A partir de 2018, bloco de rua “Rasgadinho” terá novo formato

No período de 9 a 13 de fevereiro do próximo ano, os sergipanos e turistas que optarem por curtir a festa de Momo em Aracaju irão usufruir de um novo conceito de festa. Realizada pela Associação Cultural Rasgadinho (Acra) em parceria com a iniciativa privada e com o apoio dos governos Federal, Estadual e Municipal, a partir da próxima edição da festa o tradicional carnaval Rasgadinho passa a se chamar ‘Festival Brasileiro de Ritmos – Rasgadinho’ e vai oferecer aos foliões uma estrutura maior, com mais comodidade e segurança. A apresentação deste novo formato aconteceu no dia 7 de dezembro, no Bar Parati, com a apresentação de umas das atrações já confirmadas: o cantor Diogo Nogueira.

De acordo com César Viana, presidente da Acra, a entidade foi criada para gerir os produtos que existiam e estavam ligados ao Rasgadinho, a exemplo da feijoada e do carnaval, mas também, para impulsionar a cultura sergipana. Segundo Sandro Sanje, diretor de Marketing da ACRA, esse impulsionamento vai acontecer, através de uma plataforma de eventos que está sendo desenhada pela associação, e que contará com a participação das iniciativas pública e privada. “Ela vai gerar emprego, renda, proporcionar o aquecimento do setor de turismo de eventos e fortalecer o nosso cenário cultural”, explicou Sandro Sanje.

O novo modelo do carnaval de Aracaju foi inspirado no de divulgação e promoção de eventos praticados pela FIFA, e que foi adequado para os diversos tipos de acontecimentos realizados no país. Um dos modelos mais exitosos é o aplicado no carnaval de Salvador/Bahia, onde, de acordo com a equipe diretiva da associação, ela foi buscar conhecimento sobre captação de recursos, logística e sobre como fazer do ‘Festival Brasileiro de Ritmos – Rasgadinho’ um impulsionador ainda maior da economia local antes, durante e depois da festa.

“O principal financiador do carnaval serão os nossos parceiros da iniciativa privada, cujos nomes serão anunciados durante a feijoada, no dia 27 de janeiro de 2018, no Espaço Emes. Eles também serão os principais financiadores dos eventos que estamos planejando para todo o próximo ano. Os governos, nas três esferas de poder entrarão, já a partir do carnaval, como apoiadores desses eventos fornecendo estrutura logística, pois o objetivo da Acra é dar para a população entretenimento com responsabilidade e qualidade, mas desonerando os parceiros governamentais”, explicou César Viana.

As mudanças

A primeira coisa que precisa ser avisada é que a festa, que sempre foi gratuita e democrática continuará sendo, portanto, nestes quesitos tudo continuará igual. Mas quem participou do Rasgadinho em anos anteriores lembra que todos os palcos – do principal aos alternativos – ficavam distribuídos na Avenida Pedro Calazans, no trecho compreendido entre a Praça da Bandeira e a rua de Maruim.

Este ano, a Pedro Calazans será utilizada como concentração dos trios elétricos e dos foliões. Será montada ao longo do mesmo trajeto uma grande área de convivência para os participantes, que contará com arquibancadas, lounges e praças de alimentação. A festa vai começar às 9h com a apresentação de DJ’s que estarão nas duas estações montadas nesta área de concentração.

Os quatro palcos: coração da cidade; palco da música eletrônica; palco do forró, e palco do samba, MPB e chorinho serão redistribuídos na avenida Barão de Maruim, na extensão compreendida entre a Praça da Bandeira e a rua Santa Luzia. Os acessos principais para esta área – entrada e saída sul e norte – estarão na Avenida Gonçalo Prado. Antes mesmo que o desfile dos trios tenha terminado já estarão acontecendo apresentações nos palcos, pois a ideia é oferecer diversão para todos os tipos de públicos, ou seja, para quem gosta de dançar atrás do trio elétrico ou para quem curte algo menos agitado.

“Optamos por realizar todos os shows na Barão de Maruim por ser bem mais ampla e, desta forma, acomodar melhor os participantes”, frisou César Viana. Em 2016, um milhão e meio de pessoas circularam pelo Rasgadinho durante os cinco dias de evento. Com uma programação ainda mais atraente e repleta de grandes nomes da música brasileira, a estimativa da organização é que esse número aumente, em pelo menos, 30% em 2018.

O trajeto que será feito pelos trios elétricos durante o desfile também foi modificado. Durante os 14 anos de retomada do Rasgadinho o desfile dos trios era iniciado na Rua Estância, descia pela Rua Gararu até a Avenida Edézio Vieira de Melo. Os trios faziam o retorno na altura da Rua Leonel Curvelo, voltavam pela Edézio Vieira, entravam na Avenida Hermes Fontes (sentido centro da cidade) e realizavam a dispersão dos foliões na Praça da Bandeira. Neste novo formato, o desfile dos trios ao longo dos 4,5 Km de extensão e que terá início às 14h, começa na Avenida Pedro Calazans, segue pela Avenida Hermes Fontes, acessa a Avenida Edézio Vieira de Melo, fará o retorno para o sentido contrário da Edézio Vieira também na altura da Rua Leonel Curvelo, adentrará na Avenida Hermes Fontes e seguirá para a dispersão, na Praça da Bandeira.

“As pessoas precisam entender e terem a certeza de que todas as modificações realizadas na festa tiveram como ponto principal a segurança de quem estará no carnaval conosco. As ruas Estância e Gararu são apertadas e o trio passava em alguns pontos com muita dificuldade, sem falar na fiação elétrica muito baixa e que exigia de nós um cuidado redobrado para evitar acidentes. Com a alteração do trajeto para as avenidas mais largas e bem estruturadas as pessoas perceberão que o desfile será ainda melhor!”, observa César Viana.

O desfile contará com três trios elétricos, e cada um deles possuirá um tema. O trio principal terá atrações que vão tocar de tudo um pouco; o segundo trio será destinado exclusivamente ao forró, homenagem ao principal expoente da nossa cultura; e o terceiro será para os amantes do samba. Em cada um deles e também nos palcos haverá sempre a apresentação de artistas com reconhecimento nacional e artistas locais.

Segurança dos foliões

Uma festa que espera a presença de mais de um milhão de pessoas ao longo de cinco dias tem que ter como principal preocupação oferecer boa e eficiente segurança. Este quesito era dividido em duas etapas principais: a relacionada à questão do trajeto dos trios elétricos, e a outra ao controle do acesso dos foliões. Nesta edição do carnaval, todas as ruas transversais à festa serão fechadas e terão pontos de entrada e saída, onde estarão profissionais de uma empresa de segurança privada fazendo a revista das pessoas com uso de detectores de metais.

Eles estarão auxiliados por policiais militares, homens da Guarda Municipal de Aracaju e fiscais da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb). Não será permitido ao folião entrar portando objetos que possam ser utilizados como armas, a exemplo de garrafas, material perfuro-cortantes, espetinhos de madeira ou bebidas, mesmo que em latinhas, se estas não forem do patrocinador oficial da festa.

Haverá o fechamento das ruas: Maruim, Estância, Permínio de Souza, Boquim, Ribeirópolis, Riachuelo, Frei Paulo, Edézio Vieira de Melo, o encontro da Edézio com a Avenida Hermes Fontes, a Edézio Vieira no limite com o Carro Quebrado, e as transversais à Edézio Vieira (nos dois sentidos) que são as ruas Riachão, Gararu, Porto da Folha e Leonel Curvelo.

Alimentos e bebidas

No ano de 2016 o Carnaval Rasgadinho contribuiu para a economia do Estado gerando 12 mil empregos, entre diretos e indiretos, e a meta é ultrapassar esse número. A festa movimenta toda a cadeia produtiva do Estado, a exemplo do setor hoteleiro, que chega a ter uma taxa de ocupação de 95% dos leitos dos hotéis e pousadas. Outra grande engrenagem que faz girar a economia são os vendedores de alimentos e bebidas. Este ano, os interessados em vender seus produtos no ‘Festival Brasileiro de Ritmos – Rasgadinho’ deverá se cadastrar e participar do sorteio das vagas.

Todo o processo, desde a inscrição até a contemplação ocorrerá através de sistema on line. Poucas serão as vezes que haverá a necessidade da presença física do interessado no processo, a não ser na hora da entrega e comprovação de documentos, ou recebimento do material de trabalho, pois, ao contrário dos anos anteriores, todos estarão devidamente identificados e o material de trabalho (caixa de isopor, carrinhos ou barracas) sinalizado. As datas para o início deste processo serão informadas posteriormente.

Outra novidade da festa é que, por ser patrocinada pela iniciativa privada, os promotores de venda que comercializarão bebidas e alimentos, e qualquer tipo de ação promocional só poderão trabalhar com as marcas oficiais do evento, que serão divulgadas no dia da feijoada, 27 de janeiro. “Este é o modelo realizado em outros locais que executam grandes festas públicas, como Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Fortaleza, e é perfeitamente compreensível. Se uma marca está investindo em um evento de grande porte, como o nosso, para desonerar os poderes públicos, claro que ela quer ter o retorno, e a nossa contrapartida é oferecer a exclusividade das vendas. Só assim poderemos fechar a conta, ou seja, oferecer um carnaval de qualidade com segurança e excelente programação! ”, observou Sandro Sanje.

As atrações

O Rasgadinho começa quase 15 dias antes do carnaval com a realização da tradicional feijoada, que este ano acontecerá no dia 27 de janeiro, a partir do meio dia, no Espaço Emes. A saída deste evento do Iate Clube de Aracaju teve como objetivo principal acomodar melhor o público, cujo número vem crescendo consideravelmente ano após ano, pois a festa já está consolidada na programação pré-carnaval do Estado.

As atrações da feijoada serão a banda Axé 90 graus, composta pelos cantores Tatau (ex-Araketu), Ninha (ex-Timbalada) e Reinaldo (ex-Terra Samba); a banda Melanina Carioca, composta por um casting de atores reconhecidos no país; a cantora Margareth Menezes; e as bandas sergipanas Cajurioca e Samba do Arnesto, além do DJ JC.

A grade completa das atrações do carnaval também será lançada no dia 27/01/2018, mas algumas atrações já estão confirmadas, dentre elas: Diogo Nogueira, Jota Quest, Paralamas do Sucesso, Cidade Negra, Monobloco, Spok Frevo, Fernanda Abreu, Sargento Pimenta, Leoni, Melanina Carioca, Baby do Brasil com a participação de Pepeu Gomes, Nação Zumbi, Xande de Pilares, Silvério Pessoa e Patusco.

O papel de cada um

O ‘Festival Brasileiro de Ritmos – Rasgadinho 2018’, é financiado pela iniciativa privada, mas os governos Federal, Estadual e Municipal estão juntos nesta causa. O governo Federal participa com o apoio que será dado pelos Ministérios do Turismo e da Cultura, além de algumas emendas parlamentares oriundas de deputados da bancada sergipana no Congresso Nacional.

Já a prefeitura de Aracaju é apoiadora do evento e fornecerá apoio institucional através das secretarias e órgãos municipais, a exemplo da Emsurb e da Secretaria Municipal da Saúde no processo de fiscalização do que estará sendo comercializado na área da festa; e da SMTT para garantir a organização e fluidez do trânsito da cidade durante o reinado de Momo, a exemplo da alteração do tráfego na Avenida Hermes Fontes, que estará fechada no encontro com a Edézio Vieira de Melo, alteração que não causará impacto negativo no trânsito da região, como apontou o estudo de viabilidade encomendado pela ACRA e entregue à SMTT.

O governo do Estado é co-realizador do evento e entrará com toda a logística necessária para garantir a segurança e o bem-estar dos participantes, através, por exemplo, da presença da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192). A secretaria de Estado do Turismo está empenhada em promover o evento em todo o país, e a secretaria de Estado da Cultura colaborando com a organização e formatação do quadro artístico-cultural para o Festival.

Quando tudo iniciou

O Rasgadinho começou em 1962, fruto da brincadeira de um grupo de amigos, que tinha dentre os líderes Leopoldo Santos. Eles se reuniam vestidos em trajes rasgados – dando origem ao nome do então bloco – e com charangas, batuques, marchinhas, muito confete e serpentina faziam a alegria das comunidades dos bairros Suíssa, Cirurgia e Getúlio Vargas, trajeto que era percorrido até chegarem ao centro comercial da cidade, onde se juntavam a outras manifestações de grupos da época. Mas essa animação ficou esquecida por alguns anos, até que em 2003, o então líder comunitário Robson Viana decidiu resgatar a tradição, e ano após ano, fez com que o Rasgadinho ganhasse corpo, fôlego e robustez, passando a ser uma das maiores festas populares de rua do Brasil e referência no Nordeste do país.

Compromissado com as raízes que o fizeram florescer, o Rasgadinho tem em sua essência a responsabilidade em evidenciar as riquezas culturais dos sergipanos, e a prova disso é que o homenageado desta 15ª edição do renascimento do carnaval de rua aracajuano é o pintor e caricaturista sergipano José Inácio Alves de Oliveira, ou simplesmente J. Inácio, falecido em agosto de 2007. Ele e as manifestações culturais existentes no Estado foram as inspirações para toda a cenografia do ‘Festival Brasileiro de Ritmos – Rasgadinho 2018’. As obras de J. Inácio e a beleza dos Lambe-sujos, dos Caboclinhos, da Taieira, da Chegança e das Quadrilhas Juninas, dentre outras manifestações folclóricas, estarão por toda a parte do evento, a exemplo dos totens, engenhos, pórticos e fachadas.

“O Rasgadinho não é somente uma festa, mas a valorização cultural da nossa gente, além de ser socialmente responsável. Ele é apenas um dos produtos da ACRA, e em 2018 teremos muito mais novidades para a população, sempre com o olhar voltado para esses vieses, porque queremos fazer de Aracaju referência no cenário cultural do país”, declarou o presente da Associação, César Viana.

Da assessoria de imprensa.