Sônia Meire defende igualdade no processo eleitoral
Da redação, AJN1
A candidata Sônia Meire (PSOL), da coligação “Lutar Para Transformar Aracaju”, composta por PSOL e PCB, é a terceira a participar da série de entrevistas que a Agência Jornal de Notícias (AJN1) está realizando com os postulantes à Prefeitura de Aracaju. Uma das mulheres na disputa eleitoral, Sônia é paulista, professora universitária, de 53 anos, e conta com o jornalista Vinícius Oliveira, do mesmo partido, para o cargo de vice-prefeito.
Essa é a primeira vez que ela e a sigla disputam eleições na capital. Entretanto, concorreu ao posto de governadora, em 2014, ficando em terceiro lugar com mais de 46 mil votos. Nesta entrevista, Sônia expõe suas principais propostas, condena a “desigualdade” do processo eleitoral e acredita que pode avançar para o segundo turno.
Confira a entrevista na íntegra:
AJN1 – A candidata, junto ao PSOL, compõe uma Frente de Esquerda que levanta a bandeira de projeto alternativo, livre das "ranhuras oligarcas". Nesse sentido, quais seriam os projetos concernentes à saúde, assistência social e saneamento básico inseridos em seu plano de governo, caso seja eleita no dia 2 de outubro?
Sônia Meire – Nós, da Frente de Esquerda, propomos uma inversão das prioridades do orçamento para que a maior parte dos recursos públicos sejam para garantir os direitos sociais e o pagamento dos salários e não o pagamento de juros da dívida, como é feito atualmente. Para isso, precisamos realizar uma auditoria da dívida pública. Assim teremos condições de investir mais em saúde, assistência e saneamento, principalmente porque a nossa concepção de saúde é a de promoção e prevenção. Por isso, investir em saneamento também é investir em saúde. Água potável, ruas calçadas, famílias bem alimentadas, etc. Além disso desprivatizar a saúde, retirando as OS's e realizando mais concursos para todas as áreas de profissionais. Investir no PSF e NASF, bem como na construção de maternidades e casas de parto para avançarmos no parto humanizado.
AJN1 – A sua campanha defende a sustentabilidade como modelo de gestão voltada para as necessidades do meio ambiente, pauta bastante discutida em todo o mundo. Como fazer de Aracaju uma capital sustentável e equilibrada, mesmo diante da intervenção de indústrias e construtoras, atuais predadoras do meio ambiente?
SM – Esse é o dilema que temos. É preciso ter coragem para enfrentar os grandes interesses. É preciso colocar a vida acima do lucro. Não há sustentabilidade com a devastação feita pelas grandes construtoras. É preciso ter limite para construir. Fiscalizar as indústrias. Trabalhar a coleta seletiva do lixo e o tratamento de água e esgoto. Recuperar a cobertura vegetal. Há uma série de propostas. Mas o principal é organizar a cidade para viver e não para especular para meia dúzia de grandes empresários. Enquanto não tivermos força política para frear o avanço da especulação imobiliária, não teremos condições de avançar na pauta ambiental.
AJN1 – Em 2014, a senhora participou das eleições como candidata a governadora do Estado e recebeu mais de 46 mil votos, números expressivos, já que a senhora não fazia parte de nenhuma aliança com poderio econômico partidário. Este ano, qual a estratégia para convencer o eleitor a votar no seu projeto político? Está confiante num possível segundo turno?
SM – Sim. Pela primeira vez estamos concorrendo a prefeitura de Aracaju. Tanto eu, quanto o PSOL. A receptividade tem sido fantástica das pessoas nas comunidades e nos seus locais de trabalho e estudo. Infelizmente o processo eleitoral é desigual, e impossibilita que os trabalhadores tenham acesso às nossas propostas de forma mais efetiva. Mesmo assim, o sentimento de rejeição à velha política das campanhas milionárias manipulada pelos marqueteiros está cada vez mais forte. Por conta disso, achamos que podemos surpreender e disputar para valer o segundo turno em Aracaju. Temos usado bastante as redes sociais e o diálogo nas ruas. Seria a chance de, pela primeira vez, eleger uma mulher prefeita na capital.
AJN1 – A senhora tem dito que a sua campanha não aceita doações de empresas, por acreditar que empresário não financia, e sim, faz investimento. Como está sendo a arrecadação para levantar fundos? A senhora acha que seria mais democrático que todos os partidos pudessem competir em igualdade neste sentido?
SM – Sim. Seria fundamental uma eleição em que todos tivessem as mesmas condições. Mas o capitalismo e suas estruturas ditas democráticas são exatamente isso: um sistema injusto. Temos recebido doações que vão desde R$10 ou R$20 até doações de R$100 e os que podem doar mais, chegam até R$1000 ou R$2000. Todas são doações feitas por trabalhadores com muita dificuldade, mas com muita esperança de construir um projeto autônomo, que não tem vínculos com o grande empresariado e os políticos corruptos. No próximo domingo estaremos realizando uma feijoada para arrecadar fundos com a militância, pois acreditamos na construção de um projeto coletivo. É assim que pretendemos conquistar o povo trabalhador de Aracaju.
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