‘Crise conjugal não é maldição, mas uma oportunidade’, diz Papa

O papa Francisco afirmou neste sábado (6) que as crises, principalmente as conjugais, não são uma maldição, mas sim uma oportunidade de melhorar as relações.

A declaração foi dada durante encontro na Sala Paulo VI com membros da Associação Retrouvaille, um serviço oferecido a casais ou conviventes que sofrem graves problemas de relacionamento e que estão prestes a se separar ou já divorciados, mas que pretendem reconstruir o relacionamento.

“Me encontro em sua experiência, que nos convida a considerar a crise como uma oportunidade, neste caso uma oportunidade de dar um salto qualitativo na relação”, disse o Pontífice.

Francisco fez referência à exortação Amoris Laetitia, na parte dedicada às crises familiares, e levou em consideração, com base nas experiências dos casais, a outra palavra-chave: “feridas”.

“As crises das pessoas produzem feridas, chagas no coração e na carne. ‘Feridas’ é uma palavra-chave para vocês, faz parte do vocabulário diário da Retrouvaille. Faz parte da sua história: de fato, vocês são casais feridos que passaram pela crise e estão curados; e precisamente por isso são capazes de ajudar outros casais feridos. Vocês não abandonaram, você não foram embora. Vocês pegaram nas mãos a crise para buscar uma solução”, enfatizou.

Para o líder da Igreja Católica, “hoje há tanta necessidade de pessoas, de cônjuges que saibam testemunhar que a crise não é uma maldição, faz parte do caminho e constitui uma oportunidade”.

O Papa recorda o valor das feridas familiares que, se colocadas a serviço dos outros, ajudam a curar quem as vivencia e ressalta que a crise faz parte da história da salvação.

“O que devemos temer é cair no conflito porque é difícil encontrar uma solução no conflito. Por outro lado, a crise te faz dançar um pouco, às vezes te faz ouvir coisas ruins, mas da crise se pode sair, desde que dela se saia melhor”, acrescentou o argentino.

Jorge Bergoglio lembrou que dificilmente se pode sair sozinho da crise. Portanto exorta, saindo do discurso escrito, a não ter medo da crise, mas sim temer o conflito.

“Ouvir sua crise os convida a contar, a se expressar. E então os desperta de sua insensatez, surpreende-os revelando-lhes uma perspectiva diferente, que já existia, já estava escrita, mas eles não tinham entendido: eles não tinham compreendido que Cristo tinha que sofrer e morrer na cruz, que a crise faz parte da história da salvação”, explicou.

Por fim, o Papa insistiu que a “crise faz parte da história da salvação” e enfatizou que “a vida humana não é uma vida de laboratório, nem uma vida asséptica, como que banhada em álcool”. “A vida humana é uma vida de crise com todos os problemas de cada dia”.

Fonte: Terra