Bululú: estórias da invenção do mundo diverte público no Teatro João Costa
“Simplesmente maravilhoso”. A frase do espectador Ivan Shermand define o que ocorreu durante os dois últimos dias no tablado do Teatro João Costa. O espetáculo Bululú: estórias da invenção do mundo faz parte do cronograma de apresentações da trupe portuguesa na capital sergipana. Promovido pela Prefeitura Municipal de Aracaju, por meio da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju) em parceria com Fafe Cidade das Artes, em Portugal, o espetáculo realizado dias 09 e 10 arrancou não somente gargalhadas do público, mas os fez avaliar a condição do artista por outro ângulo.
A sátira comandada pelos personagens Bartolomeus e Amadeus, narra a história dos dois atores, que há 400 anos encenam a mesma trama. De forma bem despojada, passado e presente se unem a fim de evidenciar ao espectador a história do teatro e o papel do próprio público perante a apresentações diversas.
Moncho Rodriguez, diretor da peça, explica que o espetáculo revelador e insólito, nos leva aos princípios do teatro ibérico, tempos em que os comediantes "de la légua" , como eram chamados, andavam de feira em feira, de teatro em teatro, com suas sátiras, patifarias, burlas e críticas, também com as suas lendas e poesias, divertindo e encantando a todos. “Bululú é uma comédia hilariante que ao mesmo tempo que diverte, serve como instrumento de crítica às falsas relações entre a arte e a sociedade. Aqui o público não exerce somente o papel de ouvinte, ele em muitas cenas está presente no palco através da representação dos atores”, falou.
“Trazer o público para dentro da peça, mesmo sendo encenado pelos atores, foi uma das coisas que mais me chamou atenção. Estamos tão acostumados a sentar no teatro apenas para assistir uma peça, mesmo sem entender, que ao ser questionado sobre o meu papel de espectador fez com que eu me visse de outras formas. Achei fantástico”, completou o paranaense que está em Aracaju a passeio.
Indagações, risos, alegrias, choro, dores e a fome são alguns dos muitos questionamentos que a peça traz a tona. “É um mergulho profundo nas origens e um olhar atento a situação do contemporâneo para revelar que mesmo depois de 400 anos, aqui ainda estão os atores e o teatro dizendo as mesmas palavras, com as mesmas críticas, com a mesma alegria, a mesma raiva, o mesmo sonho”, disse Moncho.
Turnê
Líder de público e critica Bululú: Estórias da Invenção do Mundo foi criado em coprodução com o grupo baiano Toca de Teatro e Fafe Cidade das Artes. Lançada em Salvador, a peça ficou em cartaz nos principais teatros da cidade, sendo Aracaju a segunda cidade brasileira a receber a peça. João Guisande, um dos atores, explica que estar no nordeste, em especial em Aracaju, é um privilegio para todo o grupo. “O Toca de Teatro está prestes há completar 10 anos, e o melhor presente sem duvida e chegar aqui e ter a casa cheia. Eu simplesmente amei e agradeço a todos que dispuseram de um tempo para prestigiar nossas histórias”, finalizou.
Os espetáculos portugueses finalizam sua temporada de apresentações amanhã, 12, com a peça O Pássaro de Papel, que será encenada às 9h e logo mais às 19h, a segunda apresentação de Laudamuco: o Senhor de Nenhures. Todas as peças têm entrada gratuita.