Ibarê Dantas, ícone da historiografia sergipana

No rico contexto dos historiadores sergipanos, alguns nomes se destacam com devido enlevo e um deles, claro, reside na notável figura de José Ibarê Costa Dantas. Nascido na pequena em tamanho, Riachão do Dantas, mas enorme na exportação de grandes personagens, como no caso da admirável intelectual Terezinha Alves Oliva, Ibarê desfrutou de privilegiada infância. Seu descortinar para a vida se deu no ano de 1939, sendo o mesmo descendente de faustosa estirpe familiar, cuja renda provinha das grandes propriedades rurais que detinham. Seus pais eram os latifundiários David Dantas de Brito e D. Miralda Costa Fontes.

Ibarê Dantas pôde dessa forma estudar em colégios prestigiados desse tempo auferido, a exemplos do Colégio Maristas e Jackson Figueiredo. Seja em Salvador ou em Aracaju, Dantas teve o apanágio necessário para concluir seus estudos com relativa tranquilidade. Em nossas pesquisas sociológicas, verificamos que a maioria desses filhos bem-conceituados acabavam ingressando na tradicional Faculdade de Direito da Universidade Federal de Sergipe, só que no caso de Ibarê, ele até iniciou, mas depois mudou para o curso de História para a fortuna de Sergipe. Concluiu Mestrado em Ciência Política pela UNICAMP, bagagem que depois trouxe consigo nas pesquisas sobre a política sergipana.

Existe o antes e depois da atuação de Ibarê Dantas na área da historiografia sergipana, pois ele se tornou um dos grandes ícones. Sua extensa obra já é referencial para as ciências sociais em geral que se prezem, bem como os livros que publicou com esmero acerca de temas importantes como o movimento tenentista e os processos da atividade política em Sergipe. Sou fruto do curso de Ciências Sociais da UFS, e ao estudar a história desse referido no âmbito universitário, nota-se a relevância basilar de Ibarê Dantas na questão da fundação do Núcleo de Pós-Graduação em Ciências Sociais, para quem não sabe, essa semente se tornou o embrião do que hoje vemos como Mestrado e Doutorado em Sociologia da UFS.

Aposentou-se no ano de 1994 depois de uma vida dedicada à educação e pesquisa, contudo, é figura que não parou de produzir. Para termos uma ideia, escreveu e publicou no ano de 2010 a fascinante biografia de Leandro Maciel que se tornou investigação pioneira para quem realiza estudos acerca de personalidades sergipanas. O conjunto da sua obra é prolixo e reconhecido, seja em livros, capítulos de livros, artigos em revistas especializadas, textos para a imprensa, entrevistas para jornais, palestras e conferências. Nos tempos hodiernos não é despautério afirmar que Ibarê Dantas continua sendo um dos maiores intelectuais vivos, àquela figura que nos faz entender de maneira cristalina os fundamentais episódios que caracterizam a história recente de Sergipe.

De 2003 a 2010 foi destacado presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Dentre tantas ações, podemos elencar o início da digitalização dos documentos ali catalogados. Dantas recebeu o eminente título de Doutor Honoris Causa via UFS pelos inúmeros serviços prestados.

No aprazível seio doméstico é casado com a lendária antropóloga sergipana, a admirada Professora Beatriz Góis Dantas. Fico pensando em como não é um presente dos mais inomináveis estar presente nas suas fecundas conversações sobre as idiossincrasias desse fascinante Estado que é o idílico cenário sergipano. Conclui-se que Ibarê Dantas continua sendo luminoso exemplo de que quando a vocação é para a ciência, a mesma vem a se tornar dever na vida profissional.

Autor

Igor Salmeron

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