Sindicatos e Governo do Estado não se entendem e negociações fracassam

Joângelo Custódio, repórter AJN1

“O Governo mantém diálogo aberto com os sindicatos e passa por problemas financeiros”. Este é o repetitivo discurso do governo de Sergipe todas as vezes que uma classe sindical o procura para pedir aumento de salário e não entram em acordo. Esta eloquência governista, se ampara na problemática real do déficit previdenciário  ?  que deve alcançar o teto de R$950 milhões este ano  ? , não agradou aos 14 sindicatos de diferentes classes do funcionalismo público em reunião com o vice-governador, Belivaldo Chagas, no Palácio dos Despachos, na tarde desta segunda-feira (3), visando, sobretudo, a implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV), pedido já caduco.

Segundo Belivaldo Chagas, a situação financeira se agrava em função da crise nacional e da diminuição da arrecadação estadual. Além disso, o Estado não está arrecadando sequer o suficiente para fazer pagamento da folha, categoricamente evidenciado no mês de julho, quando o governo teve que parcelar os vencimentos de algumas classes.

“Veja que tivemos que parcelar o salário neste mês. Temos atualmente déficit mensal na ordem de R$ 85 milhões com previdência, este ano o déficit vai chegar a R$ 950 milhões. Temos como orçamento total para a Segurança Pública em 2015 o valor de R$ 966 milhões. Portanto, o déficit da previdência é quase o orçamento para Segurança Pública no Estado de Sergipe para 2015”, contabilizou ele, com ar de quem não pode fazer nada.

Para o secretário de Estado do Planejamento, João Gama, a implantação do PCCV é uma prioridade da gestão. Ele expõe que Sergipe faz sacrifício para manter o orçamento, fazendo cortes necessários para conseguir sinalizar um reajuste para o trabalhador. “Para terem uma ideia do sacrifício que o Estado vem fazendo, o orçamento de 2016 prevê um custeio das secretarias e órgãos de R$ 145 milhões. Isso é abaixo do orçamento de 2013, que foi de R$ 162 milhões”, disse.

Notícia velha

 

O presidente do Sindicato do Fisco de Sergipe (Sindifisco), Paulo Pedroza, disse que o desfecho da reunião é notícia velha. "Não tivemos nenhuma novidade. O governo não apresentou proposta nenhuma às nossas reivindicações, o que nos deixa preocupados, porque falar de crise e que falta recurso não é novidade, agora a prioridade do governo tem que ser dada”.

Já o presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB/SE), Edval Goes, disse que o governo, eleito pelo povo, precisa buscar soluções para remunerar bem os trabalhadores que estão três anos com salários defasados. “O governo fica colocando os números todo dia numa mesma nota só, mas queremos que o governo consiga buscar alternativas e soluções para que o acordo feito pelo governo em 2014 seja cumprido”.

 

Para continuar as discussões e exposição das reivindicações das categorias, foi solicitada a criação de comissão permanente de negociação, acatada pelo Governo.

 

Participação

Participaram da reunião os representantes dos Sindicatos dos Servidores da área de Saúde (Sintasa), Penitenciários (Sindpen), Condutores de Ambulância de Sergipe (Sindiconam), Policiais Civis de Sergipe (Sinpol), Trabalhadores do Serviço Público (Sintrase), Enfermeiros (Seese), Psicólogos (Sinpsi), Médicos (Sindimed), e da Associação dos Delegados da Polícia de Sergipe (Adepol).

 

Foto: Victor Ribeiro/ASN