou falecendo em Recife, num dia 26 de junho do ano 1889. É um dos cinco únicos brasileiros a fazer parte do distinto Dicionário dos Maiores Juristas da Humanidade, da Universidade Wolfgang Goethe, em Frankfurt, na Alemanha, fulgurando ao lado de reluzentes nomes como Cícero, Beccaria, Foucault dentre outros.

É patrono da cadeira 38 da eminente Academia Brasileira de Letras, tendo seu nome sido alçado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. É lembrado até os dias hodiernos em sua terra natal que, ao ser elevada a categoria de cidade, foi rebatizada para Tobias Barreto. Conclui-se que um homem que entoava: “Só é grande a liberdade que sacode a majestade e arranca a juba dos reis” e “Gratidão é virtude da posteridade” possui ideias que nos faz pensar como se estivesse vivo hoje. E quem disse que não está?!

Autor

Igor Salmeron

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