O IPVA vai aumentar? Sim, mas não é culpa do governo

Nesses últimos dias instaurou-se uma polêmica acerca da elevação do Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) de forma que acredito até certo ponto, completamente desnecessária. Estão complicando e levantando a discussão culpando o Governo do Estado em algo que não tem absolutamente nada a ver com a alíquota do valor do imposto cobrado dos proprietários de veículos. A discussão tem levado as pessoas ao entendimento errado do que está acontecendo de fato. Então vamos descomplicar?

Todos os proprietários de veículos devem pagar anualmente, aqui em Sergipe, 2,5% do valor de mercado do carro, moto, caminhão, ou qualquer veículo automotor que possua. A alíquota estadual é uma das menores do país. No Brasil, o imposto cobrado varia entre 2%, como em Mato Grosso, Tocantins, Rondônia, Santa Catarina, Espírito Santo e Acre, passando por sete estados, entre eles Sergipe, que cobram 2,5% de tributação, passando por valores de 3, 3,5, 3,75, chegando a 4% em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. O que nos coloca em posição consideravelmente confortável a nível nacional no que diz respeito à essa cobrança.

O valor do veículo é determinado pela Tabela FIPE, que apresenta a precificação dos automotores no Brasil. E esse parâmetro é utilizado para a compra e venda dos veículos, o que também influi na definição dos valores a serem cobrados no IPVA. Ou seja, quem dá esse norte sobre valorização e desvalorização dos veículos é a FIPE. O que tem acontecido é que a oscilação de preços dos veículos no mercado tem sofrido várias influências, principalmente das dificuldades de produção e compra de materiais semicondutores para a fabricação dos veículos. Isso está acontecendo com carros novos, que elevaram seus preços em cerca de 20%, segundo a FIPE, e usados chegaram à valorização de 25%. Comprar carro novo ficou mais caro, então os usados também aumentaram de valor. Com menor oferta, maior demanda, preços mais elevados, regra básica de economia. A escassez do produto.

Então, descomplicando a economia: O carro do ano de 2018, que deveria ter valor de mercado perdido, elevou seu preço a ponto de continuar valendo a mesma coisa que quando comprado. O carro zero que foi comprado a 70 mil em 2018, ainda hoje está por 70 mil, já que o carro zero de 2021 está custando uns 87 mil. Não vou aqui me referir a o modelo usado como parâmetro. Mas hoje é difícil comprar um carro zero por menos de 70 mil reais. E isso é o que está puxando para cima o valor do IPVA. Dessa vez, não é culpa do governo termos que pagar valores maiores do imposto. Obviamente eu também não estou satisfeito, porque pagarei mais caro também. Mas devemos ser justos, porque não é culpa da gestão pública.

Entretanto, para a pessoa que deseja vender seu veículo, o momento para usados está muito bom, porque o valor de mercado está em alta e deve permanecer por um bom tempo desse jeito. É uma das consequências econômicas da pandemia que estamos pagando a conta nesse momento. Esse é o lado bom da coisa, porque se você quiser nesse momento vender seu carro, irá ganhar um valor consideravelmente maior que seria se ele tivesse queda no seu preço, como acontecia naturalmente até a pandemia vir e bagunçar a economia local.

Autor

Márcio Rocha

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