Ranulfo Prata, um médico escritor
Ao pesquisar sociologicamente médicos sergipanos que se destacaram na seara pública local e nacional, não se poderia deixar de mencionar o ilustre caso de Dr. Ranulfo Prata. Seus pais eram o Coronel Felisberto da Rocha Prata e Dona Ana de Vasconcelos Hora, a amável Ana Hora Prata. Um dos maiores escritores do seu tempo, deixou marca de escrita impecável, profissionalismo no campo da medicina e nos romances inesquecíveis. Ranulfo nasceu num dia 04 de maio do ano 1896, em Lagarto. Estudioso esforçado desde a tenra idade, arrematou o ginasial em Salvador e ingressou na tradicional Faculdade de Medicina da Bahia, onde desponta com sua notável trajetória acadêmica.
Nesse prolífico tempo, já percebeu que tinha tino para o universo literário. Escreveu com sensível maestria seu primeiro conto, intitulado “O Tropeiro”, que acabou sendo publicado no Jornal “A Tarde”, em Salvador. Essa obra imediatamente desembocou em seu altivo reconhecimento, tanto é que no ano de 1926 Ranulfo Prata acabou angariando prêmio de melhor romancista no concurso promovido pela Academia Brasileira de Letras, com o conto denominado “O lírio na torrente”.
Após quatro anos, depois que fez a graduação, Ranulfo então vai residir no Rio de Janeiro para concluir o curso no ano de 1920 na renomada Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Trabalhou no interior de Minas Gerais e de São Paulo, retornando ao Rio de Janeiro no ano de 1925, por lacônico período. Registre-se que nesse ano mudou-se para Aracaju, onde implantou o serviço de radiologia do clássico Hospital de Cirurgia. O ano de 1927 marca a sua transferência para Santos, trabalhando como modelar radiologista na Santa Casa de Misericórdia de Santos, onde fica até 1942.
No aprazível seio doméstico, contraiu belo matrimônio com a professora dedicada, Maria da Gloria Brandão, cuja união resultou no nascimento do seu primeiro filho, Paulo. Aconteceu outra mudança de residência, dessa vez para a cidade de Santos como havíamos relatado, localizada em São Paulo. Lá o casal se radicou e desencadeou a proliferação da sua prestimosa árvore genealógica.
Os genuínos amantes da literatura conhecem Ranulfo Prata. Sua importância descamba não apenas no estonteador universo das letras, mas, sobretudo, no campo da saúde. Esse brioso sergipano conquistou respeito nacional pelas suas obras, dentre as quais podemos enfatizar as seguintes: “O Triunfo” (1918), “Dentro da Vida” (1922), “Lampião” (1934), “Navios Iluminados” (1937) e o alucinante conto “A longa estrada” (1925).
Ranulfo Prata faleceu no ano de 1942, em tenra idade, acometido por uma nebulosa tuberculose. É importante dizer que seu filho, Paulo Prata veio a se tornar também médico e acabou fundando o Hospital de Câncer de Barretos, o mesmo é o pai de Henrique Prata. Ranulfo foi contemporâneo do admirável Lima Barreto de quem era amigo próximo, se tornou o patrono da Cadeira 7 da eminente Academia Sergipana de Letras bem como da cadeira de número 23 da Academia Santista de Letras.
Conclui-se que Ranulfo Prata é personagem daqueles inolvidáveis em território sergipano, infelizmente, ainda desconhecido por muitos. Dono de vocabulário vasto e expressivo, continuará a ser exemplo para as presentes e futuras gerações. Como sociólogo, percebi no ato que sua Magnum Opus: “Navios Iluminados” iria ecoar por eras, pois o estudo que fez da dinâmica social da comunidade santista é até hoje arquétipo para investigações antropológicas. Multifacetado, além de escritor é, acima de tudo, um latente pesquisador das antinomias humanas!