Orsse fará homenagem à N. Sra. da Conceição

Os devotos da padroeira da capital sergipana, Nossa Senhora da Conceição, poderão no próximo dia 6 de dezembro, quinta-feira, às 20h30, contemplar uma obra concebida em homenagem à Santa no palco do Teatro Atheneu. Os músicos da Orquestra Sinfônica de Sergipe (Orsse), acompanhados do Coro do Conservatório de Música de Sergipe e convidados, apresentarão ao público as “Matinas da Conceição”.

Sob a batuta do maestro titular da Orsse, Guilherme Mannis, com a regência do Coro do Conservatório por Joel Magalhães e os solistas Nalini Menezes, soprano, e Jackson Trindade, tenor. Os ingressos, ofertados a preços populares, já podem ser adquiridos na bilheteria do Atheneu.

De acordo com o maestro Mannis, não se trata de um programa a ser apreciado apenas por quem é católico. “Àqueles que rezam a cartilha da boa música também estão convidados”, pontua. Segundo Mannis, serão levadas à plateia composições que evidenciam a reverência a Imaculada Conceição, escritas pelo carioca José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) e que datam do fim do século XIX. Mas não fica por aí. Os profissionais da Orsse também executarão de Mozart, a conhecida abertura da ópera “As bodas de Figaro” e de Schubert, a Abertura Rosamunde.

Sobre o compositor

Reviver o compositor José Maurício Nunes Garcia tem sido uma constante na programação da Orsse. Considerado o maior compositor brasileiro do início do século 19, José Maurício ultrapassou as barreiras raciais e impressionou a todos os europeus com quem conviveu. A Orsse, por sua vez, já comemorou, no ano passado, em parceria com o projeto Musica Brasilis, os 250 anos de nascimento do compositor, interpretando diversas de suas obras sacras e profanas, tais como a Missa de Santa Cecília, Gradual Dies Sanctificatus, Tota Pulchra es Maria, Ulissea, Triunfo da América, além de diversas aberturas concertantes. Mulato, descendente de escravos, José Maurício nasceu pobre, mas recebeu uma educação sólida tanto em música como em letras e humanidades. Optou pela carreira na Igreja por devoção, mas provavelmente também por praticidade, sendo um meio de garantir um futuro decente, especialmente para pessoas de sua condição social. Suas elevadas qualificações artísticas e intelectuais se revelaram cedo e, de certo modo, fizeram a sociedade escravocrata de sua época atenuar as fortes restrições de acesso a posições de prestígio que colocava contra os negros e pardos como ele, mas não o livraram completamente dos infortúnios gerados pelo preconceito. Considerado o mais importante compositor brasileiro do fim do século XVIII e início do XIX, destaca-se pela vasta obra de grande qualidade. Com a chegada da corte portuguesa em 1808, surpreende D. João com seu talento, a ponto de ter sido nomeado Mestre da Real Capela.