Grupo Imbuaça comemora 40 anos de existência

 

No próximo dia 28 de agosto o Grupo Imbuaça irá celebrar 40 anos de existência. Esse fato é raro na história do teatro brasileiro: um grupo permanecer atuante ao longo de tantos anos é muito difícil, devido as adversidades enfrentadas para manutenção das suas ações, principalmente quando se trata de um trabalho de teatro de rua, cuja pesquisa de linguagem é fundamentada nas manifestações populares.

O nome é uma homenagem ao embolador Mané Imbuaça, que residia na rua Santa Luzia, com a rua Campos. Ele frequentava a sede do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), localizada próxima a sua residência, onde também acontecia os ensaios do grupo. Com o seu falecimento, em fevereiro de 1978, os integrantes que já vinham pesquisando a cultura popular, resolveram homenagear um artista que conheceram durante os ensaios no DCE, cujo perfil estava relacionado as perspectivas de trabalho dos atores.

Ao longo desse tempo o Imbuaça montou trinta espetáculos, participou de quase todos os festivais de teatro do país, circulou por todas as regiões brasileiras e representou o Brasil em festivais nos países, Portugal, Equador, Cuba e México. É um dos grupos mais antigos em atividade continua no teatro de rua do país e tornou-se conhecido pelo seu trabalho inspirado nas danças dramáticas de Sergipe e na Literatura de Cordel, que é a base para construção da dramaturgia em grande parte de seus espetáculos.

O primeiro espetáculo “Teatro chamado Cordel”, cuja estreia ocorreu na Praça Nossa Senhora de Lourdes, no bairro Siqueira Campos, em 1978, foi composto pelos textos “O marido que passou o cadeado na boca da mulher”, folheto de Cuíca de Santo Amaro, adaptado por João Augusto; e “O matuto com o balaio de maxixi”, folheto de José Pacheco, adaptado por Antônio do Amaral. A direção foi de José Amaral e os figurinos de Francisco Carlos. O elenco composto dos atores: Antônio do Amaral, Cicero Alberto, Francisco Carlos, José Amaral, Lindolfo Amaral, Maria da Dores, Maurelina, Pierre Feitosa e Virgínia Lúcia.

Desde o início que o Imbuaça se preocupa em ocupar espaços públicos abertos, propiciando o acesso do público de forma democrática e direta, numa relação horizontal.

Para celebrar essa data tão importante o Imbuaça elaborou uma vasta programação. Nos dias 24 e 25 de agosto, às 16 horas na Praça Fausto Cardoso, o grupo vai apresentar os espetáculos, “A farsa dos opostos”e “A peleja de Leandro na trilha do Cordel”, respectivamente. No dia 28 de agosto, às 20 horas, no teatro Tobias Barreto haverá à apresentação do espetáculo “Jeová”. Todos os espetáculos serão abertos ao público gratuitamente.

O grupo nunca teve patrocinador para manter as suas atividades cotidianas. Até 2015 vinha conquistando editais públicos para montagem e circulação de espetáculos. Com a mudança na esfera federal, as políticas públicas para a área da cultura foram drasticamente afetadas, e os editais deixaram de existir.

É lamentável que o poder público não reconheça a importância de um grupo cujo trabalho só tem contribuído com engrandecimento e com a imagem de Sergipe. Por outro lado o Imbuaça passou a ser um centro de formação de atores, realizando cursos e oficinas anualmente, em sua sede localizada na Rua Muribeca, 4 – bairro Santo Antonio. Centenas de jovens estudantes, professores e pesquisadores já estiveram por lá, desfrutando das atividades gratuitamente. Num entanto, não conta com nenhum apoio para essas ações que são importantes para a comunidade, pois quanto mais arte, menos violência na sociedade.

O grupo é formado pelos atores Carlos Wilker, Iradilson Bispo, Jonathan Rodrigues, Lidhiane Lima, Lindolfo Amaral, Manoel Cerqueira, Priscila Caprice, Rosi Moura, Sandy Soares e Talita Carlixto. Na cenotécnica Rogers Nascimento e na operação do som Cristiano Andrade (Negão).