BNB aumentou sua participação no mercado de crédito em Sergipe

Por Cláudia Lemos
O entrevistado especial desta semana é o economista e funcionário de carreira do Banco do Nordeste (BNB), Antônio César de Santana. Natural de Propriá (SE), César é formado pela Universidade Federal de Sergipe, com pós-graduação em Gestão Financeira pela Universidade Tiradentes. Ingressou no BNB aos 16 anos e desde então passou por inúmeras funções no banco, em Sergipe e fora do estado. Hoje ele é o superintendente do BNB em Sergipe. Nesta conversa, ele fala sobre o importante papel do Banco do Nordeste e as operações de crédito realizadas em Sergipe. Para se ter uma ideia, pelos últimos dados revelados pelo Banco Central, o BNB é responsável por 72,1% dos financiamentos de Longo Prazo e 60,7% dos financiamentos de Crédito Rural realizados no estado. César conta que em meio a pandemia, o banco bem desenvolveu seu papel de agente propulsor da economia, inclusive aumentando sua participação no mercado de crédito. “Na performance dos dez primeiros meses de 2020, já aplicamos R$ 1.307 bilhões no Estado. No segmento de micro e pequenas empresas (MPE), segmento mais afetado pelas consequências da crise sanitária, foram aplicados 223 milhões, um incremento de 53% em comparação com igual período do exercício anterior em 2019”, diz. Ainda segundo César Santana, as empresas sergipanas demandaram R$ 150 milhões de crédito. Ele também comentou o desempenho do Crediamigo neste ano, que aplicou somente em Sergipe o montante de R$ 323 milhões até o dia 31 de outubro. “Por trás deste número estão mais de 89 mil empreendedores e suas famílias que estavam muito apreensivas com as dificuldades trazidas pela pandemia. Muitos estavam sem esperança, tristes por não verem uma saída diante do declínio de suas atividades. O crédito concedido devolveu a esperança para muitos deles em poder retomar suas atividades”, disse. Confira a entrevista a seguir:
1-O Banco do Nordeste tem como missão estar ao lado dos empreendedores nas adversidades, e nesse quesito 2020 está sendo realmente um ano singular, bastante difícil. O senhor avalia que o banco está conseguindo cumprir sua missão de socorrer o setor produtivo. Quanto o BNB já investiu na economia regional este ano, em especial em Sergipe?
O Banco está conseguindo cumprir sua missão e tem sido fundamental na vida de milhões de pessoas e empresas no enfrentamento desta crise sanitária que estamos passando. As aplicações globais do Banco do Nordeste em 2020 alcançaram, no último dia 13 de outubro, valor total de R$ 30 bilhões, correspondentes a 3,7 milhões de operações de crédito.
Deste valor total investido na área de atuação do BNB, que abrange os nove estados da Região e o norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, 68% são recursos oriundos do principal funding da Instituição, que é Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).
Em Sergipe, o Banco do Nordeste não só conseguiu apoiar os empreendedores em meio às dificuldades impostas pela pandemia do Covid-19, como aumentou a participação no mercado de crédito. Na performance dos dez primeiros meses de 2020, já aplicamos R$ 1.307 bilhões no Estado. No segmento de micro e pequenas empresas (MPE), segmento mais afetado pelas consequências da crise sanitária, foram aplicados 223 milhões, um incremento de 53% em comparação com igual período do exercício anterior em 2019. Através do Crediamigo, maior programa de microfinança urbana da América do Sul, o banco desembolsou até 30/10 o montante de R$ 323 milhões, registrando crescimento de 21% em relação ao igual período de 2019.
2-Em meio as adversidades deste ano de pandemia do novo coronavírus, que paralisou vários setores da economia, quais medidas o BNB adotou para facilitar a vida de seus clientes?
Apesar das limitações impostas por conta da crise sanitária o Banco do Nordeste, seguiu alinhado com as orientações do Governo Federal e trabalhou diuturnamente para apoiar os empreendedores nesse momento difícil e de desafios.
Deste modo, o Banco atuou em duas frentes, concedendo crédito subsidiado para as empresas e suspendendo e alongando as parcelas dos créditos já concedidos. Essas ações estão sendo fundamentais para manter a saúde financeira das empresas e garantir o emprego da população.
No âmbito do FNE Emergencial, linha de crédito especial operacionalizada exclusivamente pelo Banco do Nordeste e lançada pelo Governo Federal, com apoio do Ministério do Desenvolvimento Regional, o Banco do Nordeste contratou os R$ 1.822 bilhões previstos para investimento e capital de giro em socorro às empresas e empreendedores. As empresas sergipanas demandaram R$ 150 milhões em 10123 operações de crédito.
Além do trabalho realizado com o FNE e com a microfinança urbana, o Banco do Nordeste contratou, até 30/10, R$ 204 milhões disponibilizados pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), atendendo 3257 clientes.
Vale ressaltar que os créditos concedidos, traduzidos nos números apresentados, geram impactos diretos na manutenção e geração de emprego, aumento da massa salarial e incremento da arrecadação tributária.
Além disso, o Banco suspendeu as parcelas, ampliando o prazo de pagamento dos financiamentos contratados antes da pandemia.
3-O setor produtivo em Sergipe procurou mais crédito esse ano?
No Estado de Sergipe, o setor de Comércio e Serviços foi responsável pela maior demanda, principalmente para Capital de Giro. Em seguida tivemos o Agronegócio que demandou um volume de recursos considerável, notadamente para a cultura do milho e para pecuária de corte.
4-Salve engano, ao assumir a presidência do BNB o senhor disse que tinha como uma de suas missões dar mais agilidade ao processo de concessão de crédito. Como está o BNB nesse quesito. Há ainda muita burocracia?
A simplificação dos processos tem sido uma das nossas frentes de trabalho. Com relação a esse tema somos conscientes que há muito a avançar, mas também temos a convicção da importância do que já foi feito até o momento. Essa simplificação reduziu o tempo de espera pelo crédito e fez com que os números dos valores aplicados aumentassem. São exemplos de algumas simplificações: Dispensa de documentos que eram exigidos anteriormente à pandemia, ou dando prazo para entregar posteriormente; realização de cadastro de forma digital; acatamentos de documentos digitalizados e enviados via email, whatsapp, etc. e realização de solicitação de crédito ou parcelamentos das dívidas por meio virtual.
5-O Crediamigo do Banco do Nordeste, considerado o maior programa de microcrédito da América do Sul, criado em 1997 para oferecer capital de giro e investimento para micro e pequenos empreendedores, é bastante reconhecido. Qual tem sido o papel e a importância do Crediamigo para a região Nordeste, em especial Sergipe?
O Crediamigo do Banco do Nordeste tem sido fundamental para os microempreendedores, neste cenário de crise provocado pela pandemia que trouxe um desafio ainda maior para os microempreendedores, que é a necessidade de reinventar.
Foi aplicado somente no estado de Sergipe o montante de R$ 323 milhões até 30/10. Por trás deste número estão mais de 89 mil empreendedores e suas famílias que estavam muito apreensivas com as dificuldades trazidas pela pandemia. Muitos estavam sem esperança, tristes por não verem uma saída diante do declínio de suas atividades. O crédito concedido devolveu a esperança para muitos deles em poder retomar suas atividades.
6-Emprestar a pessoas de poucos recursos é um bom negócio? Qual é a taxa de inadimplência?
Sim. Emprestar para pessoas de poucos recursos traz bons resultados financeiros e sociais. A inadimplência deste público extremamente baixa. Vou citar o exemplo do Crediamigo cuja taxa de inadimplência é de aproximadamente 1%.
7-Em Sergipe, dos financiamentos realizados qual fatia o BNB fica?
No estado de Sergipe existem 195 agências bancárias, sendo que destas 17 são agências do BNB. Mesmo com apenas 8,7% da rede bancária, lideramos os financiamentos de longo prazo e o crédito rural. Conforme últimos dados divulgados pelo Banco Central, o BNB é responsável por 72,1% dos financiamentos de Longo Prazo e 60,7% nos financiamentos de Crédito Rural realizados no Estado (Posição de Jun/20).
8- O BNB abrange os nove estados do Nordeste, mais Minas Gerais e Espírito Santo. Embora atue em 11 estados, ou seja, menos da metade dos estados do país, mais de 50% do microcrédito do Brasil é operado pelo BNB. A que o senhor atribui esse sucesso e o que o banco tem feito para aumentar ainda mais o percentual de créditos?
Esse resultado só foi possível porque contamos com a dedicação de uma equipe aguerrida, que entendeu logo no início da pandemia o tamanho do papel do Banco em enfrentar seus efeitos na economia. O Banco utiliza a metodologia de crédito orientado e acompanhado e isso é com certeza um grande diferencial para o sucesso no crédito concedido para os setores produtivos. As parcerias com as entidades empresariais também foram fundamentais.
9- Vez por outra surgem especulações sobre uma possível privatização do Banco do Nordeste. O que o senhor pensa a respeito dessa questão?
O Ministro da Economia garantiu que a privatização do Banco do Nordeste do Brasil não está em estudo pela pasta e que a gestão da instituição financeira continuará sendo estatal. Penso que as possíveis ameaças de privatização sempre perdem força ou desaparecem completamente quando se põe em mesa o trabalho realizado pelo Banco do Nordeste e sua importância para a economia regional.
10-Nos últimos anos, o Banco do Nordeste vem superando seu desempenho, sempre fechando o ano com lucro. Qual a expectativa para o fechamento deste ano?
O BNB encerrou o primeiro semestre de 2020, com lucro líquido acumulado de R$ 332,5 milhões. Considerando lucro líquido recorrente, o resultado no primeiro semestre de 2020 foi de R$ 538,7 milhões. Fazendo um comparativo com resultado do mesmo período de 2019, que foi de R$ 484,6 milhões, tivemos um incremento de R$ 54,2 milhões. Temos a expectativa que fecharemos o ano com mais um resultado positivo do ano.
11- Qual mensagem o senhor pode deixar para o setor produtivo em geral?
A mensagem que deixo é de otimismo. É preciso acreditar. Sairemos dessa crise muito melhor do que antes. 2020 foi um ano atípico, mas com certeza um ano de muito aprendizado. Tivemos uma grande inversão nos hábitos de consumo e na matriz econômica. Alguns setores ainda sofrem os efeitos da crise, enquanto outros já recuperaram ou até mesmo ultrapassaram os patamares anteriores.
Se por um lado a crise sanitária trouxe um cenário de incertezas e desafios para os setores produtivos, por outro lado o governo e os bancos estatais foram incisivos no choque monetário para que as consequências econômicas não fossem piores. O Banco do Nordeste está dentro deste contexto e se coloca a disposição de todos empreendedores para apoiar no que for preciso.
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