Criminosos já explodiram 13 caixas eletrônicos em Sergipe somente este ano
Joângelo Custódio, repórter AJN1
Nos últimos meses, uma onda de explosões a caixas eletrônicos em agências bancárias vem aterrorizando o interior de Sergipe. Somente este ano, 13 explosões já foram contabilizadas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), sendo que, em três episódios, os bandidos conseguiram levar o dinheiro.
Os criminosos de hoje, embora munidos por carros robustos, artefatos tecnológicos e explosivos de alta precisão, ainda não perderam a malemolência e a preferência por agências bancárias em lugares óbvios e decifráveis: cidades “pacatas”, as cidadezinhas do interior, alvos considerados fáceis desde que a “profissão” de ladrão de banco começou a existir, lá pelas tantas do início do século XX e uns quebrados.
E cidadezinha sossegada em Sergipe é o que não falta. E com elas, ações rápidas e arquitetadas de quadrilhas armadas até os dentes, aterrorizando as agências bancárias de Norte a Sul, e deixando os moradores atônitos. Municípios como Propriá, Arauá, Pacatuba, Japaratuba, Poço Verde, Santo Amaro das Brotas, Capela, Aparecida foram alvos recentemente por esses criminosos em 2015.
Procurada pela AJN1, a presidente do Sindicato dos Bancários de Sergipe, Ivânia Pereira, disse estar preocupada com a frequência de ataques e que o problema está, tanto nos bancos, quanto na situação de insegurança que vive o Estado.
“Algumas instituições bancárias ainda deixam a desejar quanto ao cumprimento das normativas de Segurança Bancária, exigida pela legislação brasileira. No Plano de Segurança estabelecido pela Polícia Federal, é exigido aos bancos que cumpram pelo menos três dispositivos de segurança: equipamentos eletrônicos de filmagens; equipamentos que retardam a ação das quadrilhas como portas giratórias e fechaduras de cofres; e cabine blindada para vigilantes. Esses são alguns dos itens que, apesar dos bancos conhecerem e terem consciência da sua efetiva prevenção, não são implementados em sua totalidade”, explicou Ivânia.
Na legislação, os bancos são obrigados a instalarem pelo menos três equipamentos. Em Sergipe, segundo Ivânia, o Itaú vinha descumprindo essas normativas e só atendeu parte da legislação por força da mobilização do Sindicato e à ação do Ministério Público Estadual, parceiro incondicional.
Medo
O sentimento de insegurança, admite a líder sindical, tem afetado o psicológico dos bancários. “O medo dos funcionários começa logo cedo, quando estão se trocando para ir ao seu posto de trabalho. Com a onda de explosões, os bancários e bancárias não sabem o que pode acontecer com eles, em especial nas agências do interior sergipano”.
A sindicalista considera o número de ataques às agências de Sergipe ainda pequeno, quando comparado a Estados vizinhos. “Apesar das crescentes cenas de explosões de caixas eletrônicos, Sergipe, felizmente, tem um baixo índice de ocorrência se comparado a Alagoas e Bahia. Porém, as investidas das quadrilhas de bancos têm gerando acentuado sentimento de insegurança entre clientes e trabalhadores dos bancos das cidades sergipanas”.
Fenaban
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), segundo Ivânia, assim como a maioria das instituições bancárias, finge que nada está ocorrendo. “Anualmente, em nossas campanhas salariais, fechamos acordos que tratam da Segurança Bancária. Mas, a Fenaban não se empenha em obrigar os bancos a cumprir os acordos. Um dos exemplos notórios desse comportamento é o resultado do Projeto Piloto de Segurança Bancária de Pernambuco (Recife, Olinda e Jaboatã). Até agora, a Fenaban não sistematizou essas experiências em Pernambuco que podem ser implementadas em todo o País. Na Campanha Salarial dos Bancários estaremos fazendo essa cobrança”.
SSP
O assessor de Comunicação da Secretaria de Estado da Segurança Pública, Renato Nogueira, em entrevista ao AJN1, destacou a ousadia dos infratores na atuação em cidades que são mais pacíficas.
“As explosões de cashs são realidade em todo o Brasil, com certeza. Nos estados vizinhos (Bahia e Alagoas), há muitos registros deste tipo de crime. A polícia está preparada para investigar estes casos, sim. O exemplo disso, é que no ano de 2014, o Cope (Complexo de Operações Policiais Especiais) conseguiu elucidar 80% das ações deste tipo em Sergipe, prendendo os criminosos”, disse o assessor Renato Nogueira.
Renato fez questão de registrar que, no último mês de junho, o secretário de Segurança Pública, Mendonça Prado, esteve reunido com representantes do Sindicato dos Bancários para estreitar o diálogo e resolver os problemas.
Medidas
De acordo com Renato, a polícia sergipana está trabalhando com afinco para coibir as ações de explosões de caixas eletrônicos. “Investigamos os infratores. Está sob a responsabilidade do Cope conduzir as investigações. Com o objetivo de preservá-las, o Cope não pretende passar detalhes sobre os alvos que estão sendo investigados e a linha traçada para tal. Mas garante que todo o trabalho possível, no sentido de desarticular estas quadrilhas, está sendo realizados.
Uma operação conjunta envolvendo as polícias Civil e Militar, por meio de agentes do Complexo de Operações Policiais Especiais (Cope) e do Grupamento Especial Tático de Motos (Getam), culminou na desarticulação no último dia 27 de julho, de uma quadrilha especializada em explosões a caixas eletrônicos que atua em todo o Estado, além da apreensão de explosivos e materiais que seriam utilizados pelos suspeitos para a prática do crime a outras agências bancárias.
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