JB se desculpa por mudar nomes de escolas que homenageiam figuras da Ditadura sem consultar
Da redação, Joângelo Custódio
Em uma solenidade a qual o governador Jackson Barreto sintetizou como “histórica”, também havia espaço para um taciturno pedido de desculpas. O evento em questão, ocorrido hoje (14), no Palácio dos Despachos, ficou marcado com as assinaturas dos decretos que mudam os nomes de três escolas (Presidente Médici, Castelo Branco e Costa e Silva) e um estádio de futebol (Presidente Médici, em Itabaiana), que homenageavam figuras sinistras do Regime Militar, seguindo as diretrizes do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade.
As unidades de ensino passarão a se chamar, respectivamente, Nelson Mandela, Paulo Freire e professor João Costa. Já o estádio estadual de futebol Presidente Médici, agora chama-se Etelvino Mendonça.
Mas as alterações, que apagam das fachadas a obscuridade de um período autoritário nefasto, aconteceram da porta do palácio governista para dentro, sem pedir a sugestão de alunos e professores, e isso incomodou. Entretanto, o erro foi reconhecido hoje pelo chefe do Executivo.
“A comunidade está na razão. Ela deveria ser consultada. Reconheço isso e eu não sou infalível. As novas homenagens são justas, a exemplo do Mandela, que demonstra para o mundo a liberdade e democracia. O contrário do nome antigo da escola, que era chamada de Presidente Médici, um homem muito perverso, onde aconteceram as mais graves violações dos direitos humanos do país. Estamos fazendo história para um dia histórico para nosso Estado”, explica-se Jackson, salientando que, após a assinatura do decreto, a comunidade não pode mais pedir alterações.
Há duas semanas, alunos do Colégio Costa e Silva realizaram um ato criticando o posicionamento do governo. Eles queriam estar inseridos na discussão de escolha do novo nome, mas não chegaram a ser consultados. Insatisfação também por parte dos alunos do Presidente Médici, que estranharam a escolha do nome Nelson Mandela.
Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade
O Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), destaca em sua recomendação 49: Com a mesma finalidade de preservação da memória, a CNV propõe a revogação de medidas que, durante o período da ditadura militar, objetivaram homenagear autores das graves violações de direitos humanos. Entre outras, devem ser adotadas medidas visando:
• cassar as honrarias que tenham sido concedidas a agentes públicos ou particulares associados a esse quadro de graves violações, como ocorreu com muitos dos agraciados com a Medalha do Pacificador;
• promover a alteração da denominação de logradouros, vias de transporte, edifícios e instituições públicas de qualquer natureza, sejam federais, estaduais ou municipais, que se refiram a agentes públicos ou a particulares que notoriamente tenham tido comprometimento com a prática de graves violações.