Mirante da 13 de Julho será palco para exposição com tema afro

Funcaju

 

O que para muitos olhares representa lixo, nas mãos do artista Jeronymo Freitas se transforma em luxo, em peças exclusivas como esculturas, telas e objetos. Filho de um ceramista, pioneiro em Sergipe, o artista, que já expôs seus trabalhos em museus da Austrália, Estados Unidos e outros países, estará mais uma vez mostrando os seus trabalhos em Aracaju, a convite da  Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju). A exposição, em conjunto com a pesquisadora Janaína Couvo, acontecerá no Mirante da 13 de Julho, unidade da Funcaju, no período de 16 a 29 deste mês. As expectativas são muitas diante do potencial dos artistas.

 

Aos 50 anos, Jeronymo já produziu mais de 15 mil peças. Atualmente, ele busca a inspiração na sua casa, onde a transformou em ateliê, mas, o princípio de tudo despontou aos 9 anos, afinal, pai ceramista, ele já nasceu “comendo barro”.

 

Começou a produzir peças em cerâmica e a comercializá-las em Salvador. Estudouem bons colégios, bem como os 10 irmãos, pois seu pai se tornou um grande profissional na arte, inclusive, na produção do primeiro calçadão de Aracaju.

 

Aos 26 anos, após o falecimento do seu pai, Jeronymo amargou uma nova situação que, posteriormente, lhe serviria de lição de vida. A sua mãe o colocou para fora do ambiente domiciliar, insistindo que “o homem só se torna homem quando adquire responsabilidade”. Sem saída e, tampouco, não desejando pedir ajuda a família, decidiu morar nas ruas.

 

O artista lembra que a atitude adotada pela sua mãe, o fez crescer como homem e ser humano. Jeronymo observou que nas ruas estava a sua fonte de inspiração porque havia muita matéria-prima para ser trabalhada. Iniciou-se uma nova fase na vida do artista e iniciou a produzir peças com materiais reciclados. Alguns afirmavam que era “doidice”, outros que estava perdendo tempo, mas a convicção o fez ter em mente que não somente iria ganhar dinheiro, mas construiria o seu nome.

 

Por meio de Antônio da Cruz, foi realizada a primeira exposição voltada para os orixás. Foram 26 trabalhos em cerâmica plástica, madeira, ferro e pintura metálica.

 

O artista viu o seu trabalho crescer e ser reconhecido. Jeronymo expôs trabalhos em museus de Zurique (Suiça), Austrália, Estados Unidos, Japão, e Estados como São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, entre outros. Em janeiro do próximo ano, será a vez de expor em Barcelona (Espanha).

 

Exposição

 

Em Aracaju, Jeronymo Freitas estará expondo 15 peças no Mirante da 13 de Julho. O público poderá apreciar os seus trabalhos ao lado da fotógrafa e pesquisadora Janaína Couvo, que trará através de 17 imagens registros de dezenas de manifestações do axé na capital sergipana. A pesquisadora explica que a ideia é evidenciar a importância da cultura negra e seus costumes e hábitos praticados por grande parte da população.

 

As peças são os orixás, trabalhados em telas, madeira, cerâmica, ferro e pintura metálica. A expectativa do artista são as melhores possíveis, diante da experiência de exposições anteriores. Vale a pena conferir e prestigiar o trabalho de um artista sergipano, reconhecido e valorizado em outros países, bem como a pesquisa de cerca de 20 anos que inclui desde a alimentação, vestes, até os hábitos e as crenças.