Há 195 anos, o Brasil cortava para sempre o cordão umbilical com Portugal para ser, de fato, um jovem independente

No dia 7 de setembro de 1822, há exatos 195 anos, o Brasil cortava para sempre o cordão umbilical com sua pátria mãe, Portugal, para ser, de fato e de direito, um jovem independente, mas infestado por correntes políticas e conservadoras, embevecidas com a burrice da síndrome de sub-realeza.

Esse dia histórico e representativo, que fez o Brasil decretar feriado e vestir-se de verde e amarelo em sucessivos desfiles país afora, ficou eternizado na célebre e exagerada pintura “Grito do Ipiranga”, do artista Pedro Américo, em 1888.

Como já é notório e sabido, o príncipe regente naquela época, Dom Pedro I, futuro Imperador do Brasil e Rei de Portugal, proclamou a independência no dia 7 de setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, com dor de barriga e montado numa mula ou cavalo baio. Nada de roupas de gala e cavalos robustos como pintou Pedro Américo. A simplicidade daquele ato fulgura numa das mais lindas páginas da história do Brasil, um divisor de águas, como explica o professor de história e historiador do município de Itabaiana, Wanderlei Menezes.

Muitas tentativas anteriores ocorreram e muitas pessoas morreram na luta por este ideal. Podemos citar o caso mais conhecido: Tiradentes. Foi executado pela coroa portuguesa por defender a liberdade de nosso país, durante o processo da Inconfidência Mineira.

 

 

Em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I recebeu uma carta das cortes de Lisboa, exigindo seu retorno para Portugal. Há tempos os portugueses insistiam nesta ideia, pois pretendiam recolonizar o Brasil e a presença de D. Pedro impedia este ideal. Porém, D. Pedro respondeu negativamente aos chamados de Portugal e proclamou: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico.”

 

 

Após o Dia do Fico, D. Pedro tomou uma série de medidas que desagradaram a metrópole, pois preparavam caminho para a independência do Brasil. D. Pedro convocou uma Assembleia Constituinte, organizou a Marinha de Guerra, obrigou as tropas de Portugal a voltarem para o reino. Determinou também que nenhuma lei de Portugal seria colocada em vigor sem o “cumpra-se”, ou seja, sem a sua aprovação. Além disso, o futuro imperador do Brasil, conclamava o povo a lutar pela independência.

 

O príncipe fez uma rápida viagem à Minas Gerais e a São Paulo para acalmar setores da sociedade que estavam preocupados com os últimos acontecimento, pois acreditavam que tudo isto poderia ocasionar uma desestabilização social. Durante a viagem, D. Pedro recebeu uma nova carta de Portugal que anulava a Assembleia Constituinte e exigia a volta imediata dele para a metrópole.

 

Estas notícias chegaram as mãos de D. Pedro quando este estava em viagem de Santos para São Paulo. Próximo ao riacho do Ipiranga, levantou a espada e gritou: “Independência ou Morte !”. Este fato ocorreu no dia 7 de setembro de 1822 e marcou a Independência do Brasil. No mês de dezembro de 1822, D. Pedro foi declarado imperador do Brasil.

Cenário Político em Sergipe

Dois anos antes da independência brasileira, em 1820, o rei D. João VI assinara um decreto régio isolando Sergipe da Bahia e bastante significativo para se compreender o processo de independência nacional. Conforme Wanderlei, o que atualmente denominamos Sergipe era, na realidade, uma capitania subalterna, sob a denominação de Sergipe D’el Rei.

“Os laços de dependência com a Bahia eram bastante acentuados, por ser Salvador, até 1763, a capital administrativa do Brasil. Nas primeiras décadas do século XIX, a capitania de Sergipe não tinha autonomia administrativa, ou seja, era um território anexo da Bahia. Os capitães-mores (governadores) eram indicados pelo capitão-general e governador da Bahia com a aprovação régia. Quando D. João VI promulgou o referido decreto acabando com a subordinação de Sergipe em relação à Bahia e nomeou a Carlos Cesar Bulamarqui para ser governador de Sergipe, os baianos não aceitaram de bom grado a nova situação de Sergipe. Não era apenas uma questão política, mas, sobretudo, econômica. Sergipe tinha uma produção açucareira e de farinha destacada. Segundo a professora Maria Thétis Nunes, o processo de independência do Brasil e o de Sergipe foram concomitantes, pois, em 1821, a Bahia, sob o comando do português Madeira de Melo, não respeitou a ordem régia e ordenou a prisão do governador nomeado pelo rei. Era o Brasil buscando se tornar independente de Portugal e Sergipe tentando se livrar do jugo baiano, importante reduto de portugueses que resistiram à decisão de D. Pedro I de tornar o Brasil independente de Portugal. Apenas em 1823, ou seja, um ano após o Grito do Ipiranga, as forças baianas foram derrotadas pelos exércitos que apoiavam a causa da independência (compostos por mercenários e populares) e Sergipe conseguiu sua independência política, tornando-se uma província do império fundado por D. Pedro I”, explica o professor de história e historiador do município de Itabaiana, Wanderlei Menezes.