Bilionário do setor rural da China é condenado a quase 20 anos de prisão

 

Depois do sumiço do bilionário chinês Jack Ma, proprietário da plataforma de comércio eletrônico Alibaba, que ficou três meses desaparecido este ano e acabou sendo autuado por “suspeitas de prática monopolista”, foi a vez de outro magnata do país, o produtor rural Sun Dawu, entrar para a lista negra do governo – e sofrer pesadas consequências.

Dawu, fundador do império agro Dawu Agricultural e Animal Husbandry Group, que emprega cerca de 9 mil pessoas, vai passar os próximos 18 anos na cadeia sob a acusação de “obstruir a administração governamental” e “convocar multidões para atacar órgãos do governo”.

Aos 67 anos, Dawu é considerado um dos empresários do setor rural mais bem sucedidos da China. Seu negócio começou com a criação de porcos e galinhas, em um pequeno empreendimento, até se transformar em um gigante de produção e processamento de ovos e carnes.

O produtor rural não se absteve de fazer críticas ao governo a respeito do surto de febre suína africana, que dizimou boa parte do rebanho chinês de porcos, e da forma como as autoridades lidaram com o início da crise da covid-19. No passado, ele também apoiou advogados de direitos humanos e dissidentes chineses.

Sun foi condenado à prisão em um julgamento que também considerou culpados 19 executivos de sua empresa e familiares — eles receberam sentenças que variam de 15 meses a 12 anos de detenção, incluindo a esposa e dois filhos do empresário. Além disso, a Dawu Agricultural foi obrigada a pagar uma multa de 480.000 dólares.

Não é a primeira vez que representantes bilionários de empresas privadas na China são autuados. Em abril, Jack Ma precisou desembolsar 2,78 bilhões de dólares como penalidade pelo crime de “abuso de posição dominante”. O Alibaba foi acusado de exigir exclusividade dos comerciantes que vendem em sua plataforma.

Sun decidiu concordar com a tese do governo. “A maneira como eles (o governo) me investigaram está fazendo as pessoas próximas sofrerem e aqueles que nos odeiam se alegrarem. Desejo assumir as acusações, mesmo que sejam graves, em troca da libertação de outros. Somos pessoas que contribuíram para a sociedade ”, afirmou.

Fonte: Exame