Prefeita de São Cristóvão renuncia após denúncias de fraude em merenda escolar

01/06/2015

22h30

Por Joângelo Custódio

 

A prefeita de São Cristóvão, Rivanda Batalha (PSB), pegou os sergipanos de surpresa no início da noite desta segunda-feira, 1º, ao apresentar carta de renúncia do mandato. A entrega do cargo acontece em menos de 24h após exibição de reportagem produzida pelo programa Conexão Repórter, do SBT, sobre fraudes na merenda escolar de municípios sergipanos, com ênfase na quarta cidade mais antiga do Brasil. A renúncia será lida nesta terça-feira, 2, na Câmara Municipal. Assumirá o cargo o vice-prefeito Jorge Eduardo Santos (PSB).

 

Na carta, a prefeita destaca que não tem envolvimento com as denúncias e coloca à disposição da Justiça todos os seus dados bancários, fiscais, sigilo telefônico ou qualquer medida que possa colaborar com a elucidação do fatos. "A matéria deixa bem claro a falta de caráter dos empresários com objetivo exclusivo de fraudar procedimentos licitatórios, porém, não traz nenhum indício de que a gestão tenha deixado de atender aos princípios que norteiam a administração pública", defende-se a gestora.

 

Rivanda colou em xeque a lisura do programa comandado por Roberto Cabrini. "A matéria é mentirosa, tendenciosa e foi editada com objetivo de atrair a atenção dos telespectadores para ganhar audiência. As escolas municipais citadas pelo apresentador estão dentro do padrão definido pela Legislação Federal. As merendas são oferecidas regularmente e, inclusive, as escolas foram reformadas. As escolas que estavam sem merenda são unidades que pertencem à rede Estadual de Ensino, ou seja, que não sofrem qualquer ingerência administrativa da prefeitura", rebate.

 

Junto com a carta de renúncia, a prefeita apresentou seu pedido de desfiliação do Partido Socialista do Brasil (PSB), sigla a qual era filiada.

 

Entenda

 

O programa Conexão Repórter, do SBT, exibiu no domingo, 31, o documentário "Os Senhores da Fome". Trata-se de uma investigação que durou quatro meses e descortina uma rede de empresários que se uniu a políticos para fraudar licitações de merenda escolar em Sergipe. A reportagem foi comandada pelo jornalista Roberto Cabrini, que esteve em Sergipe à frente da investigação. 
 

 

O programa se infiltrou nos bastidores de reuniões, que foram registradas com câmeras escondidas. Segundo o documentário, os acusados confrontados são chefões e articuladores de um esquema de corrupção que afeta centenas de escolas e mais de 200 mil crianças, que mal têm o que comer e dependem diretamente do alimento que deveria ser servido nas escolas. 

 

 

O documentário mostra gravações secretas de como os empresários produzem licitações com cartas marcadas e superfaturam o preço da merenda, definindo quem vai ganhar e quem vai perder com pagamentos de propina que incluem governantes. A reportagem mostra ainda o desespero de pais e professores, a instalação do medo e como a manipulação que fabrica um sistema perverso.