O desconhecido destino de sete guinés

Começo pela perua, pescoço longo, a se esticar quando o ergue na verificação de tudo que está ao seu redor. O bico comprido completa a semelhança com uma mulher magra de nariz destacado a fitar o redor de cima para baixo. Ao seu lado, com pouca distância, duas galinhas. De comum entre as três, oito guinés que se aproveitam das bicadas destas no solo. De interessante, então, o fato do trio – a perua e as duas galinhas – ter se revezado na tarefa de chocar os ovos, que, por seu turno, não são de nenhuma delas, mas de guinés de outro sítio, e, para completar o quadro, quatro trajam a tradicional pena xadrez-cinzenta, e, quatro, de roupagem totalmente branca, os últimos, que fogem aos meus parcos conhecimentos na matéria.

Não sei exatamente como a história se processou. Apenas dou a palavra que vi as três cuidando de seus pimpolhos, todas na condição de mãe, recebendo a segura informação do trio ter chocado os ovos, que, por seu turno, não foram deixados cair por nenhuma delas, relembre-se. Talvez um veterinário explique. Eu vendo o peixe pelo preço que comprei, sem nada omitir nem acrescentar. E ademais, vi os pimpolhos para lá e para cá bicando o chão, porque é isso que galinha, guiné, peru e perua sabem fazer. Às vezes, guarnecidos pelas três mães, às vezes, por duas apenas, e, outras, por uma só, enquanto as duas descansam.

Antevejo  problema  futuro, em função de, no vasto terreiro, alguns guinés pastarem, isoladamente, sem se misturar com as galinhas,  gansos e perus. Aliás, os gansos também pertencem a uma casta que ignora as demais. Mas, o problema que vejo, e já discuti com os entendidos, é acerca do futuro dos sete guinés – um, infelizmente, morreu afogado, ao tentar beber água em recipiente destinado aos cavalos. Caiu e não foi socorrido a tempo. Pois bem. Esses sete guinés remanescentes, uma vez crescidos, o que não vai demorar, ficarão com as mães – duas galinhas e uma perua -, ou irão se enfileirar ao lado dos guinés, dos quais não guardam nenhum parentesco sanguíneo? Dúvida não tão atroz porque o tempo responderá, e, dentro do tempo, estarei atento para contar a todos o final de tudo, que fica para outra conversa.

Autor

Vladimir Souza Carvalho

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