CD inédito de Clemilda será lançado dia 15 de junho

No ano de 2010, a cantora nordestina Clemilda entrou pela última vez em um estúdio de gravação. A Rainha do Forró preparou 14 faixas especiais, até hoje inéditas para o grande público. Oito anos após, e quatro de seu falecimento, que se deu em 2014, a Fundação Aperipê e o Instituto Banese lançam o CD “Clemilda para sempre”. Esse último trabalho da cantora conta com a participação especial de dois gênios da sanfona, os músicos Mestrinho e Dominguinhos. No caso de Dominguinhos, também um de seus últimos registros. As informações são da Aperipê Tv.

O “Clemilda para sempre” é resultado do esforço especial de três apaixonados pela cultura nordestina: Givaldo Ricardo, atual diretor-presidente da Fundação Aperipê, Ezio Déda, diretor-presidente do Museu da Gente Sergipana e de Moisés Teles, que foi produtor da cantora por mais de 15 anos. Givaldo Ricardo faz questão de frisar que a história de Clemilda se confunde com a história da própria Aperipê e que ela, “além de grande cantora, foi também apresentadora do programa Forró no Asfalto, que marcou a memória afetiva dos sergipanos, revelou novos artistas, fortaleceu e valorizou a cultura nordestina. A trajetória de Clemilda teve como principal pilar a TV e as rádios AM e FM Aperipê. Esse é um dos porquês que nós, juntamente com o Instituto Banese, abraçamos o presente projeto”, afirma Givaldo.

O diretor-presidente da Aperipê, assim que tomou conhecimento da existência de material inédito de Clemilda, abraçou o projeto e saiu pessoalmente em busca de parceria para a viabilização do CD. Encontrou no Instituto Banese o parceiro ideal, uma vez que a Instituição já detinha uma forte identificação com o trabalho da artista, como deixa claro o seu presidente Ezio Deda, que faz questão de lembrar que em 2014 o Museu da Gente Sergipana realizou exposição especial em homenagem à cantora, inclusive com o lançamento de um catálogo de coletânea com os maiores sucessos da artista, quando ela ainda estava viva. Ezio conta que ao ser informado por Givaldo de que a Aperipê teve acesso a músicas inéditas da cantora e da intenção da Fundação em viabilizar a realização do CD, “prontamente nos juntamos para mais essa justa homenagem, agora póstuma, à Rainha do Forró”, afirma Ezio.

O lançamento do “Clemilda para sempre” vai acontecer no dia 15 de Junho, no Museu da Gente Sergipana, a partir das 18h, com muito xote, xaxado e baião – bem ao estilo da cantora. Um cenário de feira popular será montado para receber músicos sergipanos, numa noite de resgate dessa que é um dos maiores ícones da músicas brasileira.

Um esperado lançamento

Segundo Moisés Teles, que foi produtor da cantora, Clemilda sempre perguntava a respeito da gravação feita em 2010, “mas não deu tempo para ela”, lamenta Moisés. “Ela foi fundamental para o música nordestina e certamente estaria muito feliz em ver esse CD”, afirma. Moisés, diga-se de passagem, diverte-se ao contar alguns dos vários “causos” promovidos por ela e que dizem muito da personalidade de uma artista que foi capaz de enfrentar, como mulher, cantora e nordestina, preconceitos e desafios e construir uma carreira de respeito e sucesso.

Para a família da cantora, esse é um momento especial. Queríamos muito trazer esse trabalho para o público, mas não tivemos condições. Estamos muito felizes com o lançamento desse trabalho. Somos gratos à Aperipê, essa que era a segunda casa de Clemilda, era a família que ela beijava, abraçava e amava”, afirma Telma Maria Dantas Neandro, nora da cantora, compartilhado pelo marido, Robertinho. A cada trabalho, a cada participação que fazia nos programas nacionais, a cada edição de seu Forró no Asfalto a artista Clemilda forjava uma das mais importantes trajetória artística de uma cantora “que jamais pode ser esquecida”, como bem afirma Givaldo Ricardo.

O duplo sentido de Clemilda

Alagoana de São José da Laje, Clemilda Ferreira da Silva nasceu em 1936 e faleceu em 26 de novembro de 2014, em Aracaju, capital de Sergipe, cidade onde morou a maior parte de sua vida. Uma das mais emblemáticas e importantes cantoras nordestinas, a Sapequinha de Saia, como também era conhecida por conta de sua personalidade forte para a época, desafiou padrões comportamentais, enfrentou preconceitos e dificuldades, e fez história na música brasileira, sobretudo a partir de 1985 com “Prenda o Tadeu”. Suas canções exploravam especialmente o duplo sentido, recurso musical que, no Brasil, transita pelo forró, samba, rock e pelo funk.

A Rainha do Forró participou de inúmeros programas de rádio e TV, como o Clube do Bolinha, na Bandeirantes, e o Cassino do Chacrinha, na rede Globo; ganhou dois discos de ouro (1985 e 1987), correu o Brasil e foi casada com um dos maiores forrozeiros do país, o também alagoano Gerson Filho, com quem teve dois filhos. Por mais de 35 anos, Clemilda apresentou o programa de rádio e TV, Forró no Assalto, na Aperipê, que além dos inúmeros registro que guarda da cantora, faz esse importante resgate do último trabalho dela.