MPE quer a cassação do mandato de Adelson Barreto

 

O Ministério Público Estadual informou nesta segunda-feira, 15, que vai processar o deputado Federal Adelson Barreto (PTB) e o vereador Antônio Arimateia, do município de Capela, além de outras cinco pessoas que estão sendo investigadas por crime de improbidade administrativa. O processo está em tramitação na 7ª Vara Cível de Aracaju.

 

Segundo o MPE, verbas de subvenções foram enviadas, pelo então deputado estadual Adelson Barreto, em 2014, para a Associação Lira Nossa Senhora da Conceição em Capela e Associação de Moradores José Augusto dos Santos, de Muribeca, e uma parte voltava para o bolso do deputado. Por meio de um acordo de delação premiada, o vereador Antônio Arimatéia confessou como funcionava o esquema de desvio de dinheiro das entidades beneficiadas. 

 

Para o promotor de Justiça Henrique Ribeiro Cardoso, as investigações estão avançando e a tendência é que, até o final do ano, aconteçam prisões e diversos municípios do Estado. “O vereador Antônio Arimateia confessou que, após a repercussão das verbas de subvenção, o deputado federal Adelson Barreto repassou mais R$10 mil a cada um dos envolvidos no esquema para contratar advogados e livrar o parlamentar das acusações. 

 

Conforme o MPE, os saques foram feitos em uma agência do Banese em Capela por uma amiga do presidente da associação, identificada como Michele Silva. Toda a movimentação foi filmada por imagens internas cedidas pela agência.

 

Bruno Melo, promotor de Justiça, detalhou o esquartejamento do dinheiro público. "Foram duas associações e encaminhadas para cada uma delas R$300 mil. Na primeira Associação Lira Nossa Senhora da Conceição, foram destinados R$300 mil e, segundo as investigações, R$200 mil voltaram para o deputado, R$ 30 mil para o presidente, R$30 mil para o vereador e R$40 mil distribuídos entre a proprietária de uma construtora e uma engenheira que já morou em Capela. Da parte que ficou para o presidente da associação, ele gastou R$3 mil em pintura e reformas, ou seja, 99% foi desviado de sua função”, afirma de forma categórica.

 

O promotor Bruno Melo disse ainda que ficou constatado que o deputado Adelson Barreto não tinha contato com o presidente da associação. “O presidente da associação só fiou sabendo porque o vereador, que era o intermediário, falava para ele: "Nós temos x de verba e ele que que x retorne para ele. Só havia contato direto entre o vereador, o presidente e os demais envolvidos”. 

 

O vereador foi o mais votado na campanha de 2012 e apoiou a campanha de Adelson para deputado Federal em 2014.

 

Uma ação civil pública foi encaminhada à 7 vara cível de Aracaju, já a questão criminal, que envolve os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, foi encaminhada à Procuradoria Geral da República, já que o deputado Federal Adelson Barreto possui fórum privilegiado.