Tiroteio na Rua São João causa a suspensão da festa

Aline Bittencourt

 

A festa com programação junina, que acontece há 105 anos na Rua São João, no Bairro Santo Antônio, em Aracaju, foi cancelada. O evento tradicional neste período do ano, segundo os organizadores, não vai mais acontecer por falta de policiamento no local. Quem esteve na abertura da festa na quarta-feira, 3, presenciou momentos de angústia e violência.

 

Por volta das 22h desse dia, criminosos adentraram ao evento e realizaram vários disparos. Houve tiroteio e cinco pessoas ficaram feridas.Paredes de casas com marcas de tiros, sangue no chão e muito tumulto se fizeram protagonistas de uma cena de terror. De acordo com informações de testemunhas, os autores do crime deixaram o carro estacionado numa rua próxima e seguiram em direção à festa, onde começaram os disparos.

 

“Foi uma situação desesperadora. Idosos, crianças, todo mundo correndo de um lado pro outro. Nunca imaginei que fosse passar por isso”, desabafa o comerciante Antônio Silva, que trabalha no evento há 25 anos.

 

Situação das vítimas

 

Socorridas pelo Samu, as cinco vítimas feridas, uma em estado grave, foram levadas para o Hospital Governador João Alves Filho (HGJAF). A assessoria de comunicação da unidade hospitalar informou que Wendel Santos Feitosa (paciente em estado grave) deu entrada com fratura no fêmur e está internado na ala vermelha.

 

A outra vítima foi operada e está sob observação médica, e o estado de saúde é estável. Os outros três feridos receberam cuidados médicos e foram liberados em seguida.

 

Sem segurança

 

Para o presidente do Centro Social da Rua São João, José Ronaldo Alves, que organiza a festa junina no local, a única solução é suspender o evento por falta de segurança. Conforme José foi protocolado no quartel da PM, no dia 12 de maio, o pedido de policiamento para o local.

 

“Nós levamos o documento com 18 dias de antecedência. Este é um evento bacana, legal, com participação de várias pessoas. Mas, sem segurança infelizmente nós vamos suspender e esperar uma providencia da Polícia Militar, dando condições de continuar”, justifica a organização da festa.

 

Pedido indeferido

 

Porém, a Polícia Militar de Sergipe revelou em entrevista a esta esquipe de reportagem do Jornal Correio de Sergipe que no dia 13 de maio, o Centro Social da Rua São, na pessoa do presidente João José Ronaldo Alves, foi notificado por escrito do indeferimento do policiamento.

 

“Elencamos três razões para que o pedido fosse indeferido. Primeiro, o pedido está fora do prazo. Conforme portaria do comando da Polícia Militar 008/2013, (que regulamenta uso do emprego da PM em festa em locais públicos) na época de junho, a antecedência da solicitação de policias deve ser feita com 40 dias, por conta da alta demanda. Já em outros períodos, o prazo é de 30 dias”, diz o relações públicas da PM, Paulo Paiva.

 

Ainda segundo Paiva, a festa foi realizada em espaço aberto, sem nenhum planejamento para fechamento das entradas. “A organização do evento não fez o fechamento dos acessos e nem a contratação de segurança privada para evitar a entrada de pessoas armadas (o que também está previsto na portaria)”, afirma.

 

Além disso, o relações públicas destaca também que “a PM se encarrega pelo policiamento ostensivo externo. Porque é nos arredores que acontecem os crimes de maior gravidade. Um festa dessa envergadura exige que sejam escalados policiais extraordinário (escalados especificamente para o evento)”, finaliza.