A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) informou nesta segunda-feira (24) que está colocando suas tropas de prontidão e enviando mais caças e navios para o Leste Europeu. A medida é uma resposta aos crescentes temores de que a Rússia pode invadir a Ucrânia.

A organização militar liderada pelos Estados Unidos disse que está reforçando seu poder de “dissuasão” na área do Mar Báltico. A Dinamarca decidiu enviar uma fragata e aviões de guerra F-16 para a Lituânia. A Espanha também deslocará navios de guerra para a região e poderá enviar caças para a Bulgária. A França disse estar pronta para transportar tropas para o território búlgaro.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que “tomará as medidas necessárias para proteger e defender todos os aliados, incluindo reforçar a parte leste da aliança”.

“Sempre responderemos a qualquer deterioração no nosso ambiente de segurança, inclusive por meio do fortalecimento de nossa defesa coletiva”, afirmou.

Embora a Ucrânia não seja integrante da Otan, autoridades ocidentais afirmam que qualquer conflito pode afetar os países vizinhos, que fazem parte da aliança militar.

No fim de semana, alguns dos países-membros da Otan mais próximos da Rússia — Estônia, Letônia e Lituânia — confirmaram que planejavam enviar mísseis antitanque e antiaéreos fabricados nos EUA para a Ucrânia, uma medida apoiada pelo governo americano.

Ao longo dos últimos meses, a Rússia mobilizou mais de 106 ml soldados perto de sua fronteira com a Ucrânia, gerando temores de que poderia invadir o país vizinho mais uma vez, após ter anexado a península da Crimeia em 2014. Moscou nega as acusações feitas pelos países ocidentais.

A declaração da Otan foi feita pouco depois de vários países terem informado que tomaram medidas para retirar da Ucrânia os familiares de diplomatas baseados em Kiev.

Depois dos Estados Unidos, o Reino Unido ordenou que vários funcionários da embaixada e familiares dos profissionais da missão em Kiev deixem a Ucrânia, citando os riscos de o país ser alvo de uma ação militar significativa.

O anúncio da Otan foi feito enquanto ministros das Relações Exteriores da UE se reúnem para dar uma nova demonstração de apoio à Ucrânia e discutir como ajudar o país a enfrentar a ameaça apresentada pela Rússia.

“Estamos mostrando uma união sem precedentes sobre a situação na Ucrânia, com uma forte coordenação com os EUA”, disse o chefe de política externa da UE, Josep Borrell.

Os chanceleres europeus pretendem renovar o apelo ao diálogo por meio do “formato de Normandia”, que ajudou a aliviar as hostilidades na região em 2015, um ano após a invasão da Crimeia.

Caso a Rússia volte a atacar a Ucrânia, o país terá de enfrentar “consequências enormes e custos severos”, segundo os chanceleres da UE. Esses custos seriam de natureza política e econômica. O bloco diz que está pronto para aplicar sanções contra Moscou pouco depois de qualquer movimento militar.

Questionado se a UE seguiria os EUA e ordenaria que as famílias de seus diplomatas deixassem a Ucrânia, Borrell descartou a possibilidade, mas disse que conversaria com o governo americano sobre a decisão.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, disse que a decisão dos EUA foi um “passo prematuro” e um sinal de “cuidado excessivo”. Ele afirmou que a Rússia está semeando o pânico entre os ucranianos e os estrangeiros para desestabilizar o país.

Fonte: Valor Econômico