Rússia propõe aos EUA conversa entre líderes militares sobre crise
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que o governo Barack Obama está analisando uma oferta da Rússia para os dois países terem encontros entre dirigentes militares para analisar a situação na Síria.
Os EUA tem-se mostrado preocupados sobre uma possível presença militar.
Kerry afirmou que a proposta do encontro foi feita em um telefonema pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e que a Casa Branca e o Pentágono estão avaliando-a.
O secretário de Estado disse apoiar a ideia do encontro, ressaltando que os EUA querem ter uma imagem clara sobre as intenções militares da Rússia no país.
Lavrov propôs o encontro entre líderes militares para discutir o que precisamente será feito para evitar conflitos e riscos potenciais na região, disse Kerry em entrevista no Departamento de Defesa ao lado da ministra de Relações Exteriores da África do Sul, Maite Nkoana-Mashabane.
"É vital termos essas conversas para evitarmos mal-entendidos e erros de cálculo e para não criarmos uma situação na qual supomos algo e essa suposição esteja errada", afirmou Kerry.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, sem fazer comentários sobre um fato específico, disse que a administração Obama gostaria de receber um apoio construtivo da Rússia para os esforços da coalizão que o seu país lidera contra a facção Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Kerry disse que Lavrov lhe afirmou que a Rússia está interessada apenas em combater a ameaça que o Estado Islâmico representa na Síria. Mas o secretário de Estado salientou que ainda não está claro se essa posição pode mudar, fazendo a Rússia montar uma proteção ao ditador sírio, Bashar al-Assad, que os EUA querem ver fora do poder.
Kerry disse ainda que conversou nesta quarta-feira (16) com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que irá a Moscou na próxima semana para discutir com o presidente russo, Vladimir Putin, a situação na Síria.
Nos últimos dias, a Rússia enviou seis tanques, armas, unidades habitacionais portáteis, conselheiros militares, técnicos e guardas de segurança para a Síria, com o objetivo aparente de criar uma base aérea perto da cidade costeira de Latakia, um reduto do presidente sírio.
Autoridades dos EUA dizem que as intenções de Putin na Síria, em particular no médio e longo prazo, permanecem um mistério.
"O processo de tomada de decisão nesse tema é bastante opaco", disse o porta-voz da Casa Branca.
Funcionários do governo dos EUA argumentam que as soluções para duas importantes zonas de conflito do mundo, Ucrânia e Síria, têm de passar por Moscou, o que torna obrigatórias as conversas com o Kremlin.
Outros, porém, temem que realizar um encontro militar com Moscou seria ceder a Putin e recompensaria um líder tido como valentão pela comunidade internacional.