Meio ambiente, pandemia e novos caminhos

A humanidade vive um momento desafiador, um vírus chamado de covid -19 se espalhou de forma planetária, levando mortes, falências, desesperos, ansiedade, atingindo a todos, sejam nações ricas ou pobres.

De repente, os planos de viagem, comprar uma casa nova, um carro novo, roupa nova, livros, fazer um intercâmbio, tudo mudou, como diria o grande poeta Raul Seixas: o mundo parou.

O medo da doença, da morte, do sofrimento, o colapso do sistema de saúde, o pouco conhecimento do novo vírus, assustou o mundo, a cidade de Veneza parou, New York, Londres, Paris e São Paulo, também pararam, o mundo parou, as pessoas se assustaram, mesmo que por pouco tempo.

A ciência começou a pensar, agir, pesquisar e em pouco tempo, menos de um ano, uma série de vacinas surgiram para combater o perigoso vilão, o mundo se encheu de esperança, 2021 vai ser melhor, diminuiu a primeira onda, mas o vírus é mutante e veio a segunda onda pior do que a primeira, com mais mortes e tensão na rede de saúde, num momento em que os profissionais de saúde estão exaustos, as pessoas cansadas, a economia cambaleante, mas o vírus continua forte

Não obstante esse cenário catastrófico, vozes gritam contra a ciência, remédios milagrosos são popularizados nas redes sociais, as vacinas são atacadas, de repente a idade média se faz presente, o negacionismo, o obscurantismo, a crença que vermífugos matam vírus, o mundo endoidou, o desespero tomou conta, mas aos poucos a ciência vai vencendo a batalha, a pesquisa, o método científico, o experimento, comprova, o único caminho é a vacina.

A medida que a vacina avança a ciência vai se impondo, a descrença e desconhecimento vão diminuindo, a esperança retorna, será 2022 definitivamente uma ano melhor, sem doença, com abraços e apertos de mão, o mundo toda sonha com esse momento de novo.

Com certeza a vacina trará o retorno a normalidade tão sonhada, contudo, num mundo novo, renovado, sofrido, com perdas, principalmente com a comprovação que muitas coisas precisam ser ajustadas.

A pressão consumerista sobre o planeta mostrou-se imprestável, não mudou a vida das pessoas, pelo contrário, terminou deprimindo muito mais, pois, todo o dinheiro e bens acumulados não serviam para nada, o efeito demonstração não existiu, todos trancados e com medo, quem viveu bons momentos em sua vida e de forma simples passou melhor nesse período de pandemia, lembrando o autor do livro The Small is Bautifull, pensador econômico, estatístico e economista no Reino Unido, Ernest Frederich Shumachaer.

A parada do planeta fez a renovação de grandes ecossistemas planetários, altamente impactados com o modelo de produção industrial voraz e cumulativo, essa trégua garantiu alguns anos de estabilidade sistêmica, reduzindo a pressão de poluição em todo o Planeta Terra.

A pandemia deve nos levar a novos caminhos ambientais, alterar a forma de produção de bens de consumo, mitigando ao extremo a poluição, trabalhando sustentabilidade, durabilidade e não exaustão dos recursos, além da avaliação de muitos bens produzidos, que se mostraram inócuos, desprezíveis e totalmente desnecessários.

Um novo mundo, fraterno, solidário, igualitário, com menos fome e exploração, porque essa catástrofe sanitária demonstrou que o continente europeu que se intitula está no primeiro mundo teve uma pandemia mais devastadora do que em outros continentes com condições sanitárias adversas, o vírus comprovou que a riqueza não estabelece imunidade, a ciência, o respeito, a igualdade e o equilíbrio planetário efetivamente servem de barreira.

A pandemia deve servir para a humanidade reprogramar seu Global Positioning System – GPS colocando as coordenadas de equilíbrio planetário, respeito mútuo, garantia dos direitos fundamentais e humanos, menos fome, menos miséria, pois uma coisa ficou de lição o PLANETA TERRA é nossa casa comum, independente do grau de acumulo de riquezas, as consequências são sistêmicas, a degradação é progressiva e ameaça a continuidade da vida.

 

Eduardo Lima de Matos é membro da Academia Sergipana de Letras Jurídicas, Promotor Ambiental de Aracaju, professor de Direito Ambiental UFS e ex-secretário de Meio Ambiente de Aracaju.

Autor

Eduardo Lima de Matos

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