Reitor fala sobre o papel da Universidade Federal de SE

Em março deste ano, o Professor Doutor, Valter Joviniano de Santana Filho, tomou posse do cargo de reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS) para um mandato de quatro anos. Com apenas 40 anos de idade, ele é o mais jovem reitor a assumir o cargo na UFS. Valter Santana é natural de Salvador (BA) e ingressou na Federal de Sergipe como professor efetivo, em 2009. Professor Valter conversou com o jornal Correio de Sergipe (CS) sobre a contribuição da universidade no combate à Covid-19 aqui no estado, os serviços disponibilizados à sociedade pela universidade e ainda explicou quais atributos renderam à UFS o título de quinta melhor universidade do país, de acordo com a revista britânica ‘THE’. Acompanhe o resultado desse bate-papo:
Correio de Sergipe: No início do mês o senhor se reuniu com o prefeito de Aracaju. Qual o motivo do encontro?
Valter Santana: A aproximação da UFS com os gestores e o setor produtivo é um pilar estratégico de gestão. Entendemos que essa ação propiciará uma somação de forças em prol do desenvolvimento do nosso estado. Nessa perspectiva, temos recebido prefeitos de vários municípios com demandas para o estabelecimento de parcerias.
Na visita do prefeito Edvaldo Nogueira tivemos a oportunidade de dialogar sobre a aproximação da UFS com o município de Aracaju.
A universidade já atua nos diversos setores da Prefeitura, por meio de atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão. Atualmente, a UFS é a detentora de aproximadamente 90% da produção científica do estado de Sergipe e discutimos na reunião as possibilidades de transferência de conhecimento, com a inclusão de projetos de inovação tecnológica voltados à gestão municipal. Uma parceria que consolidará cada vez mais as relações institucionais na condução de políticas públicas em benefício da qualidade de vida do aracajuano.
CS: A De toda essa ciência produzida, quais áreas a universidade têm se dedicado?
VS: A geração de conhecimento novo é reconhecidamente uma das maiores potencialidades de uma nação, e é nas universidades um dos seus principais berços, através da própria geração de conhecimento ou na formação dos melhores quadros (profissionais) que atuarão inovando no mercado. A UFS produz quase 90% de trabalhos científicos publicados no estado, com destaque nas áreas da saúde, ciências exatas e tecnológicas, ciências agrárias e humanas.
Para enfrentar o período pós-pandemia Covid-19, a UFS vem dialogando com o estado para investir em iniciativas de inovação e transferência de tecnologias, visando o desenvolvimento de produtos, processos e ações diretas vinculadas aos serviços. Outro dado expressivo é que entre 3 a 4 pedidos de patentes realizados no estado são oriundos da UFS. Na saúde, os hospitais universitários são exemplos irrefutáveis da capacidade inovadora da instituição.
De fato, inovar é um dos pilares da instituição e a construção de um ecossistema de inovação virtuoso é cada vez mais desafiador. A Coordenação de Inovação e Transferência de Tecnologia (CINTTEC) e Centro de Empreendedorismo (CEMP) atuam na formação e qualificação de discentes (futuros profissionais), técnicos e docentes trazendo conceitos atuais de Open Innovation, start-ups ou scale-ups, visando incorporar a cultura empreendedora nos cursos de graduação e de pós-graduação da UFS. Os ecossistemas de inovação buscam estimular a interação entre diversos setores de uma sociedade, inclusive com ampliação do diálogo entre os atores de inovação, desenvolvedores, prestadores de serviços e as pessoas que empreendem.
CS: Que mudanças ocorreram desde o início de sua gestão?
VS: Nos últimos anos a UFS cresceu sua estrutura física e ampliou o quantitativo dos cursos de graduação e pós-graduação, além de ter ampliado sua inserção nos diversos municípios do estado de Sergipe. Desde que iniciamos a gestão, temos buscado consolidar e aperfeiçoar sistema de gestão da universidade com rotinas mais modernas para consolidar a estrutura de governança e complience [termo em inglês para conformidade] com adoção de práticas e regramentos que visem aumentar a eficiência na gestão. Esse conjunto de ações favorece a superação dos desafios que as Instituições de Ensino Superior (IES) enfrentam neste ano tão difícil, visando a ampliação do apoio e incentivo às ações de ensino, pesquisa e extensão na graduação e pós-graduação.
Estamos ampliando a oferta do número de bolsas de apoio pedagógico, pesquisa e extensão, favorecendo o alcance de maior número de discentes vinculados a projetos de interesse institucional, fruto de parcerias estratégicas, tais como CER IV e outros setores de prestação de serviços e produtivos do nosso estado. No campo do desenvolvimento tecnológico podemos citar o edital que fomentou a indução de startups, financiado pela UFS, em parceria com o Sergipetec e Acelera-SE, com 17 propostas voltadas ao surgimento de novas empresas .
CS: A universidade conta com quantos cursos atualmente, distribuídos em quantos campi?
VS: São 113 cursos, distribuídos em seis campi: Aracaju, Itabaiana, Laranjeiras, Lagarto, São Cristóvão e Nossa Senhora da Glória.
CS: A revista britânica Times Higher Education (THE) elencou a UFS como a 5ª melhor universidade do Brasil. A que se deve essa façanha?
VS: A 18ª edição do ranking analisou mais de 1.600 instituições de ensino superior de 99 países. A Universidade de Oxford (Reino Unido), o Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA) e a Universidade de Harvard (EUA) estão no topo da lista no mundo. A avaliação do Times Higher Education levou em consideração 13 indicadores de qualidade, agrupados em cinco categorias: desempenho do ensino; ambiente de inovação; projeção da internacionalização; volume, investimento e reputação em pesquisas científicas; e a repercussão das pesquisas em citações.
Isso demonstra que a UFS produz ciência de qualidade e transita na fronteira do conhecimento humano com repercussão para a vida prática das pessoas. Por isso esse indicador é levado em consideração nesses rankings mundiais.
Estar nesse ranking é colocar a universidade dentro do cenário internacional. Isso abre espaço para receber o fomento externo e parcerias internacionais. Cabe ressaltar que não é a primeira vez que a UFS tem se destacado nesse e em outros rankings, fruto de um trabalho planejado para a evolução da universidade, na melhoria dos indicadores da graduação e pós-graduação. Nossa responsabilidade é ampliar as condições para nos mantermos nesse patamar, o que na prática é ter o foco na formação de qualidade, com impactos positivos para a sociedade.
CS: Como a UFS ajudou no combate e contenção da Covid em Sergipe?
VS: A UFS, gestores, pesquisadores, técnicos, terceirizados e alunos estão atuando no enfrentamento à pandemia do coronavírus no estado. A instituição iniciou suas ações de combate à pandemia no dia 12 de março de 2020, com a instalação do Comitê Institucional de Prevenção e Redução de Riscos à Covid-19, com o objetivo de monitorar os riscos e os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde, para otimizar e potencializar as ações frente à pandemia, em conjunto com os órgãos da saúde do estado.
Várias ações foram realizadas e podemos destacar a produção de EPIs e álcool em gel, que no início da pandemia estavam escassos; os projetos de testagem realizados em todo o estado, em parceria com a secretaria de saúde e ministérios público federal e do trabalho, nas diversas fases da pandemia; a atuação dos hospitais universitários com leitos específicos para o tratamento de pacientes contaminados, além da capacitação de centenas de profissionais de saúde que atuaram na linha de frente do combate a pandemia; os projetos de desenvolvimento tecnológico em diversas áreas, como produção de equipamento de suporte ventilatório, dispositivos de desinfecção, sistemas de monitoramento de evolução da doença, dentre outros.
CS: Em qual área a UFS está discutindo com a Funesa a possibilidade de um Mestrado Profissional?
VS: A UFS oferta o curso de Mestrado Profissional em Gestão e Inovação Tecnológica em Saúde e a Fundação Estadual de Saúde (Funesa) nos procurou para apoiarmos ações para a capacitação de trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) e discutirmos a possibilidade de ofertas de vagas específicas para este público no programa de Mestrado Profissional. Essa iniciativa nos honra e fortalece o SUS no âmbito dos serviços e formação.
CS: O que ficou definido sobre esta agenda entre UFS e Funesa?
VS: Iniciamos a construção dos marcos legais para efetivação dessa parceria, com a perspectiva de oferta de vagas para o próximo processo seletivo previsto para o primeiro semestre de 2022.
CS: Existe atualmente algum plano de expansão da universidade?
VS: No momento estamos trabalhando para consolidar a expansão da UFS ocorrida nos últimos anos, buscando a melhoria da qualidade e desempenho acadêmico e a aproximação com a sociedade. A UFS está sempre em expansão, não só na infraestrutura, mas na sua atuação, em cumprimento a sua missão.
CS: Quais serviços a UFS disponibiliza para as pessoas que o senhor gostaria de divulgar?
VS: A UFS oferece serviços vinculados às diversas áreas de expertise de seu corpo docente e técnico, com a participação de discentes da graduação e pós-graduação, em atenção às demandas internas e externas por meio da elaboração de projetos de pesquisa e extensão com e sem captação de recursos. Destaco a atuação das associações de discentes sem fins lucrativos, as Ligas Acadêmicas, que atuam na capacitação e educação dos diversos segmentos sociais, e as empresas juniores que prestam serviços de qualidade para instituições públicas, privadas, governamentais e não governamentais. A inovação científica e tecnológica é um caminho novo que temos buscado para, juntamente com o setor produtivo, fomentar a diversificação da produção, favorecendo ao desenvolvimento econômico do nosso estado.