Organização criminosa pode ter desviado quase R$3 mi das verbas de subvenções

Após grande operação que culminou nas prisões de cinco pessoas envolvidas em desvios das verbas de subvenções sociais da Assembleia Leislativa, a Polícia Civil (PC), por meio do Departamento de Crimes contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap), juntamente com o Grupo de Combate à Improbidade Administrativa do Ministério Público Estadual (MPE) apresentaram na tarde desta terça-feira (24), detalhes sobre os desdobramentos das investigações.

 

Foram desviados em quatro anos, de acordo com a delegada do Deotap, Daniele Garcia, aproximadamente R$3 milhões para a Associação Sergipana de Produtores de Eventos (Aspe), empresa considerada o pivô das investigações.

 

“Três milhões foram encaminhados desde 2011 para uma entidade que tinha como característica principal, não possuir serviço de utilidade pública algum. Somente em 2014, foram destinados R$ 750 mil. Nos desdobramentos das investigações foi possível conectar outras 12 empresas relacionadas com a associação”, detalha.

 

Hoje, como complemento da etapa das investigações, foram cumpridos mandados de prisão preventiva em desfavor de Wilson Felix de Farias – mandante do esquema; Edivania Menezes – esposa e articuladora do mesmo esquema, tendo inclusive já sido presidente da associação; Alessandra Santos Meneses – responsável por sacar cheques com valores chegando a R$ 100 mil, tanto da associação, como de empresas conectadas; André dos Santos Almeida – motorista de Wilson e auto intitulado “faz tudo”, além de movimentar contas bancárias; e Márcio José Goes presidente da Aspe e sócio da empresa de eventos W4.

 

Em análise às provas documentais, a PC e o MPE estabeleceram conexões entre 12 empresas diferentes que recebiam verbas da associação para prestação de serviços de utilidade pública. Dentre elas, foi possível identificar que diversos nomes e endereços coincidiam na listagem documental. “Sócios de uma empresa X, eram também sócios de uma empresa Y. E encontramos documentos de todas elas, dentro da empresa WA. No cumprimento dos mandados de prisão e apreensão, apesar de a WA estar praticamente vazia e com documentos revirados, numa clara tentativa de obstruir os trabalhos da polícia, localizamos documentos de todas elas”, destacou a delegada da Deotap, Nádia Flausino.

 

“Desta forma, é possível depreender segundo as investigações, que todas as empresas faziam parte de um mesmo grupo, uma associação criminosa montada para surrupiar dinheiro público, na qual, o mandante do crime é Wilson Felix. Apesar de não possuir nada em seu nome, está claro como foram utilizados laranjas, inclusive a própria esposa, Edivania Meneses, para orquestrar o esquema”, informa Daniele Garcia.

 

O promotor Henrique Cardoso destacou a importância do trabalho em conjunto entre as diferentes instituições. “O MPE encaminhou boa parte da documentação. Foram dois meses estabelecendo conexões e fundamentando provas para a oferta da denúncia. No momento da prisão, todos se reservaram ao direito de permanecer em silêncio. Somando os 10 dias para a delegada concluir o inquérito e os 5 para o MPE oferecer a denúncia, no mínimo eles permanecerão presos por 15 dias”, afirma.

 

A delegada Daniele Garcia informou ainda, que provavelmente haverá desdobramentos desta etapa da investigação, posto que há ligação de algumas empresas prestando serviço para prefeituras municipais, o que pode indicar um esquema de licitações no Estado.

 

Agentes do Complexo de Operações Especiais (Cope) auxiliaram no cumprimento dos mandados. Foram apreendidos cinco carros de luxo e R$ 210 mil em espécie, esse último na casa de Wilson.