Pandemia e pós-carnaval
O país de carnaval não teve desfiles na passarela do samba, mas nem por isso deixou de haver aglomerações de desmascarados e poucos cuidados com a pandemia de coronavírus que ainda não acabou.
A pergunta que especialistas devem responder é a seguinte: isso poderá piorar o cenário da pandemia?
A resposta terá que levar em consideração algumas variáveis como a taxa de imunização da população, adultos e crianças. Essa é a variação mais importante porquanto ficou muito evidente que os novos casos têm predominância de pessoas não vacinadas ou que não completou o esquema de vacinação, e dentre estes casos a maioria necessitou de atendimento em hospitais e internações até mesmo em UTI’s.
Um problema que tem preocupado as autoridades sanitárias é o número de pessoas que ainda não foram tomar a segunda dose. Esse grupo é alvo da infecção e se torna um vetor de transmissão do vírus.
Infelizmente a cegueira e a absurda ligação da vacina com posições ideológicas têm causado muitas internações e mortes. Estamos indo muito bem na estratégia de imunização, por isso todas as pessoas que podem ser vacinadas não devem deixar de serem imunizadas. Não é somente por elas, mas pensando na coletividade.
O custo da saúde quando é necessária uma internação em uma unidade de tratamento intenso poderia ser utilizado em outros atendimentos de outras doenças como o câncer, as doenças coronarianas e os transplantes.
A falta de leitos de UTI e o uso de recursos humanos e econômicos para cuidar de pacientes de COVID tem repercutido intensamente no cuidado de outras enfermidades que também matam e incapacitam as pessoas.
Após a pandemia nós vamos ter que pensar como reorganizar os sistemas de saúde, público e privado. É preciso que a regulação de procedimentos no SUS e nos planos de saúde sejam otimizados e racionalizados para que os recursos financeiros sejam mais bem utilizados. Afinal, os recursos humanos e econômicos são finitos, e sem planejamento e critérios para evitar desvios e desperdícios.
Essa missão deve envolver não somente as autoridades de saúde de todos os níveis, federal, estadual e municipal, mas também a sociedade civil organizada e o congresso nacional. Acredito que aprendemos bastante com os erros do início da pandemia, alguns ainda persistentes pela falta de bom senso.
Podemos sim, extrair coisas positivas dessa luta contra o coronavírus. O sofrimento das vítimas e de seus familiares não podem ser em vão. Vamos cuidar melhor da saúde para que o futuro desse país seja diferente.