STF arquiva citação de Randolfe na Lava Jato
O Supremo Tribunal Federal decidiu arquivar a citação do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) no depoimento de Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará, delator da Operação Lava Jato. Ceará era o encarregado de transportar dinheiro enviado pelo doleiro Alberto Youssef – também colaborador nas investigações – a políticos e funcionários públicos que recebiam propina e declarou ter ouvido do doleiro que o senador havia recebido dele um repasse de R$ 200 mil.
Após Youssef negar o pagamento a Randolfe e dizer que não conhecia o senador, a sub-procuradora da República, Ela Wieko, que atuava como procuradora-geral em exercício, pediu ao STF o arquivamento desse trecho do depoimento de Ceará. Randolfe Rodrigues comemorou a notícia, mas disse que ela poderia ter saído antes. “Desde novembro tinha o pedido de arquivamento e desde setembro o Youssef tinha desqualificado essa informação”, afirmou o líder da Rede.
O despacho determinando o arquivamento foi feito pelo ministro Teori Zavaski, que é o responsável pelas investigações sobre o envolvimento de parlamentares nos casos de corrupção e desvio de dinheiro relacionados à Operação Lava Jato. Teori considerou a alegação de Wieko de que as alegações de Ceará foram feitas em caráter indireto – por ele ter “ouvido dizer” que o senador recebeu o dinheiro – e de que ele não forneceu dados que pudessem levar a uma checagem minuciosa dos fatos relatados.
Para Randolfe Rodrigues, a citação de seu nome no depoimento de Ceará foi plantada. O senador disse que pretende interpelar Ceará sobre isso, tão logo o Congresso volte do recesso parlamentar, para esclarecer de quem ele teria ouvido tal informação sobre o pagamento de propina.
“Eu não tenho dúvidas de que os mesmos que tentaram me intimidar para não representar contra Delcídio do Amaral (PT-MS) no Conselho de Ética [do Senado] são os que estão por trás dessa falsa denúncia. Essa história foi plantada, mais uma vez com o objetivo de me retaliar e intimidar. O que eles querem é fazer parecer que todos são iguais no Congresso”, afirmou.
No fim de 2015, após representar contra o ex-líder do governo Delcídio do Amaral no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar, Randolfe passou a investigado no mesmo conselho. O presidente do colegiado, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), acatou uma denúncia de 2013 contra o líder da Rede e a denúncia dele contra Amaral. Na ocasião, Randolfe acusou João Alberto de ter tentado intimidá-lo e de ter feito ameaças sobre a abertura do processo, caso ele fizesse a representação.
Fonte: EBC