Michel Temer subtrai de Dilma votos do PP e PMDB; Planalto já esboça pessimismo
Da redação, AJN1
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) talvez tenha conseguido virar o voto de parlamentares do PP e do PMDB horas antes da votação do impeachment no plenário da Câmara dos Deputados. Tal especulação instalou um clima de pessimismo no agrupamento que defende a presidente Dilma Rousseff.
Até ontem (16), o deputado federal Dudu da Fonte (PP-PE) tinha voto certo contra o impeachment, mas hoje foi convencido por aliados do vice-presidente a abandonar o Planalto e apoiar o afastamento da mandatária.
Com a proposta do governo de assumir o Ministério da Integração Nacional, caso o impeachment fosse barrado, o congressista vinha capitaneando estratégia favorável à presidente dentro na bancada governista.
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), grande aliado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também estaria reconsiderando apoiar a petista.
O governo tinha a esperança de que os dois trariam pelo menos mais quatro votos no PP, além do deles, contra a saída da presidente.
Contudo, o vice-presidente conseguiu o apoio de dois parlamentares que se consideravam indecisos: o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Mauro Lopes (MG), e José Priante (PA).
Conforme esse último, a vitória do impeachment "está garantida". Nas contas do grupo de Temer, Dilma deve ter cerca de oito votos no partido, incluindo a abstenção do deputado federal Aníbal Gomes (CE). Se as mudanças se confirmarem, o Planalto já reconhece contar com menos 172 votos para a votação deste domingo.
Até a noite de ontem, o número fechado era de 170 votos. Com o revés, o governo pretende tentar aumentar o número de ausências e abstenções ainda neste domingo.
A presidente passou a manhã no Palácio da Alvorada, em telefonemas para parlamentares da base aliada, sobretudo do PMDB. Dilma tem contado com a ajuda dos ministros Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia).
O agrupamento de Dilma admite que tem havido "traições" por parte da família do ex-presidente José Sarney, do presidente do PR, Alfredo Nascimento, e de governadores, como Robson Faria (PSD), do Rio Grande do Norte.